Na Catequese desta quarta-feira (03), Papa Francisco deu continuidade à reflexão sobre “Família”. Desta vez, o Pontífice falou a vulnerabilidade da instituição e as provações pelas quais tem passado, ressaltando, de forma especial, a questão da pobreza agravada pelas guerras.
“É quase um milagre que, em meio à tanta pobreza, famílias continuem sendo formadas, mantendo inclusive relações humanas tão especiais. Deveríamos nos ajoelhar diante destas famílias que são uma verdadeira escola de humanidade que salva a sociedade da barbárie”, considerou Francisco, pedindo aos responsáveis pela vida pública “uma nova ética civil” para regulamentar as relações sociais.
Prosseguindo a catequese, o Papa denunciou a contradição entre as políticas econômicas e a família. “O trabalho da família é imenso e não é contabilizado nos balanços... nem reconhecido” disse, completando que “a formação interior das pessoas e a circulação social dos afetos têm justamente ali seu alicerce. Se ele for derrubado, tudo cai”.
“E não é só questão de pão! Falamos de trabalho, de instrução, de saúde. Quando vemos imagens de crianças desnutridas e doentes em tantos lugares do mundo nós nos comovemos muito. E o mesmo acontece ao vermos o olhar de crianças carentes de tudo, quando mostram com orgulho seu lápis e caderno, admirando com amor seu professor ou professora!... As crianças sabem que o homem não vive só de pão; as crianças querem amor!”.
A miséria social atinge a família e por vezes a destrói.
Francisco lembrou que nós cristãos devemos estar sempre mais próximos das famílias que vivem na pobreza. “A miséria social atinge a família e por vezes a destrói. A falta ou a perda do trabalho, ou sua precariedade, incidem fortemente na vida familiar, colocando relacionamentos à dura prova”, advertiu.
Sobre a cotidianidade das famílias, o Pontífice citou as condições de vida em bairros periféricos, os problemas ligados à moradia e aos transportes, a escassez de serviços sociais, médicos e escolares. Segundo ele, estas dificuldades materiais se somam aos danos causados por modelos estereotipados de famílias passados pela mídia baseados no consumismo e no culto das aparências, que influenciam as camadas sociais mais pobres e incrementam a desagregação das relações familiares.
Terminando a catequese, Francisco convidou a Igreja, que é mãe, a não se esquecer do drama de seus filhos. “Ela também deve ser pobre para ser fecunda e responder a tanta miséria. Uma Igreja pobre é uma Igreja que pratica a simplicidade voluntária em sua vida – em suas instituições e no estilo de vida de seus membros – para abater todos os muros de separação, principalmente dos pobres”.
Oração especial
O Papa pediu ação, mas também oração: “Rezemos intensamente para ajudarmos nossas famílias cristãs a serem protagonistas desta revolução tão necessária! E não nos esqueçamos de que o juízo dos carentes, dos pequeninos e dos pobres antecipa o juízo de Deus”.
Antes de passar às saudações aos grupos de várias línguas, o Pontífice convidou todos a meditar o texto da Bíblia, do Eclesiástico, pensando nas famílias que vivem na provação da miséria:
“Filho, não negues esmola ao pobre, nem dele desvies os olhos. Não desprezes o que tem fome, não irrites o pobre em sua indigência. Não aflijas o coração do infeliz, não recuses tua esmola àquele que está na miséria; não rejeites o pedido do aflito, não desvies o rosto do pobre. Não desvies os olhos do indigente, para que ele não se zangue”.
Veja a Catequese na íntegra:
Fonte: Rádio Vaticano
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