Por Carmen Novoa Silva Em Palavra do Associado Atualizada em 03 OUT 2017 - 08H39

Santuário de Aparecida - Canto ao Tricentenário – 2017

Foto de: Thiago Leon

Obra do baldaquino finalizada (Foto Thiago Leon)

Santuário Nacional - Baldaquino

 

:: Santuário inaugura baldaquino da grande obra da Cúpula Central em março

Santuário de Aparecida... Não preciso de maiores luzes para saber de tua distinção, como o mais significativo monumento histórico do Brasil, entre tantos outros arcos triunfais aqui erguidos e que a mecanizada visão de hoje, programada em olhar apenas o adiante, impede a percepção de toda tua magistralidade.

Santuário nosso... para sentir todo teu especial caráter de tradição...para sentir, como se no agora fosse, o teu nascer, fruto não só da inteligência e energia de um povo, mas de interior força , advinha decálogos de fé e devoções da milenar idéia cristã, imprimindo em passadas gerações ... Para sentir tudo isso, não me basta o teu sem-fim de arcos e graciosidades das torres, teus átrios e lajes sepulcrais, púlpitos e altares, pinturas e estátuas sacras...

Aqui, ao pé do altar do templo, sob a invocação da Imaculada Conceição Aparecida...

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Aqui houveram privilegiadas mãos pintando em afrescos, constelações, anjos e excelsa atmosfera e houve quem, em admirável inspiração, esculpiu imagens e conjunto de símbolos dizendo da Bem-Aventurada Mulher que em benefício da humanidade, mudou o nome de Eva para Maria.

Aqui houveram privilegiadas mãos pintando em afrescos, constelações, anjos e excelsa atmosfera e houve quem, em admirável inspiração, esculpiu imagens e conjunto de símbolos dizendo da Bem-Aventurada Mulher que em benefício da humanidade, mudou o nome de Eva para Maria. Aqui, dos teclados dos sábios, teclados dos órgãos, sempre alçaram vôo, magistrais sons com intima convicção da existência de alguém superlativo a reger as sinfonias do universo. Desse universo, só bendito, porque virginais pés não permitem sobre ele o toque e as desarmonias do maligno...

Santuário nacional... Para respirar toda essa atmosfera de paz e religiosidade, não necessitava de magnífica técnica arquitetônica ou exuberância decorativa ou ainda ser o edifício rei da prodigiosa arte de uma época... Para sentir algo mais além de tudo isso, basta que jamais cesse o revoar, o doce revoar das aves de teu campanário... Sim, eu vejo nesse poético voar de inexplicável domínio sobre a alma, o encerrar-se de uma estratégia. Essa divina estratégia que escolhendo as aves dentre os muitos seres da natureza, para indicar o santuário como silenciosa lição de Eternas Verdades, não permite aos homens o limite, o curto limite do olhar somente o chão... Olhar aves de campanários!...Como evitar tal sedução? Como, se mesmo pertencendo aos céus, andam despidas da ousadia da autodivinização, e alertam à estirpe terrena em orgulho de conquistadores de espaços siderais, de que sempre haverá alvoroço nas auroras, porém só nas torres, nas pacíficas torres, haverá lugar certo e sereno para todos os crepúsculos. Escutar aves de Campanários!...Se até os gênios que tudo questionam e para tudo tem uma explicação, científica; e analisam e duvidam! Se com todo o potencial dos intelectos, ainda hoje buscam o porquê dos eternos e fies gorjeios à sombra de sagradas paredes; como não haverão de entender a musicalidade transcendental de trinados, se para isso basta apenas um coração que vibra, e canta e simplesmente crê? Aprenda com as aves... Que não vivem o século, obsessas pelo pensamento de medir o IMENSO, mas sabem viver as eras, com a sábia grandeza de serem partículas da obra desse mesmo Imenso. Ser como as aves... Livres, mas atentas ao perigo das quedas, Simples, mas ofertando adornos que nunca envelhecem. Sábias porque desprezam os primeiros lugares e nem fazem anunciar sua presença, mas ofertam voluntários dons, em forma de perseverantes voos, que se, pouco dizem ao mundano olhar muito falam à Perfeição. Homens que atingiram o poder de criar o caos no erguer de um só dedo e não sabem criar, nem por segundos, um universo de espiritualidade! Homens de olhos baixos, vergados por vícios e ridículos sociais de um tempo materialista e genuflexos perante deuses apocalípticos! E por isso não podem divisar num simples levantar de olhos, o seu gênesis em arcos de mística luz, envolvendo torres e abóbadas e tampouco sentir bonança trazida pelo revoar, o doce revoar das aves do campanário... Esse, o cântico maior!

Carmen Novoa Silva é teóloga e membro da Academia Amazonense de Letras e da Academia Marial de Aparecida
e-mail: novoasilva@yahoo.com.br

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