Papa Francisco deixou uma mensagem contundente na catequese desta quarta-feira (18) ao falar sobre a relação entre ricos e pobres. A reflexão foi apresentada a partir do binômio "pobreza e misericórdia" e da passagem da parábola do homem rico e do pobre Lázaro. Ao falar sobre essa realidade, Jesus esclarece que a misericórdia de Deus está relacionada com a misericórdia em relação aos outros.
"A misericórdia de Deus está ligada à nossa misericórdia para com o próximo; quando falta esta, também aquela não encontra espaço no nosso coração fechado, não pode entrar. Assim nos mostra a parábola do rico avarento e o pobre Lázaro. O portão da casa do rico estava sempre fechado ao pobre, que ali jazia esfomeado e coberto de chagas. Ignorando Lázaro e negando-lhe até mesmo as sobras da sua mesa, o rico desprezou a Deus", exortou o Papa.
“Ignorar o pobre é desprezar Deus”, repetiu duas vezes o Pontífice, pedindo para que aprendamos esta lição. Francisco faz notar um detalhe desta parábola: enquanto o nome do rico não é mencionado, repete-se cinco vezes o nome do pobre. "Lázaro" em hebraico significa "Deus ajuda".
Assim, Lázaro à porta é um apelo vivo feito ao rico para que se recorde de Deus, mas o rico não acolhe este apelo. Ele será condenado não pelas suas riquezas, mas por não ter tido compaixão de Lázaro.
"Quantas vezes tantas pessoas fazem de conta que não veem os pobres. Para eles, os pobres não existem”, lamentou Francisco.
O resultado desta atitude é descrito na segunda parte da parábola, que apresenta a situação invertida de ambos depois da morte: o pobre Lázaro aparece feliz junto de Abraão, já o rico é atormentado. Agora o rico reconhece Lázaro e pede-lhe ajuda, enquanto em vida fazia de conta que não o via.
"Quantas vezes tantas pessoas fazem de conta que não veem os pobres. Para eles, os pobres não existem”, lamentou Francisco.
Salvação
Até quando Lázaro estava diante de sua casa, havia possibilidade de salvação para o rico, mas agora que estão mortos, a situação é irreparável. Deus nunca é chamado diretamente em causa, por isso a parábola adverte que a misericórdia de Deus por nós está ligada à nossa misericórdia com os outros. “Se não abro a porta do meu coração ao pobre, esta permanece fechada inclusive para Deus, e isso é terrível”, afirmou.
A este ponto, o rico pede que Lázaro volte à terra para advertir os seus irmãos em vida que correm o risco de acabar como ele. Mas para nos converter, recordou o Papa, não devemos esperar eventos prodigiosos, mas abrir o coração à Palavra de Deus, que nos chama a amar o próximo. A Palavra de Deus pode ressuscitar um coração árido e curá-lo de sua cegueira.
"Ouvindo este Evangelho, todos nós, com os pobres da terra, podemos cantar com Maria: 'Depôs poderosos de seu trono e a humildes exaltou. Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias'", disse.
Depois da catequese, Francisco saudou os diversos grupos de fiéis presentes na Praça. Aos peregrinos poloneses, lembrou o aniversário de São João Paulo II neste dia e saudou pessoalmente cerca de 80 crianças ucranianas, que participam do projeto “Crianças pela paz em todo o mundo”.
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