Espiritualidade

Mês do Sagrado Coração de Jesus

Dante Ricardo Carrasco Aragón

Escrito por Dante Aragón

05 JUN 2020 - 08H30 (Atualizada em 24 JUN 2022 - 09H41)

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Como católicos, temos uma meta: a santidade. Devemos, por convite do Senhor, caminhar para pensar, sentir e atuar cada vez mais como Ele. Ao longo da História da Igreja, escutamos frases como: Seguir Cristo, Imitar Cristo, Configurar-se a Cristo, Conformar-se ao Cristo.

Acredito eu que, para chegar a esta meta, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus possa ser muito importante. Esta devoção também é lembrada e comemorada com uma festa litúrgica. Sabia que esta festa foi um pedido explicito do próprio Cristo a Santa Margarida Maria de Alacoque? Sim, o Senhor expressou isto à santa, em junho de 1675!

Pensemos, primeiramente, sobre o conceito de coração. O coração é uma parte física do corpo humano, onde, poeticamente, diz-se que têm lugar as emoções, os desejos, os afetos, as atitudes, os sentimentos do ser humano, sempre relacionados, é claro, com a mente humana. Assim, o coração representa a parte mais elevada da alma, onde a pessoa interioriza e decide os temas mais importantes de sua vida.

Embora a origem da devoção ao Sagrado Coração de Jesus tenha sido promovida por algumas revelações privadas, esta devoção tem sua raiz e seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Desde o Antigo Testamento, vemos quando Deus, por meio de Moisés, deixou explícito que temos que amá-lo com todo o nosso coração e, posteriormente, deixou também explícito que Ele, sabendo que nossos corações são limitados, prometeu renovar, transformar, nossos corações de pedra em corações de carne. No Novo Testamento, encontramos referências sobre o coração, tanto na vida do Senhor Jesus como na de Sua Mãe, Maria Santíssima.

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Santa Margarida Maria de Alacoque (1647-1690) e São João Eudes (1601-1680)

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Embora Santa Margarida seja mais conhecida a respeito desta devoção, quase na mesma época houve um outro santo que também teve a inspiração e desenvolveu muito a reflexão sobre o Sagrado Coração de Jesus.

“Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada poupou, até se esgotar e se consumir para lhes testemunhar seu amor. Como reconhecimento, não recebo da maior parte deles senão ingratidões, pelas suas irreverências, sacrilégios, e pela tibieza e desprezo que têm para comigo na Eucaristia”.

São João Eudes nasceu em Re, França. Na realidade, foi ele o primeiro a querer estabelecer a festa, 30 anos antes que Santa Margarida, no ano de 1672, um ano antes da primeira manifestação do Sagrado Coração a ela.

São João Eudes foi um incansável promotor da devoção dos Sagrados Corações de Jesus e Maria. Ele distinguiu em Jesus três corações – que na realidade são um mesmo coração: o coração corporal (deificado pelo Seu sagrado corpo), o coração espiritual (amor ao Pai, à sua Mãe e a todos nós), e o coração divino (amor divino de Jesus: Espírito Santo).

São João Eudes via como muito valiosa a união do coração de Jesus com o de Maria, e por isso às vezes se referia a eles no singular: “o coração de Jesus e Maria”, em vez de falar “corações”. Não penso que seja uma coincidência que, durante o seu pontificado, São João Paulo II tenha falado com muita frequência sobre os Corações unidos de Jesus e Maria. No ano de 1986, por exemplo: “Ao nos consagrarmos ao Coração de Maria, descobrimos o caminho seguro que nos leva para o Sagrado Coração de Jesus, símbolo do amor misericordioso de Nosso Salvador”.

Nesse mesmo século, o Senhor manifestou mais claramente este desejo de instituir uma festa dedicada ao Seu coração, para que assim compreendêssemos melhor o mistério do Seu amor, e, por isso, Santa Margarida Maria de Alacoque (que nasceu na Borgonha, França) recebeu por graça as aparições do Sagrado Coração de Jesus, nas quais Ele lhe explicou que o amor do Seu coração devia estender-se e manifestar-se a todos os homens:

Jesus também disse à santa:

“Peço que na primeira sexta-feira depois da oitava de Corpus Christi, se celebre uma Festa especial para honrar meu Coração, e que se comungue nesse dia para pedir perdão e reparar os ultrajes por ele recebidos durante o tempo que permaneceu exposto nos altares. Prometo-te que o Meu Coração se dilatará para derramar com abundância as influências de Seu divino Amor sobre os que tributem esta divina honra e que procurem que ela lhe seja prestada. Meu Coração reinará apesar de meus inimigos”.

Após as aparições, a Santa, junto com o jesuíta São Cláudio de la Colombière, seu diretor espiritual, propagaram as mensagens do Sagrado Coração de Jesus.

Podemos concluir dizendo que São João Eudes foi importante para desenvolver a “doutrina dos corações sagrados”, e sua obra ajudou para que, depois, Santa Margarida Maria de Alacoque, com as aparições e visões, confirmasse esta festa.

Escrito por
Dante Ricardo Carrasco Aragón
Dante Aragón

Peruano, é administrador, mestre em Psicologia, especialista em antropologia cristã e participa do Movimento de Vida Cristã em Petrópolis

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Por Redação A12, em Espiritualidade

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