Igreja

3 ensinamentos do Apóstolo Mateus para o diálogo inter-religioso

Escrito por Redação A12

16 NOV 2021 - 09H09 (Atualizada em 16 NOV 2021 - 10H47)

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A Editora Santuário tem em seu catálogo um livro do teólogo Marcelo Barros que se chama “Conversa com o Evangelho de Mateus”.

A obra traz o texto do evangelista em forma de conversa, com uma reflexão sobre o diálogo inter-religioso, muito propício aos tempos conturbados em que vivemos. Da publicação, listamos três aspectos relevantes para você agregar ao seu dia a dia.

1. Anúncio do Reino

Reprodução/Editora Santuário
Reprodução/Editora Santuário

No século IV, São Jerônimo ensinava que, para compreender a Bíblia, é preciso ter "alma de Igreja", isto é, espírito de comunidade.

Com esse espírito, retomando a prática dos círculos bíblicos criados por Carlos Mesters e pelo CEBI nos anos 1970 e 1980, a proposta do livro "Conversa com o evangelho de Mateus" é ler o Evangelho a partir de um diálogo entre amigos.

Entram na conversa com o autor do livro, três jovens da Pastoral da Juventude, pessoas de comunidade de base e uma religiosa amiga do autor. Juntos, realizam uma conversa com a comunidade de Mateus que, pelos anos 1980 do primeiro século, conversou sobre como Jesus anunciou o reino de Deus no seu tempo.

:: Acesse aqui o evangelho de São Mateus


2. Compreensão ampla do diálogo entre as tradições religiosas

Na antiga tradição da Igreja, seguida hoje por muitos(as) estudiosos(as), o Evangelho de Mateus foi escrito para uma comunidade de cristãos vindos da tradição judaica e que ligavam a fé cristã a esse caminho espiritual.

No passado, muitos interpretaram que, por isso, o Evangelho tentava ajudar os cristãos a romper com o Judaísmo e, "sempre que podia", criticava a lei e a interpretação judaica da lei.

Nesse momento atual, em que até para compreender melhor a Bíblia deve-se aprofundar as raízes judaicas da fé, é importante ler o Evangelho de Mateus como um escrito de diálogo com o Judaísmo e as outras tradições religiosas.

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3. Intimidade com Deus

Para o autor do Livro, o diálogo é um ato divino e nos aproxima de Deus:

“Se nós acreditamos que Deus é amor, então compreendemos porque o Papa Paulo VI afirmou que Ele, Deus, é quem ensinou a humanidade a dialogar. O diálogo é um ato divino e nós nos aproximamos de Deus quando aprendemos a dialogar. O diálogo é entre pessoas (interpessoal), entre comunidades, entre povos, entre grupos políticos, entre culturas (intercultural), entre religiões (inter-religioso).

Mas, para que ele seja profundo, ele precisa ter como base um diálogo dentro da gente mesmo. Dentro de cada um. Um diálogo que o grande pensador Raimon Panikkar chama de 'diálogo intra-religioso'. Aí ele também se torna intra-eclesial (dentro da mesma Igreja) e em todos os níveis. Precisamos compreender o diálogo como caminho de aprofundarmos a intimidade com Deus. O diálogo como método de espiritualidade, disse o autor em entrevista ao A12, no ano de 2017.

Citando Dom Helder Câmara, Marcelo também conta que o bispo dizia sempre que as pessoas só dialogam quando aceitam que todo mundo tem sempre algo a aprender do outro e pode também contribuir com o outro. Por isso, acredita que é possível ter diálogo entre as religiões e aprender com a fé do outro.

O contexto do livro também revela que, durante muito tempo, a Igreja desenvolveu o pensamento de que ela tinha toda a verdade e que não precisava de nenhuma outra Igreja nem religião. Hoje, o Papa Francisco prega uma Igreja em saída e em diálogo: 

"Isso só se dá se nos abrirmos a aprender com os outros, não para deixar de ser o que somos, mas ao contrário, para nos enriquecer e viver melhor e mais profundamente a nossa fé. Quanto mais conheço a fé do outro, do diferente, mais descubro o que Deus, na fé do outro, ensina a mim como cristão a viver a minha fé", explica o autor.

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