Por Redação A12 Em Igreja

Publicada mensagem para o Dia Mundial do Turismo

 

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O Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes divulgou nesta quinta-feira (02),a mensagem “Mil milhões de turistas, mil milhões de oportunidades”, por ocasião do Dia Mundial do Turismo 2015, a ser celebrado em 27 de setembro. A mensagem fala das oportunidades e desafios que o crescimento do turismo representa para a sociedade contemporânea. 

À luz da recente encíclica do papa Francisco, Laudato si’, o texto indica que o setor turístico, ao aproveitar as riquezas naturais e culturais, pode promover paradoxalmente sua conservação ou destruição. A mensagem também convida a uma “viagem existencial”.

Confira o texto na íntegra:

“Mil milhões de turistas, mil milhões de oportunidades”

Para o Dia Mundial do Turismo queremos concentrar-nos sobre as oportunidades e os desafios lançados por estas estatísticas e por isto faremos nosso o tema que a Organização Mundial do Turismo propõe: “Mil milhões de turistas, mil milhões de oportunidades”.

Este crescimento lança um desafio a todos os setores envolvidos neste fenômeno global: turistas, empresas, governos e comunidades locais. E, certamente, também à Igreja. O mil milhões de turistas deve necessariamente ser considerado sobretudo no seu mil milhões de oportunidades.

A presente mensagem torna-se pública há poucos dias da apresentação da encíclica Laudato si’ do Papa Francisco, sobre o cuidado da casa comum.1 É um texto que devemos ter em forte consideração porque oferece importantes linhas diretrizes a seguir na nossa atenção ao mundo do turismo.

Já se atenuou o conceito clássico de “turista”, ao passo que se reforçou o de “viageiro”, ou seja, daquele que não se limita a visitar um lugar, mas, de alguma forma, torna-se dele parte integrante. Nasceu o “cidadão do mundo”. Não mais ver, mas pertencer, não curiosar, mas viver, não mais analisar, mas aderir. Não sem o respeito do que ou de quem se encontra.

Na última encíclica, Papa Francisco convida-nos a nos aproximarmos da natureza com “a abertura para a admiração e o encanto”, falando “a língua da fraternidade e da beleza na nossa relação com o mundo” (Laudato si’, n. 11). Eis a justa abordagem a adotar em relação aos lugares e aos povos visitados. É esta a estrada para aproveitar mil milhões de oportunidades e fazê-las frutificar mais ainda.

Na viagem esconde-se também um desejo de autenticidade que se concretiza na forma imediata das relações, no deixar-se envolver pelas comunidades visitadas. Nasce a necessidade de afastar-se do mundo virtual, tão capaz de criar distâncias e conhecimentos impessoais, e de redescobrir a genuinidade do encontro com o outro. E a economia da compartilha tem a capacidade de tecer uma rede mediante a qual se incrementam humanidade e fraternidade capazes de gerar um intercâmbio equitativo de bens e de serviços.

Tarefa da Igreja é também a de educar a viver o tempo livre. O Santo Padre lembra-nos que “a espiritualidade cristã integra o valor do repouso e da festa. O ser humano tende a reduzir o descanso contemplativo ao âmbito do estéril e do inútil, esquecendo que deste modo se tira à obra realizada o mais importante: o seu significado. Na nossa atividade, somos chamados a incluir uma dimensão receptiva e gratuita, o que é diferente da simples inatividade” (Laudato si’, n. 237).

Não dever-se-ia, ainda, esquecer a convocação feita pelo Papa Francisco a celebrar o Ano Santo da Misericórdia.3 Devemos questionar-nos sobre como a pastoral do turismo e das peregrinações pode ser um âmbito para “experimentar o amor de Deus que consola, que perdoa e dá esperança” (Misericordiae vultus, n. 3). Sinal peculiar deste tempo jubilar será, sem dúvida, a peregrinação (cf. Misericordiae vultus, n. 14).

Fiel à sua missão e partindo da convicção de que “evangelizamos também quando procuramos enfrentar os diversos desafios que podem apresentar-se”,4 a Igreja coopera para fazer do turismo um meio para o desenvolvimento dos povos, especialmente dos mais desfavorecidos, encaminhando projetos simples, mas eficazes. A Igreja e as instituições devem, no entanto, ser sempre vigilantes a fim de evitar que mil milhões de oportunidades se tornem mil milhões de riscos, cooperando na salvaguarda da dignidade pessoal, dos direitos do trabalho, da identidade cultural, do respeito ao ambiente, etc.

Muitas vezes fingimos não ver o problema. “Este comportamento evasivo serve-nos para mantermos os nossos estilos de vida, de produção e consumo” (Laudato si’, n. 59). Agindo não como senhor, mas como “administrador responsável” (Laudato si’, n. 116), cada um tem as suas obrigações que se devem concretizar em ações precisas, que vão de uma legislação específica e coordenada até a simples gestos quotidianos,5 passando por programas educativos apropriados e projetos turísticos sustentáveis e respeitosos. Tudo tem a sua importância.6 Mas é necessário, e certamente mais importante, também uma mudança nos estilos de vida e nas atitudes. “A espiritualidade cristã propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco” (Laudato si’, n. 222).

Mil milhões de ocasiões para transformar a viagem em experiência existencial. Mil milhões de oportunidades para nos tornarmos artífices de um mundo melhor, conscientes da riqueza carregada na mala de cada viageiro. Mil milhões de turistas, mil milhões de oportunidades para nos tornarmos “os instrumentos de Deus Pai para que o nosso planeta seja o que Ele sonhou ao criá-lo e corresponda ao seu projeto de paz, beleza e plenitude” (Laudato si’, n. 53).

Cidade do Vaticano, 24 de junho de 2015.

Antonio Maria Card. Vegliò

Presidente

+ Joseph Kalathiparambil

Secretário

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