Por Redação A12 Em Santo Padre Atualizada em 03 MAR 2020 - 13H53

Papa Francisco visita Kangemi, uma das maiores favelas de Nairóbi

O Papa Francisco iniciou o terceiro dia de atividades em Nairóbi, no Quênia, nesta sexta-feira (27/11), com uma visita a Kangemi, uma das grandes favelas da capital.

“Na verdade, sinto-me em casa, partilhando este momento com irmãos e irmãs que têm um lugar preferencial na minha vida e nas minhas opções, não me envergonho de o dizer. Estou aqui, porque quero que saibam que suas alegrias e esperanças, angústias e sofrimentos não me são indiferentes. Sei das dificuldades que enfrentam, todos os dias!”, confessou Francisco. Neste sentido, recordou que “o caminho de Jesus começou nas periferias, vai dos pobres e com os pobres até todos”. “Como não denunciar as injustiças que sofrem?”, questionou. 

Desta forma, o Papa se deteve em um aspecto que os discursos de exclusão não conseguem reconhecer ou parecem ignorar: a sabedoria dos bairros populares. Citando a sua Encíclica “Laudato Si”, o Pontífice explicou que se trata de uma sabedoria que “brota da resistência obstinada do que é autêntico, dos valores evangélicos que a sociedade opulenta, entorpecida pelo consumo desenfreado, parece ter esquecido”.

Entre estes valores, o Papa elencou a “solidariedade, dar a vida por outro, preferir a vida à morte”, dar lugar aos doentes na própria casa, “partilhar o pão com quem tem fome”, a “paciência e a fortaleza face às grandes adversidades”. 

O discurso, apresentado aos presentes com a ajuda de um tradutor, denunciou a “injustiça atroz” da “marginalização urbana” promovida por “minorias que concentram o poder e a riqueza”. 

“Que todas as famílias tenham um teto digno, acesso à água potável, instalações sanitárias, energia segura para iluminar, cozinhar, que possam melhorar as suas casas, que todos os bairros tenham estradas, praças, escolas, hospitais”. 

O Pontífice criticou ainda a “injusta distribuição do solo”, levando a que “famílias inteiras paguem rendas excessivas e injustas” por casas degradadas e a “apropriação de terras por parte de investidores privados sem rosto, que pretendem até apossar-se do pátio das escolas”. O Papa sustentou que o mundo tem uma “grave dívida social” com os pobres que não têm acesso à água potável, criticando quem “lucra” com a exploração de um “direito básico e universal”.

Outra preocupação evidenciada pelo Pontífice foi a criminalidade organizada, que usa os mais jovens como “carne para canhão” em atividades ilegais.

Antes do discurso do Papa, Pamella Akwede, uma das moradoras, recordou que a maior parte dos que vivem nestes bairros de lata de Nairóbi vivem com menos de um dólar norte-americano por dia e apresentou queixas sobre as condições de trabalho, a segurança e a educação no local. A missionária irlandesa Mary Killeen agradeceu a visita de Francisco a um território muitas vezes esquecido, onde lamentou a “insegurança” por causa das casas temporárias, dos abusos de droga e álcool, e acima de tudo pelo “roubo das terras” e a sua inundação por causa de interesses privados.

O Papa, que nunca tinha visitado a África, seguiu para o Estádio Kasarani, ondese encontrará com dezenas de milhares de jovens no último evento público da visita país, iniciada na última quarta-feira. Neste mesmo dia, Francisco segue para Entebe, Uganda, segunda etapa da 11ª viagem internacional de seu pontificado.

O bairro de Kangemi

Kangemi é um bairro onde se encontra uma das favelas de Nairóbi, situada em um pequeno vale, que confina com a favela de Kalangware. Kangemi conta com uma população multiétnica de mais de 100 mil pessoas, cuja maioria pertence à tribo Lubya. A paróquia local conta com cerca de 20 mil fiéis e é dedicada a São José Operário. Confiada aos Padres Jesuítas, possui um ambulatório, um Instituto Técnico Superior e um Centro de Assistência às mães mais necessitadas e diversas iniciativas profissionais.

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