O Papa disse hoje no Vaticano que o Jubileu deve chegar aos "bolsos" respeitando a tradição bíblica de ajudar os mais pobres e de perdoar as dívidas. Francisco convidou católicos com mais posses a deixar bens aos pobres e condenou a usura lembrando o “desespero” que a exploração dos mais necessitados provoca.
A Catequese semanal nesta Quarta-feira de Cinzas, 10 de fevereiro, deu continuidade ao tema da misericórdia apresentando a história da instituição do jubileu na Igreja.
O Papa recordou que, no Antigo Testamento, a instituição do Jubileu acontecia de 50 em 50 anos como um momento culminante da vida religiosa e social do povo de Israel. "Hoje vamos nos deter na antiga instituição do jubileu. É uma coisa antiga, atestada na Sagrada Escritura. Nós a encontramos de modo especial no livro do Levítico que representa o momento culminante da vida religiosa e social do povo de Israel", indicou Francisco.
"A ideia central é que a terra pertence originalmente a Deus e foi confiada aos homens e por isso ninguém pode ter a posse exclusiva criando situações de desigualdade", disse Francisco.
Nesse contexto, se uma pessoa tivesse sido obrigada a vender a sua terra ou a sua casa, recuperava a sua posse no Jubileu, o mesmo acontecendo a quem tivesse sido reduzido à escravidão.
A intervenção recordou que o Jubileu era um tempo de “perdão geral" através do qual todos poderiam voltar a sua situação original com o cancelamento de todas as dívidas, a devolução das terras e a possibilidade de reaver a sua liberdade como membros do povo de Deus.
"Prescrições como a do jubileu serviam para combater a pobreza e a desigualdade garantindo uma vida digna para todos e uma justa distribuição da terra na qual [todos poderiam] viver e ter sustento. A ideia central é que a terra pertence originalmente a Deus e foi confiada aos homens e por isso ninguém pode ter a posse exclusiva criando situações de desigualdade", enfatizou o Santo Padre.
Francisco questionou então a distribuição da riqueza mundial, em que a maioria vive com menos e um pequeno grupo concentra a maior parte da riqueza do mundo, e convidou católicos com mais posses a deixar bens aos pobres.
“Que cada um pense, no seu coração: se tem demasiadas coisas, por que não deixar àqueles que não têm nada 10%, 50%? Que o Espírito Santo inspire cada um de vós”, pediu Francisco.
Lembrando a história da Salvação, Francisco frisou que o jubileu deve servir para a conversão, para que o coração se torne mais solidário.
“Se o Jubileu não chegar aos 'bolsos', não é um verdadeiro Jubileu. Perceberam? E isto está na Bíblia, não é uma invenção do Papa”, insistiu Francisco.
Por fim, condenou a usura lembrando o “desespero” que a exploração dos mais necessitados provoca, algumas vezes até o suicídio, lembrou Francisco.
“Quantas famílias estão na rua, vítimas da usura”, lamentou Francisco. “Rezemos para que neste Jubileu o Senhor tire do coração de todos nós este desejo de ter mais, da usura, que nos torne generosos”, pediu francisco lembrando o grande pecado que é a usura.
“A mensagem bíblica é muito clara: abrir-se com coragem à partilha entre compatriotas, entre famílias, entre povos, entre continentes. Contribuir para realizar uma terra sem pobres quer dizer construir sociedades sem discriminações, baseadas na solidariedade que leva a partilhar aquilo que se possui numa divisão dos recursos fundada na fraternidade e na justiça”, precisou o Papa.
Após a catequese, Francisco deixou saudações aos vários grupos de peregrinos e no final do encontro, Papa evocou a sua próxima viagem ao México, com início na próxima sexta-feira, antecedida pelo inédito encontro com o patriarca ortodoxo de Moscovo.
“Confio à oração de todos vós tanto o encontro com o patriarca Cirilo como a viagem ao México”, concluiu.
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