Por Eduardo Lopes Caridade Em Artigos

Cinco verbos que animam a missão

Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (Alegria do Evangelho) o Papa Francisco, pede uma Igreja em saída, onde no “Ide...” de Jesus, todos somos chamados a sair do comodismo e evangelizar; ir as periferias, as pessoas que estão distantes do Evangelho.

O Papa exorta todos os batizados a 1)primeirear”; 2) envolver-se; 3) acompanhar; 4) frutificar e 5) festejar. São cinco verbos indicando ações, mostrando que a Palavra de Deus tem uma potencialidade, que não conseguimos prever, apontando Deus, que toma a iniciativa, e com sua Palavra quer nos envolver.

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Para o cristão, que tem Maria como modelo, e, a partir de um olhar contemplativo em algumas passagens do Evangelho, pode-se, por analogia encontrar respostas a nossa missão, onde a partir de seus gestos, aplicamos a nossa vida.

:: Maria, primeira missionária da Igreja  

Maria, primeireou, ou seja, tomou a iniciativa, quando respondeu ao anjo com o seu “sim”. Pois a um Deus que se revela nossa resposta não pode ser outra. Primeirear, foi a primeira atitude de Maria que nos ensina “humildade”, pois Maria nada mais tem, a não ser Deus e se coloca totalmente a serviço dessa Palavra criadora. Nos dizia Santo Agostinho: “concebeu primeiro em seu coração e depois em seu ventre”. Aqui representa a fé da Igreja. Como está o nosso sim, aquele primeiro chamado que recebemos?

Com Maria aprendemos ousar, conforme narrado em Jo 13,17: “Sereis felizes se o puserdes em prática”. Ser caminheiro na fé, pensando na continuidade da obra. Primeirear, primeiro passo de um processo interior que nos coloca em saída. Mas, precisamos ir além, envolver-se.

Maria, se envolveu, com o projeto do Reino, que é de Justiça, Amor e Paz. Se envolveu em Caná da Galiléia a ponto de interceder junto ao Filho: “Eles não têm mais vinho” (Jo 2,3). A nova Aliança, a passagem do Antigo para o Novo Testamento. Tempo de renascimento pela água e pelo Espírito (Jo 3,5). Todos estes acontecimentos se repetem quando nos envolvemos. Estamos em nossas vidas fazendo novas todas as coisas?

Envolver significa rodear, abraçar, interceder. Diálogo, amizade, devem ser atitudes na vida dos devotos de Maria, pois, na alegria, o envolvimento se torna fecundo, gerando e formando pessoas novas. Mas, precisamos continuar, agora, com o acompanhamento.

Maria, acompanhou Jesus até a morte de Cruz: “Eis o teu Filho... Eis a tua Mãe” (Jo 19,26-27), forma-se assim, ao pé da cruz, a primeira comunidade da Nova Aliança. Jesus envia seu Espírito a partir da cruz (Jo 19,30) sobre seu pequeno rebanho que é presidido por Maria. Nasce a Igreja. Apesar de juramos fidelidade por toda a vida, acompanhamos nossos projetos?

A comunidade evangelizadora precisa se dispor a acompanhar, mesmo que o processo seja duro ou demorado. De certa forma acompanhar é um aprendizado, pois aprendemos a ser pacientes e compreensivos com os outros, também nos habilita a encontrar as formas para despertar nestas pessoas, a confiança, a abertura e a vontade de crescer. Cabe a nós Povo de Deus, acompanhar para assim ver os frutos que hão de vir.

Maria frutificou, pois é chamada “Estrela da Evangelização”, evangelizadora da Igreja em vários sentidos e até hoje a Igreja aprende com Maria a ser Mãe, ao gerar os novos cristãos para a vida divina, vida advinda na água do Batismo. A missão evangelizadora de Maria, continua na Liturgia, na oração do Rosário, nos Santuários Marianos, na Libertação dos Povos. Maria frutifica quando animamos outros à missão. Quais frutos já demos no serviço à Igreja?

 

O verdadeiro cristão não desanima, ele quer primeirear, ele quer se envolver, para acompanhar e fruticar.

Frutificar significa dar frutos, transformar-se em algo novo. No meio do caminho, encontramos pedras, encontramos joio, mas não desanimamos, pois o verdadeiro discípulo não desanima, sabe como enfrentar as reações de desânimo, de lástima, que irão surgir. Devemos promover ações que geram novos dinamismos, comprometendo pessoas, para desenvolverem movimentos com convicções claras do que querem. O verdadeiro cristão não desanima, ele quer primeirear, ele quer se envolver, para acompanhar e fruticar. Mas, também quer festejar, não como aqueles que festejam com os atalhos da corrupção, à custa da miséria de muitos.

Maria festeja, na glória de Deus, Assunta ao céu, como um grande sinal que apareceu no céu (Ap 13,1), vestida com o sol, tendo a lua sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas (Ap 12,1). Maria festeja, ressuscitada com seu Filho e nos indica o caminho para a meta, a nós, os simples humanos que esperamos o resgate de nosso corpo, não por direito de nossa natureza, mas por pura graça. (Lumen gentium, 59). Que fiz?, que faço?, que farei para mais Amar e Servir?

Festejar é fazer festa, demonstrar alegria, comemorar, louvar, aplaudir. Por fim, todo comunidade precisa festejar as conquistas, pois no meio da exigência diária fazer avançar o bem, será um júbilo. Há que se festejar, celebrar cada pequena vitória. E, quem vai a uma missão não retorna empobrecido e sim, enriquecido humana e espiritualmente, por isto a missão há que continuar.

Salve Maria!

 

Eduardo Lopes Caridade
Associado da Academia Marial de Aparecida

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