Por Ana Alice Matiello Em Artigos

Maria, o gênero inocente da humanidade

Maria Mãe de Deus

O olhar da Virgem é o único olhar verdadeiramente infantil, o único verdadeiro olhar de criança que jamais se fixou em nossa vergonha, em nossa desgraça... Para implorá-la bem, é preciso sentir sobre si este olhar... que a faz mais jovem que o pecado, mais jovem que a raça da qual ela mesma procede; e ainda que seja Mãe pela graça...é também a caçula do gênero humano. (Georges Bernanos).

 

É próprio da inocência o não pensar em si, ela acompanha o coração como uma sombra que não se deixa capturar. A inocência, grosso modo, muitas vezes confundida com ingenuidade, infantilidade, etc., é obviamente o oposto de tudo isso e está, com toda a certeza, acima de todas as boas intenções que podem nascer nos corações humanos a partir de suas experiências entre o bem e o mal, como diz o Apóstolo Paulo: “Examinai tudo: abraçai o que é bom” [1]. O que distingue a inocência de todos os outros atributos, seja de ordem estética (ingenuidade) ou de ordem ética (o bom), é que ela pertence ao mistério de Maria, a primeira humana depois de Eva que não viveu somente na inocência, mas foi ela própria a inocência. Com Maria a inocência entrou novamente no mundo. Como relata o Evangelho de Mateus[2]: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo”. Nisso, a Palavra também exorta-nos a não temer receber a Inocência por mãe.

 

O que ela vê é simplesmente a possibilidade do amor onde ninguém mais o vê.

A inocência é a arma mais doce e viva contra a astúcia, armadilha e cilada do “demônio”. Um coração cheio de desconfianças, maquinações, especulações, meios e fins tão presunçosos, será jogado para longe por um simples olhar da inocência, pois não há esperteza que consiga contaminá-la com a sagacidade do coração cheio de duplicidade. Mais difícil ainda é lhe causar qualquer dano, mesmo se mil e uma noites sejam vividas para este fim. Ela permanece... Imaculada!

A inocência longe de ser como a cegueira da maldade, é a única a ver a gravidade do mal não em termos competitivos mas gerador, pois a sua visão é fecunda. O que ela vê é simplesmente a possibilidade do amor onde ninguém mais o vê. A recusa categórica da possibilidade do amor, no seu grau mais elevado, é compreendida como o estado demoníaco da condição humana. Ou seja, a consciência de ter perdido um amor eterno torna-se um tormento demoníaco, e no ódio se volta contra o amor que lhe oferecera salvação. Tendo acolhido o amor eterno, Maria é a inocência que esmaga a cabeça da serpente: quanto mais ama, mais destrói a discórdia e a mentira do mal. Não há engenhosidade humana capaz de vencer seu doce olhar. Ver sua luz e não deixar-se amar por ele é pior ainda!            

                                                                                                                   

Ana Alice Matiello
Associada à Academia Maria de Aparecida. Mestra em Ciência da Religião – UFJF.

[1] 1 Tessalonicenses 5, 21.
[2] Mateus 1, 20.

A inocência é a arma mais doce e viva contra a astúcia, armadilha e cilada do “demônio”.
O que ela vê é simplesmente a possibilidade do amor onde ninguém mais o vê.
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