O Papa Francisco disse hoje (19) em sua catequese que o trabalho é “sagrado”, pois inerente à pessoa humana ele expressa a dignidade do ser criado à imagem de Deus, e contestou o mercado que diviniza o lucro em detrimento do bem comum.
“Por isso, se diz que o trabalho é sagrado. E, por isso, a gestão da ocupação é uma grande responsabilidade humana e social, que não pode ser deixada nas mãos de poucos ou descarregada sobre um ‘mercado’ divinizado”, afirmou. “Provocar a perda de postos de trabalho significa causar um grave dano social”, frisou o pontífice.
Neste contexto, Francisco lamentou o sofrimento das pessoas que não tem um emprego. “Fico triste quando vejo que não há trabalho. Que há pessoas sem trabalho, que não encontram trabalho e que não têm a dignidade de levar o pão para casa”, assinalou.
Por outro lado, o Papa disse que se sente feliz quando vê que os governantes “se esforçam para criar postos de trabalho”.
As últimas catequeses do Papa foram centradas na família, e o trabalho segundo o Papa, é um “elemento complementar” nesta relação. A “família educa ao trabalho com o exemplo dos pais”. Pai e mãe “trabalham para o bem da família e da sociedade”, por isso, “o trabalho, nas suas mil formas, a partir daquele doméstico, também zela pelo bem comum”, completou.
Francisco então lembrou alguns textos bíblicos que fazem referência ao trabalho. Como o exemplo da família de Nazaré que aparece como uma família de trabalhadores, onde o próprio Jesus é chamado de “filho do carpinteiro”, e o alerta de São Paulo para aqueles que vivenciam um “falso espiritualismo” e “vivem à custa dos irmãos e irmãs ‘sem fazer nada’”.
A família não pode ser considerada um “obstáculo” para a produção do trabalho, refletiu Francisco.
O compromisso do trabalho e da vida do espírito na concepção cristã, segundo o Papa, não estão em contraste. “Oração e trabalho podem e devem estar juntos em harmonia, nos ensina São Bento”, sublinhou. “A falta de trabalho danifica também o espírito, como a falta de oração danifica também a atividade prática”, ponderou o Papa.
O Papa então considerou que “quando o trabalho se afasta da aliança de Deus com o homem e com a mulher” e “vira refém da lógica do lucro”, as consequências desse afastamento atingem, sobretudo, os mais pobres e as famílias.
Nessa organização moderna do trabalho, a família não pode ser considerada um “obstáculo” para a produção do trabalho. Esse modelo de organização, que pode ser visto em muitas “cidades inteligentes” e “ricas em serviços e organização”, muitas vezes “descarta crianças e idosos”. Quando a família “vira refém da organização do trabalho, ou atrapalha-o, então temos certeza de que a sociedade humana começou a trabalhar contra ela mesma!”, lamentou.
Diante desse panorama, o Papa falou que as famílias cristãs têm diante de si um “grande desafio e uma grande missão”, pois elas reafirmam “os fundamentos da criação de Deus: a identidade e a ligação do homem e da mulher, a geração dos filhos, o trabalho que domestica a terra e torna o mundo habitável”. E concluiu: “A perda destes fundamentos é algo muito sério, e na casa-comum já existem muitas fissuras! A tarefa não é fácil. É preciso fé e perspicácia”, exortou.
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