Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 25 MAR 2019 - 17H27

O Messias humilde entra vitorioso em Jerusalém

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Mateus, 21, 1-11 

Inicia-se mais uma Semana Santa para nós cristãos! Será celebrada com grande fé em muitas paróquias, capelas de bairros e comunidades cristãs por esse imenso Brasil! De modo diferenciado aqui e ali, mas milhões de pessoas ainda se envolvem na religiosidade da Semana Santa! Ela parece destoar e confrontar-se com uma sociedade materialista, consumista e secularizada em que as atividades sociais e os interesses econômicos dificultam a prática religiosa. Mas a piedade do povo brasileiro leva a Semana Santa às ruas na maioria das cidades. É grande o número de fiéis nas procissões do Encontro doloroso; do Senhor morto, entre outras tradicionais. A procissão da Ressurreição conferiu novidade ao amanhecer do dia da Páscoa. As Igrejas são mais frequentadas. São atendidas inúmeras confissões. Enfim, tudo contesta a análise da mídia poderosa sobre a evasão dos fiéis da Igreja Católica.

Os dias da Semana Santa são iguais aos outros. As pessoas se entregam aos seus afazeres e trabalhos, negócios e projetos. O feriado da Páscoa incentiva o turismo, viagens à praia, diversões e lazer. Na verdade santificar a semana vai depender exclusivamente de nós. Do grau de nossa fé e amor a Jesus Cristo. Da participação consciente, piedosa, compenetrada nas cerimônias religiosas da comunidade. Depende de nós criarmos espaço, dar-nos uma chance para rezar mais, ouvir com atenção a Palavra de Deus, fazer memória do mistério pascal do Senhor na sua morte e ressurreição. Enfim, este poderá ser ou não um tempo de bênçãos e graças que de todo modo desafiará a nossa fé.

O primeiro ato religioso da Semana Santa é a bênção dos Ramos. Revive a entrada solene de Jesus em Jerusalém, acompanhado de seus discípulos. Ler: Mateus, 21, 1-11.

A narrativa da entrada de Jesus em Jerusalém, capital da Judéia, focaliza além do fato histórico e mais do que ele a realização das profecias messiânicas. Mostra que Jesus é o salvador previsto na Bíblia. Projeta a pessoa dele conforme os textos bíblicos, os anúncios dos profetas sobre o papel do Messias esperado. Sem dúvida na ultima semana de sua vida Jesus esteve em Jerusalém. Enfrentou ali o combate final contra o esquema de poder instalado no Templo. Sua presença na capital e sua fama já conhecida como profeta e homem de Deus, mexeram com o povo e mais ainda com os nervos dos líderes judaicos. Humilde no jeito, manso na fala e sempre cercado de gente simples, Jesus incomodava. Era uma ameaça “político-religiosa” ao poder estabelecido. O Evangelho quer realçar isso justamente ao narrar como um dado messiânico a entrada de Jesus em Jerusalém. Ele entra como rei pobre e sem poder e mesmo assim vitorioso! Anuncia que no reinado de Cristo a vitória não será dos poderosos, mas dos humildes que se sacrificarem pelos outros. Eles vencerão, e não os egoístas e ambiciosos. As ações de Jesus são contrárias a todos os esquemas de poder, grandeza, prestígio e ostentação. Ora, Jerusalém era o centro de tudo isso. E tudo isso desvirtuara a prática religiosa genuína. O Templo, símbolo material da Aliança entre Deus e o povo, fora instrumentalizado pela cobiça do dinheiro e de privilégios. Tornara-se o centro da opressão e humilhação do povo mais simples em vez de ser fonte de liberdade, justiça social e partilha dos bens da vida para todos. Confrontado com esse contexto social Jesus tinha consciência da sua missão profética. Sentia-se chamado por Deus a anunciar a justiça do Reino que estava chegando para mudar aquele esquema. Esse é o contexto da “entrada messiânica”.

O povo, principalmente a classe pobre, esperava um messias libertador. Talvez até guerreiro, mas homem justo, amigo dos humildes e não corrompido com as elites do Templo e seus interesses. O Evangelho, porém, traça outro perfil do Messias. Ele é um rei sim, não à moda da expectativa popular. Ele tem poder sim, mas dissociado da violência, da dominação e do jogo das forças políticas. Ele é o “senhor”. Basta uma só palavra sua ao dono do jumento e os discípulos poderão desamarrá-lo e levá-lo ao Mestre. Montado num jumentinho Jesus não é aquele guerreiro forte cavalgando fogosa montaria à frente de brilhante comitiva.

 

“Dizei a Jerusalém (filha de Sião): eis que teu rei vem a ti, manso e montado num jumento”.

É apenas o líder previsto pelo profeta Zacarias: “Dizei a Jerusalém (filha de Sião): eis que teu rei vem a ti, manso e montado num jumento”... (v.5).

A festa da Páscoa comemorava a antiga libertação e saída da escravidão no Egito. Os peregrinos vinham chegando de todas as partes do País. Também Jesus, acompanhado de seus discípulos, dirigiu-se ao Templo. Passando pelas ruas foi reconhecido e aclamado como um enviado ou um profeta trazendo a esperança de salvação ao povo sofrido! “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor... Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia!”

:: Bendita sejais, Senhora das dores!

A pessoa de Maria, inseparável do Filho na última semana da vida dele, não aparece nos momentos de glória e sim de dor: Nossa Senhora das dores! Que sua intercessão apoie a nossa fé par que não paremos na recordação. É preciso aproveitar o tempo bendito da graça na chance da Semana Santa.

 

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