Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 25 MAR 2019 - 17H27

A luz dos olhos de Jesus iluminou a vida toda do cego no caminho

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Jo 9,1.6-9.13-17.34-38              

O itinerário quaresmal irmana nosso olhar dirigido ao horizonte da vida plena e vitoriosa sobre o pecado e a morte. A Páscoa era lá no início a data esperada por todos. Nesse dia os adultos convertidos e preparados eram batizados adquirindo a identidade cristã. Quaresma e Páscoa nos ajudam a reviver o compromisso do nosso batismo hoje. Renovado cada dia ele se torna o fermento da fraternidade no convívio socioeconômico e político. Reafirmamos a cultura luminosa da vida face à das trevas: pecado e morte, centralizada no egoísmo, orgulho, ambição, desamor. Com a luz de Cristo refletindo-se em nossos olhos, distinguimos quais caminhos trilhar e que comportamentos manter em meio às maldades de um mundo tiranizado sob a pressão cega das paixões humanas. O seu olhar no nosso, nos dará uma visão crítica sobre as ameaças à vida humana digna: no aborto que nega o direito de nascer e na eutanásia que elimina o idoso, o paciente terminal como inúteis.

Como Jesus viu seu tempo? Ele enfrentou corajosamente a poderosa instituição político-religiosa e cívica do Templo judeu. Denunciou os interesses, os privilégios, as vantagens sociais das classes dominantes. Se quisermos ser os discípulos e missionários dele hoje não podemos concordar que se dê valor ao ser humano apenas em função de sua capacidade de produzir, dominar e explorar recursos naturais e no trabalho humano esvaziando assim o valor da vida em si mesma. Cada ano a Campanha da Fraternidade ilumina a caminhada para a Páscoa nos conscientizando e mobilizando anseios em prol do direito indisponível à vida em todos e para todos. Isso é inseparável dos cuidados ecológicos e ambientais. Toda a Criação amada e desejada por Deus é o ambiente concreto onde realizamos a vocação de existir bem e felizes.

 

Cura do cego

Ser batizado, acreditar em Jesus Cristo e pertencer
à sua Igreja, é passar da cegueira (trevas; vida sem
sentido), para a luz.

O texto evangélico de São João lido no 4º domingo da Quaresma é a catequese aplicada no começo da Igreja sobre a iluminação do batismo. Narra a cura do cego de nascença feita por Jesus. O mendigo cego estava oprimido mais pelo sistema político e religioso do Templo do que por sua deficiência física. Não tinha uma vida feliz. Jesus o viu e libertou das trevas. O fato é um sinal do Batismo. Nele, Jesus ilumina as pessoas e o caminho da própria vida humana. Ler: João, 9 1-41.                                                                                                                  

A narrativa estende-se por detalhes simbólicos referentes ao novo nascimento que vem do batismo cristão, início da fé em seguir Jesus. Seguir é comprometer-se! Logo, é um erro ver no Batismo apenas mais um ato religioso. Pior ainda se motivado por costume social. Ele inicia o projeto da vida inteira. Uma vez recebido deverá iluminar todas as nossas decisões e os nossos passos. Ser batizado, acreditar em Jesus Cristo e pertencer à sua Igreja, é passar da cegueira (trevas; vida sem sentido), para a luz. É ser libertado do poder do mal e do pecado e caminhar livre e conscientemente em busca da verdade, da justiça e do amor. O batismo, sacramento da fé, caracteriza a nossa verdadeira identidade humana e cristã. Vivido todos os dias de modo consciente protege contra a alienação que leva alguém a pensar e agir conforme as opiniões dos outros, a pressão da mídia, os caprichos e modas do momento.

 

O cristão é aquele ou aquela que saiu da condição de cego ao conhecer Jesus. Ao ver Jesus. “VER” no evangelho de João significa conhecer e seguir Jesus Cristo, como luz da vida e salvador do homem. O cristão é um “iluminado”.

A cura do cego de nascença não reconta só um milagre. Fala de um milagre-sinal! Leva-nos ao mistério da auto revelação de Jesus esclarecendo nossa relação de fé com Ele sob o símbolo da luz. O episódio retrata como será difícil a quem aceitar a fé em Jesus caminhando aí no mundo. Avisa as dificuldades que esperam o discípulo na comunidade de Jesus. Faz-nos perguntar: O que é ser cristão? Cristã? O que isso implica nas ideias, ações, comportamentos? Atos pessoais, atos comunitários, atos sociais!

Nos atos religiosos: batismo, missa, confissão, comunhão, casamento na Igreja, a comunidade cristã celebra a fé e sedimenta nela seus princípios, convicções e opções de vida. Não celebra atos sociais ou ritos religiosos alheios aos problemas vividos dia a dia no mundo. Não é só tradição nem só um ato subjetivo alheio à vida fora da igreja. Ao contrário: reforça a disposição da “igreja em saída”! Que busca Jesus como suprema luz de toda a nossa vida. O cristão é aquele ou aquela que saiu da condição de cego ao conhecer Jesus. Ao ver Jesus. “VER” no evangelho de João significa conhecer e seguir Jesus Cristo, como luz da vida e salvador do homem. O cristão é um “iluminado”. É luminoso em face às trevas do mundo sem sentido. Oferece esperança nas situações humanas mais desesperadoras. Libertados pela Páscoa de Jesus, temos o segredo da vida plena e feliz! Temos a sua força!

Um hino religioso mariano entrou no agrado do povo cristão. Canta em Maria a pessoa “iluminada e iluminadora, inspiradora de quem quer amar e andar com Jesus. Primeira cristã fiel a Jesus por todo o lugar, na luz e na cruz.” Seus títulos são milhões de luzes que nossa devoção acende para louvá-la. (Pe. Zezinho SCJ). Os olhos de Maria foram os primeiros a ver, contemplar Jesus “à luz dos olhos dele”! Que por seu amor de mãe tenhamos consciência viva do Batismo em Cristo e da pertença fiel à comunidade-Igreja. Seremos a luz do Reino onde dominam as trevas do pecado.

 

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