Por Elisangela Cavalheiro Em Igreja

Irmãs Franciscanas de São José preparam jubileu de 150 anos de fundação

Gratidão é a palavra que pretende marcar a celebração dos 150 anos de fundação da Congregação das Irmãs Franciscanas de São José, em 2017. De origem alemã, fundada por Madre Alphonsa Kuborn, a ordem religiosa vive desde 2014 um triênio celebrativo em vista desta data especial.

“A Congregação está a Caminho do Jubileu e quer chegar a 2017, revigorada. Queremos expressar nossa Gratidão a Deus que nos conduziu nestes 150 anos pelas Trilhas da Misericórdia”, disse irmã Inês Pereira do Governo Geral da Congregação, em entrevista ao A12.

Irmãs Franciscanas de São José

Atualmente, a Congregação está presente, além do país de origem, no Brasil, Honduras, Angola, Holanda e Itália.

Na entrevista, a religiosa destaca os pontos importantes desta celebração e apresenta a história e o ideal que guiou e permanece até o momento presente no coração das mais de 270 religiosas que aderiram ao ideal de misericórdia proposto por Madre Alphonsa.

A12 – Qual o carisma das Irmãs Franciscanas de São José?
Irmã Inês Pereira –
O que identifica a Congregação e o que as Irmãs são chamadas a viver como Irmãs Franciscanas de São José é a Misericórdia. O Carisma é bem expresso na frase: “Difundir no Universo o Deus da Misericórdia”.

Foto de: arquivo da congregação.

Madre Alphonsa Kuborn

Madre Alphonsa Kuborn
(1830 - 1897)

A12 – Como surgiu a congregação? Quem é sua fundadora e qual exemplo deixou para a congregação?
Irmã Inês Pereira – 
A Congregação nasceu como uma resposta a Deus que chama e interpela para uma missão. Foi fundada em 28 de outubro de 1867 em Schweich, Alemanha, lugar onde cinco moças se dedicavam ao cuidado dos doentes, crianças e outros necessitados. Estas mulheres buscavam algo a mais. Queriam se consagrar ao serviço de Deus, dos irmãos e irmãs, como Religiosas. Buscavam alguém que as orientasse neste propósito. Por indicação de Padre Mathias Kuborn, seu irmão, Irmã Alphonsa, então religiosa da Congregação das Irmãs Elizabetinas, em Luxemburgo, foi convidada a assumir a orientação espiritual e formação das cinco moças. Assim, com muita coragem, grande zelo e amor à Vida Consagrada, Irmã Alphonsa foi para Schweich, tendo que deixar sua Congregação de origem e começar uma nova obra, inicialmente conhecida como Irmãs da Misericórdia da Terceira Ordem de São Francisco de Assis, hoje, Irmãs Franciscanas de São José. 

Madre Fundadora e as primeiras Irmãs dedicavam-se especialmente ao cuidado dos doentes, dos abandonados, dos feridos de guerra, das crianças e dos mais necessitados. A Misericórdia pulsava no coração e no agir de nossa fundadora. Esse foi o legado, a herança e o exemplo que Madre Alphonsa, nossa fundadora nos deixou, acolher e servir a todos em espírito de Misericórdia. Ela mesma assim nos diz em seus Estatutos: “As Irmãs considerem e amem as pessoas sob seus cuidados como membros necessitados e represantes do Senhor Crucificado e se alegrem em poder assim, servir seu Divino Senhor e Esposo”. Ainda dizia: “O amor que é forte como a morte, torna mais leve toda fadiga, torna doces os serviços mais amargos e torna capaz ao sacrifício gratuito de si. A Misericórdia alegre, mansa, paciente e humilde e faz com que sempre se vá ao encontro do necessitado com feição suave e alegre.

 

"Olhando para os 150 anos de história da Congregação, o cuidado por quem sofre foi uma característica que marcou a história".

A12 – Como está sendo a preparação para este jubileu?
Irmã Inês Pereira – 
Para todas nós Irmãs, Formandas, nossos Leigos Franciscanos, Benfeitores, Colaboradores e tantos que partilham deste grande ideal, está sendo um tempo especial de graça, tempo para ter um coração agradecido. Mas acima de tudo, este tempo de preparação nos está convocando a uma mudança de coração, a viver nossa Consagração e Missão na Igreja e no mundo, na e pela força do Carisma, a Misericórdia, “na Graça do Cuidado”.

O jubileu está sendo preparado com um Triênio Jubilar. Para cada ano, dar-se-á destaque a um aspecto fundamental de nossa identidade. Para 2015, temos como enfoque a Vocação. Por graça de Deus, o tema vai na mesma direção da convocação do Papa Francisco que declarou este ano como o ano da Vida Consagrada. Em 2016 vamos nos debruçar sobre a Misericórdia, este grande clamor num mundo sem compaixão. E em 2017, ano do jubileu, o foco será a dimensão missionária do Carisma. As temáticas serão perpassadas pelo tema do jubileu: A Graça do Cuidado e pelo lema: ‘Memória agradecida, mãos estendidas, pés ligeiros’.

A12 – O que a congregação quer manifestar com o tema: ‘A graça do cuidado’ e o lema: ‘Memória agradecida, mãos estendidas, pés ligeiros’?
Irmã Inês Pereira – 
A Misericórdia, ou seja, a compaixão por quem sofre, exige uma permanente atitude de cuidado. Olhando o texto do Bom Samaritano (Lc 10,29-37), percebe-se que, para socorrer o caído a beira do caminho, diversos gestos de cuidado foram necessários. Olhando para os 150 anos de história da Congregação, o cuidado por quem sofre foi uma característica que marcou a história. Queremos resgatar esta “graça do cuidado”, em “memória agradecida”, pois o cuidado é uma grande graça, que se opõe à “desgraça da falta de cuidado”. O cuidado num mundo sem compaixão é uma urgência: daí a necessidade de “mãos estendidas e pés ligeiros”.

 

"Podemos considerar o Ano da Vida Consagrada, neste período de preparação para o nosso Jubileu, como uma grande oportunidade para reconhecer sempre mais e viver nossa Vida Consagrada como Dom, o mais precioso que recebemos do Senhor". 

A12 – A coincidência da preparação jubilar com o Ano da Vida Consagrada traz um significado especial para a celebração?
Irmã Inês Pereira – 
Sim, não só traz um significado especial para todas nós Irmãs, como nos vem confirmar a grandeza deste acontecimento em nossa vida. Podemos considerar o Ano da Vida Consagrada, neste período de preparação para o nosso Jubileu, como uma grande oportunidade para reconhecer sempre mais e viver nossa Vida Consagrada como Dom, o mais precioso que recebemos do Senhor. Viver a Alegria de nossa Consagração, sendo testemunhas do Evangelho da Misericórdia num mundo sem compaixão.

A12 – Qual ou quais exigências os religiosos devem ultrapassar na atualidade para viver a sua consagração? 
Irmã Inês Pereira – 
Para vivermos nossa Consagração Religiosa com doação, alegria, com fidelidade e dar testemunho do Evangelho, são muitas as exigências a que somos chamados/as a ultrapassar como: renunciar as propostas do mundo, da provisoriedade, do descartável, do poder sobre si e sobre os outros, da autorreferencialidade, sendo capaz de tudo deixar para viver a pobreza, a castidade e a obediência por causa do Reino; abandonar toda forma de comodismo, de uma vida centrada em si, para crescer na liberdade de coração e generosidade para o serviço gratuito e misericordioso aos irmãos e irmãs; sair de si mesma/o. Lutar contra as incoerências da vida, a superficialidade espiritual para viver autenticamente o Amor a Cristo e ao seu Reino; superar o desânimo, a tristeza, individualismo, o medo do novo, num constante processo de conversão do coração para viver em profundidade a Vida Consagrada sendo sinal do Amor de Deus no mundo. 

“A Vida Consagrada vive um tempo de passagens exigentes”. Cremos que o Papa Francisco está sendo porta-voz das atuais exigências para que a Vida Religiosa viva bem a sua consagração. Por isso, vale recordar o que nos ele nos diz: “acolher o hoje de Deus e as suas novidades, convida-nos às surpresas de Deus na fidelidade, sem medo nem resistências, para ser profetas que testemunhem como Jesus é vivido nesta terra, que anunciem como o Reino de Deus será na sua perfeição. Um religioso nunca deve renunciar à sua profecia” (Doc. 35 - Perscrutai p. 46).

Conheça a Congregação das Irmãs Franciscanas de São José.

2 Comentários

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Elisangela Cavalheiro, em Igreja

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...