Por João Antônio Johas Leão Em Espiritualidade Atualizada em 29 OUT 2020 - 13H47

Dia de Finados: Do que fazer memória?


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No dia de Finados, lembramos dos nossos antepassados, que nos precederam nessa etapa da caminhada cristã que é a vida. Esse é um dia para visitar seus túmulos e pensar, tanto em referência a eles quanto a nós, que ainda caminhamos nesta vida, naquilo que rezamos todos os Domingos no Credo: “Espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo que há de vir”. Afinal de contas, toda a vida cristã nesse mundo tem por finalidade última essa Páscoa, essa passagem para a vida eterna, na qual estaremos em plena comunhão com Deus.

Creio que essa é a memória mais significativa deste dia. Mais do que um olhar para trás e lembrar dos bons momentos que nunca mais voltarão, porque essa pessoa já se foi, os cristãos fazem memória da vitória de Jesus sobre a morte e renovam a esperança no futuro, no qual todos estaremos reunidos em Cristo. De fato, é isso mesmo que a liturgia das exéquias nos propõe, com sua saudação final: “Com efeito, ainda que mortos, não estamos separados uns dos outros, pois todos percorremos o mesmo caminho e nos encontraremos no mesmo lugar. Jamais estaremos separados, pois vivemos por Cristo, e agora estamos unidos a Cristo, indo em sua direção... E estaremos todos reunidos em Cristo”.

Leia MaisComo não cair em momentos difíceis da vida?Esse dia nos lembra também como a realidade corpórea não é algo negativo para os cristãos. Pelo contrário, é positiva e, por isso, deve-se ter muito respeito com os corpos dos defuntos. O sepultamento digno é uma obra de misericórdia corporal, justamente porque honra os filhos de Deus em seus corpos, templos do Espírito Santo. Como já mencionamos no Credo, acreditamos que ocorrerá a ressurreição dos corpos, de uma maneira diferente da qual conhecemos hoje, semelhante ao corpo glorioso com o qual Jesus se manifestou depois de sua própria ressurreição. Mas esse corpo glorioso leva as marcas da paixão, como para nos mostrar que essa vida, esse corpo, não nos é indiferente.

Nos diz o Catecismo que, graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. Podemos dizer como São Paulo: “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro”. E continua o Catecismo: A novidade essencial da morte cristã está nisto: Pelo Batismo, o cristão já está sacramentalmente “morto com Cristo” (...) e, se morrermos na Graça de Cristo, a morte física consuma este “morrer com Cristo” e completa, assim, nossa incorporação a ele em seu ato redentor. A maneira como nos relacionamos com a morte diz muito da maneira como estamos vivendo a nossa vida cristã. Isso é algo muito bom de se meditar.

Finalmente, e para afirmar ainda mais o caráter positivo da morte cristã, a Igreja diz que hoje celebra os fiéis defuntos. A palavra 'celebrar' aqui contrasta com o clima, muitas vezes pesado, que se tem quando lembramos os nossos entes queridos já falecidos. Não se trata aqui de 'fazer festa' como hoje se faz, mas de, sobriamente, recordar uma verdade fundamental da fé que Santa Teresinha do Menino Jesus expressou da seguinte forma: “Eu não morro, entro na vida!”

Escrito por
João Antonio Johas Leão (Arquivo pessoal)
João Antônio Johas Leão

Licenciado em filosofia, mestre em direito e pedagogo em formação. Pós-graduado em antropologia cristã e entusiasta de pensar em que significa ser cristão hoje.

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