Um mergulho na oração

O Dever Moral da Oração. Este foi o tema do Retiro Vocacional realizado pela Pastoral Vocacional Redentorista com a presença de 37 vocacionados, de 13 a 15 de julho, em Guaratinguetá (SP).

O pregador foi o Pe. Vinícius Ponciano, missionário Redentorista que trabalha em Aparecida. Pe. Vinícius nos fez repensar nosso modo de rezar e a maneira como nos relacionamos com Deus. Foi um verdadeiro mergulho na oração. Falar com Deus como se estivéssemos falando com um amigo, um vizinho, como se fosse alguém que caminhasse na rua conosco e estivéssemos tendo uma conversa.

Ir. Viveiros, CSsR

Com seu jeito sério, mas de forma agradável e por vezes até bem brincalhão, Pe. Vinícius nos fez entender o momento por qual passamos, chamado por Zygmunt Bauman de Modernidade Líquida. O Retiro Espiritual contou com a presença de jovens vocacionados das mais diferentes idades, dos mais jovens e dos mais maduros que integram o Projeto de Acompanhamento Vocacional para Pessoas em Idade Adulta (PIA). Mesmo com a diferença das idades houve um clima de fraternidade e o silêncio imperou nos três dias.

O Ir. João Batista de Viveiros, que integra o Secretariado Vocacional, também ajudou ao grupo a pensar a vocação, propondo a eles o desafio da Copa: calar, ouvir, pensar e agir. As atividades do retiro contaram ainda com a colaboração do Pe. Lucas Emanuel, do Frater Robério Santana e do seminarista Vinícius Alves.

Bacharel em Filosofia pela PUC de Campinas e Mestre em Teologia pelo Itesp de São Paulo, Pe. Vinícius fez uma forte ligação entre fé e vida. Na visão dele a oração não pode estar fora da realidade. Lembrou que, como a Europa, o Brasil passa atualmente por um ateísmo prático e que as religiões estão desaparecendo, mas a espiritualidade vem crescendo consideravelmente. Na opinião do missionário redentorista existe uma descrença dos credos.

Citando o fundador dos Redentoristas, o pregador disse: “A oração em Santo Afonso não nos tira da realidade”. Ele conclamou os jovens a rezarem com autonomia e não fazerem uma oração de segundo grau.

:: Santo Afonso e a opção pelos pobres

“Volte para Deus”, foi o convite feito pelo Pe. Vinicíus, na Santa Missa de abertura, ao citar o profeta Oséias. “Assim fala o Senhor: 2Volta, Israel, para o Senhor, teu Deus, porque estavas caído em teu pecado. 3Vós todos, encontrai palavras e voltai para o Senhor; dizei-lhe: “Livra-nos de todo o mal e aceita este bem que oferecemos; o fruto de nossos lábios”. (Os 14, 2-3).

Ao meditar sobre o nascimento da Leitura Silenciosa, o pregador disse que as palavras devem ser lidas com os olhos da alma.

Na conferência, Pe. Vinicius falou ainda sobre os 4 pilares da espiritualidade redentorista: Presépio, Eucaristia, Cruz e Maria. Para ajudar na meditação sugeriu a leitura de 1 TS 5,23 que fala da tríplice antropologia paulina: corpo, alma e espírito. Somente assim, segundo ele, a oração será completa, pois entenderemos que somos seres físico, espiritual, mental e social.

“Vivemos uma experiência atemporal onde a palavra não consegue ser decodificada devido à ausência do silêncio, por isso ela não é transformada em ação”, disse o padre. Para ele o silêncio é tão importante na oração, que nos conduz para as alturas e para a eternidade.

Ao aprofundar o tema da oração como fonte de vida moral, Pe. Vinicíus alertou que o testemunho nunca foi tão exigido como nos dias atuais, visto que o homem líquido moderno é apaixonado pelo status, passeia na era da selfie, do ego, do super-ego e do narcisismo.

Aos vocacionados ele pediu que estejam atentos aos sinais e prontos para interpretá-los. Para ele, a oração não é uma experiência sobrenatural e sim natural. Por isso a solidariedade legitima o mandamento.

“As vocações nascem na oração e da oração e só na oração podem perseverar e dar fruto”.
(Papa Francisco)

Gilson Gaigher Junior
Vocacionado Redentorista