Por Padre José Luis Queimado, C.Ss.R. Em Igreja

Conhecendo os Evangelhos: Ser profeta como Jesus

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Mt 4, 12-17.23-25

Quando soube que João tinha sido preso, Jesus retirou-se para a Galileia. Deixou Nazaré e foi morar em Cafarnaum, às margens do mar da Galileia, no território de Zabulon e de Neftali, para cumprir-se o que foi dito pelo profeta Isaías: “Terra de Zabulon, terra de Neftali, caminho do mar, região além do Jordão, Galileia, entregue às nações pagãs! O povo que ficava nas trevas viu uma grande luz, para os habitantes da região sombria da morte uma luz surgiu”. Daí em diante, Jesus começou a anunciar: “Convertei-vos, pois o Reino dos Céus está próximo”.

Jesus percorria toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, anunciando a Boa Nova do Reino e curando toda espécie de doença e enfermidade do povo. Sua fama também se espalhou por toda a Síria. Levaram-lhe todos os doentes, sofrendo de diversas enfermidades e tormentos: possessos, epilépticos e paralíticos. E ele os curava. Grandes multidões o acompanhavam, vindas da Galileia, da Decápole, de Jerusalém, da Judeia e da região do outro lado do Jordão.

Leia MaisO dom maior é o perdãoConhecendo os Evangelhos: Jesus não quis ditadoresCuidado com os falsos pastoresConhecendo os Evangelhos: Converter o coração aos poucosQueremos pedir a Deus, nosso Senhor, que nos dê mais iluminação para compreendermos melhor o que está contido nos livros da Bíblia, pois, sem a sabedoria necessária, acabamos por deturpar a Palavra Sagrada! Alguns pensam que, ao ler a Bíblia do Gênesis ao Apocalipse, tornam-se doutores em exegese e teologia. Aí que se enganam! Quem usa a Palavra de Deus para justificar seus atos de egoísmo e de maldade, acusando e julgando virulentamente o próximo, é um dos maiores traidores das Sagradas Escrituras, pois estas nos foram dadas para que cresçamos na fé e no conhecimento daquele que é o ápice da Revelação, Jesus Cristo, e não para sermos juízes de nossos irmãos.

A passagem de hoje é a narrativa que Mateus faz sobre o início da vida pública de Jesus. Mateus é o evangelista que mais cita o Antigo Testamento, pois ele escrevia para comunidades cristãs que eram formadas principalmente por judeus convertidos. Esses neocristãos precisavam de algumas explicações que clarificassem a Revelação de Jesus como Filho de Deus, por isso Mateus faz uso da cultura dos antigos israelitas.

Jesus, depois de saber da prisão de seu colega João, deixa a pequena Galileia e vai viver na relativamente agitada Cafarnaum. É ali que ele começa o seu trabalho público. Inicia-se o tempo da graça, em que Deus se aproxima de seus filhos amados.

Jesus cura os doentes, dá a mão aos desesperados, perdoa aos pecadores e faz o bem em todos os lugares por onde passa. Assim é resumida a vida do homem de Nazaré, que se revelou, a partir de sua plena humanidade, divino aos olhos daquele povo e aos olhos de todos os seus seguidores, de todas as épocas.

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Ele não abandona a sua cultura, nem seu povo, mas usa das sinagogas para propor um novo estilo de vida àqueles que estavam sem esperança, abandonados pelas estruturas sociais da época. Jesus inverte a ordem da realidade: põe os pobres na frente da fila da dignidade. São os mais sofredores que encontrarão repouso no Reino que se aproxima. São os pecadores que terão a chance de se converter. São as prostitutas e os cobradores de impostos (os mais execrados pela população) que antecederão a todos no Reino dos Céus. Jesus revoluciona, sem o uso da violência, – somente fazendo o bem.

Como poderíamos aprender com Cristo, hoje! Cada vez mais, ficamos tristes em ver situações tão perversas em nossas igrejas. A Igreja Católica existe para acolher os mais abandonados e desprezados da sociedade, assim como fez o seu maior e principal Mestre. Ela existe para confortar; para dar abrigo aos que estão desesperados; para resgatar os que estão à beira da morte; para dar vida àqueles que morrem aos poucos; para dar dignidade àqueles que são pisados e recebidos a cusparadas! Certo, muito bonito! Ela existe para tudo isso! Mas...

Como agimos? Como pensamos? Como Julgamos? Às vezes, somos empecilhos para a felicidade e para a realização plena do ser humano, quando fazemos tudo ao contrário do que a Igreja deveria fazer! Somos, muitas vezes, filhos infiéis; descontentes com o perdão dado aos nossos irmãos, que são os filhos pródigos da modernidade. Por que sermos egoístas? Por que fazermos acepção de pessoas? Por que negarmos Cristo aos que o desejam? Por que sermos injustos com os pequenos? Ser profeta é ser duro; é corrigir quando necessário; é ser desagradável; é tocar nas feridas existentes e que todos querem esconder com esparadrapos podres! Sejamos todos profetas! Passemos, como nosso Jesus, nossa meta, fazendo o bem por toda parte!

Escrito por
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. (Arquivo Santuário Nacional)
Padre José Luis Queimado, C.Ss.R.

Missionário Redentorista com experiência nas missões populares, no atendimento pastoral no Santuário Nacional de Aparecida, passou pela direção do A12, fez missão na Filadélfia nos Estados Unidos. Atualmente é diretor editorial adjunto na Editora Santuário.

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