Praça Navona, Roma. Um dos lugares mais visitados do mundo. Ali os brasileiros se sentem um pouco em casa, enquanto tomam um café expresso, ouvem uma música vinda da praça e avistam a bandeira verde-amarela tremulando na fachada da embaixada brasileira na Itália. Mas nem todo turista reserva um tempinho para visitar uma joia da praça Navona: a Basílica de Santa Inês da Agonia.
Voltemos a um pouco na história. Uma igrejinha dedicada a Santa Inês já fazia parte da composição da Praça Navona, antigo estádio construído pelo imperador Domiciano no século V. Segundo a tradição, foi ali que ocorreu o martírio de Inês e até hoje o crânio da virgem mártir está protegido pelas paredes dessa igreja [veja foto abaixo]. O restante das relíquias repousam em urna de prata em outra igreja, a Basílica de Santa Inês Fora dos Muros. Em 1123 o Papa Calixto elevou aquela igrejinha à Basílica. Como a parte de trás da igreja era voltada para o antigo “Campo da Agonia”, a construção acabou por incorporar essa descrição ao seu nome e até hoje a chamamos assim: Basílica de Santa Inês da Agonia.
Finalmente, no século XVII, uma nova construção foi feita pelo Papa Inocêncio X, cujas posses familiares estavam ao redor da antiga Basílica de Santa Inês. Nascia assim a atual e imponente igreja. Um detalhe que chama atenção: ainda que seja dedicada a Santa Inês, a Igreja reserva para a mártir um altar lateral, e não o altar central do templo. Sabe o porquê? Pois foi ali que a tradição marca o local exato da morte de Inês.
De Santa Inês sabemos mais da sua morte do que de sua vida. As atas de seu martírio são cheia de detalhes e a fizeram ser uma das mártires mais veneradas pelos primeiros cristãos e até hoje sustentam a espiritualidade do martírio na Igreja. Talvez seja sua tenra idade, somente doze anos quando de seu martírio, que fez de sua história algo tão narrado pelos primeiros cristãos. Por amor a Jesus Cristo, Inês foi exposta nua em praça pública (no lugar onde hoje está a praça Navona), queimada viva e decapitada. Seu nome, Inês, que significa pura, parece ter sido um modo de chamar aquela menina que morria por amor ao nome de Jesus. Ao que tudo indica, o martírio de Inês deve ter acontecido no século III sob o Imperador Diocleciano (alguns historiadores falam de Valeriano). De qualquer modo, Inês viveu e morreu nesse que foi um período chamado de “era dos mártires”, tamanha a brutalidade com que os imperadores perseguiram os cristãos.
A iconografia retrata Inês segurando um carneiro, símbolo da pureza e da virgindade com que ela ofereceu-se em sacrifício a Deus. Até hoje, no dia de Santa Inês, o Papa recebe os cordeiros dos quais será retirada a lã para a confecção dos pálios, símbolos doados aos que serão feitos arcebispos pelo santo padre.
Talvez seja bom, caso você visite Roma, incluir no seu roteiro uma passagem pela Igreja de Santa Inês. Ali, no silêncio, jorra ainda hoje uma fonte de amor e presença de Deus. Ao menos por alguns minutos poderemos sentir o quanto é bom ser puro diante do Senhor!
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