Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 02 OUT 2017 - 12H17

A aparência de religiosidade não salva!

 impurita

A aparência de religiosidade não salva!                

 

Finalizando o mês de agosto as nossas comunidades se regozijam com as e os catequistas por sua vocação, seu abnegado serviço na formação cristã das crianças, adolescentes, jovens e adultos. A catequese é o ministério primeiro, mais necessário e importante. Ainda é comum considerar a prática religiosa cristã como uma obrigação a cumprir. Seria isso resultado da própria catequese atual, insuficiente, pouco motivadora, sem um apoio efetivo dos pais? Ou consequência da fraqueza e incoerência em seguir Jesus Cristo? Viver a religião (inclusive a catequese) como obrigação a cumprir, resulta de motivação exterior, tradição ou costume. Mas a Palavra de Deus na Bíblia pede e espere uma consciência viva da intimidade com Ele. Chama-nos à comunhão com sua santidade, à vivência alegre de sua graça. Não se trata de fazer ritos e gestos religiosos dentro da Igreja ou fora dela, com poucas pessoas ou com uma multidão emocionada e entusiasta.

A prática religiosa se mantem e se transmite também mediante tradições, costumes familiares e sociais. E até por rotina individual. Isso é válido se as tradições forem boas e nos subordinarem sinceramente a Deus no amor. Caso contrário elas são inimigas da vitalidade na fé, enfraquecem os laços religiosos pessoais e comunitários e nos impedem ser santos. É preciso participar de ritos e celebrações exteriores, mas enraizados na opção livre de ser cristão (ã). Ter coerência de vida perante os outros acima de tudo por amor a Deus. Honrar a Deus com o coração e não só com os lábios.

O Evangelho nos acautela contra os desvios do ritualismo ou formalismo exterior no culto, nas celebrações e festas religiosas. Uma prática religiosa ritual ou só de conveniência leva à Igreja em ocasiões aparentemente mais sociais que religiosas de fato. Coisa frequente em casamentos, batizados, missas de sétimo dia, eventos civis de caráter político ou não, onde a missa é apenas acessório, como numa formatura. Esta fé só de ocasião ou conveniência não salva. Não purifica ninguém perante Deus. Não produz graça. Não liberta do pecado. A prática religiosa sincera vem do coração. A falsa, contenta-se com ritualismos. É o que nos ensina Jesus! Leia: Marcos, 7,1-8; 14-15; 21-23.

No tempo de Jesus havia a cultura da chamada pureza ritual. Um cuidado para não ficar impuro contaminando-se com coisas, pessoas e certas situações anti-higiênicas na saúde. Fazia parte do nacionalismo judaico. Os povos vizinhos eram idólatras, isto é, adoravam ídolos como deuses. No código da Aliança havia normas rígidas prevenindo a contaminação com esses povos. O Deus bíblico era único e o ‘Santo dos santos’. Seu povo devia honrá-lo com uma vida santa. Da santidade de Deus derivava-se a observância da pureza legal ou ritual inclusive nas inúmeras abluções antes da refeição, na compra dos alimentos no comércio e no seu preparo. Todo culto, toda magia, tudo o que era considerado sagrado pelos povos pagãos vizinhos era tido como “impuro” ou contaminado para os hebreus. Assim prevenia-se o perigo da idolatria considerada a pior das impurezas. Ser infiel à aliança com Deus era o maior dos pecados!

Mas, os líderes religiosos inflacionaram as normas e preceitos da pureza legal ou ritual apelando para as “tradições dos antigos”. Supervalorizou-se o cumprimento meticuloso de ritos e costumes antigos, mais que a pureza interior, o amor sincero a Deus. Desvirtuou-se a prática religiosa. Justiça, moral, convívio honesto nas relações de comércio ficaram prejudicados.

Jesus se insurgiu contra a impureza ritual. Atos rituais devem nascer da sinceridade interior. Serem coerentes com os atos morais. Um ato religioso é feito acima de tudo para o louvor de Deus. É impossível ser falso com Deus. Ou apenas guardar as aparências externas de limpeza e santidade. Como louvá-lo nos ritos se a pessoa não tem uma vida moral pura aos olhos santos do Senhor? Ao criticar o esquema oficial da prática religiosa segundo as elites do seu tempo Jesus nos previne contra a raiz psicológica do pecado. Ele está nas intenções e desejos desordenados. É preciso ter a consciência honesta e sincera, moralmente formada e orientado para Deus. .

 

Um olhar para MariaMaria Mãe de Deus

Cheia de graça e toda pura, Maria submeteu-se humildemente à legislação cívico-religiosa e aos costumes populares bíblicos. Ia ao Templo de Jerusalém não por conveniência ou prática ritual, mas em total entrega à Palavra de Deus. Seus braços de Virgem oferente levaram o recém-nascido - o Santo de Deus- para consagrá-lo como primogênito dos irmãos, que somos nós. Fez uma oferenda dupla: a do bebezinho que já era o “Ungido do Senhor” e a dela se purificando conforme a cultura da impureza ritual. Não precisava daquele ritual, pois a ação criadora do Espírito de Deus purificara seu seio virginal. Mas, sua oferta de obediente a Deus e submissa às leis humanas prolongou o Fiat da encarnação. Os mistérios de Cristo e de sua mãe vão se entrelaçando para que saibamos vive-los acima das tradições e costumes sociais.

     

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