“Jesus tinha autoridade porque servia as pessoas, estava próximo das pessoas e era coerente, ao contrário dos doutores da lei que se sentiam príncipes”. Estas três características da autoridade de Jesus foram destacadas pelo Papa Francisco na missa desta terça-feira (10), na Casa Santa Marta.
O Pontífice sublinhou que os doutores da lei ensinavam com autoridade ‘clericarística’, afastados das pessoas, não viviam aquilo que pregavam.
No Evangelho do dia se fala do estupor das pessoas porque Jesus ensinava ‘como alguém que tem autoridade’ e não como os escribas: eram as autoridades do povo, destaca Francisco, mas aquilo que ensinavam não entrava no coração, enquanto Jesus havia uma autoridade real: não era ‘um sedutor’, ensinava a Lei ‘até o último detalhe’, ensinava a Verdade com a autoridade.
O Papa reflete sobre as três características que diferenciam a autoridade de Jesus daquela dos doutores da Lei. Enquanto Jesus “ensinava com humildade”, e diz aos seus discípulos que “o maior seja como aquele que serve: faça-se menor”, os fariseus se sentiam príncipes:
“Jesus servia as pessoas, explicava as coisas para que as pessoas entendessem bem: estava ao serviço das pessoas. Havia um comportamento de servidor, e isto Lhe dava autoridade. Ao invés, os doutores da lei que as pessoas... sim, escutavam, respeitavam, mas não reconhecia que tivessem autoridade sobre eles, estes tinham uma psicologia de príncipes: ‘Somos os mestres, os príncipes, e nós ensinamos vocês. Não serviço: nós mandamos, vocês obedecem”. E Jesus nunca se fez passar por um príncipe: era sempre servidor de todos e isto é o que Lhe dava autoridade”.
É o estar próximo das pessoas, na verdade, que confere autoridade. A proximidade é a segunda característica que diferencia a autoridade de Jesus daquela dos fariseus. “Jesus não era alérgico às pessoas: tocava os leprosos, os doentes, não lhe dava repugnância”, explica Francisco, enquanto os fariseus desprezavam “as pobres pessoas, ignorantes”, eles gostavam de passear pelas praças, bem vestidos:
Jesus era muito próximo das pessoas, e isso dava autoridade.
“Eram distantes das pessoas, não eram próximos; Jesus era muito próximo das pessoas, e isso dava autoridade. Os distantes, aqueles doutores, tinham uma psicologia clericalística: ensinavam com uma autoridade clericalística, isto é, o clericalismo. Eu gosto tanto quando leio a proximidade às pessoas que tinha o Beato Paulo VI; no número 48 da “Evangelii Nuntiandi” se vê o coração do pastor próximo: ali está a autoridade daquele Papa, a proximidade”.
Mas há um terceiro ponto que diferencia a autoridade dos escrivas daquela de Jesus, e é a coerência, Jesus “vivia o que pregava”: “havia como uma unidade, uma harmonia entre aquilo que pensava, sentia e fazia”.” Enquanto quem se sente príncipe tem “uma atitude clericalística”, isto é hipócrita, diz uma coisa e faz outra:
“Ao invés, essas pessoas não eram coerente e sua personalidade era dividida a ponto que Jesus aconselhava seus discípulos: “Façam o que dizem, mas não o que fazem”: diziam uma coisa e faziam outra. Incoerência. Eram incoerentes. E o adjetivo que Jesus usa muitas vezes é hipócrita. E dá para entender que quem se sente príncipe, que tem uma atitude clericalística, que é uma hipócrita, não tem autoridade! Dirá verdades, mas sem autoridade. Jesus, ao invés, que é humilde, que está a serviço, que está próximo, que não despreza as pessoas e que é coerente, tem autoridade. E esta é a autoridade que o povo de Deus sente”.
Concluindo, o Papa recordou a parábola do Bom Samaritano. Francisco liga este episódio com o estupor das pessoas do Evangelho de hoje diante da autoridade de Jesus: “uma autoridade humilde, de serviço”, “uma autoridade próxima das pessoas” e “coerente”.
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