Por Pe. Antonio Clayton Sant’Anna, C.Ss.R. Em Grão de Trigo Atualizada em 26 MAR 2019 - 12H50

Traços da fé progressiva na ressurreição de Jesus

 Homilia 2º Domingo Tempo Comum - ANO C

  Jo 20,19-31                      Divina Misercórdia

No 2º Domingo da Páscoa o calendário católico celebra a Festa da Divina Misericórdia instituída pelo então Papa João Paulo II no jubileu dos dois mil anos da Encarnação de Jesus. E neste ano santo do Jubileu extraordinário da Misericórdia o Papa Francisco chama a Igreja a ser instrumento do perdão levando as pessoas a confiarem na misericórdia de Deus. Confiança filial e total. A mensagem do Evangelho enfoca a paz entendida à maneira da Bíblia, ou seja, a soma de todos os bens. A justiça perfeita. A felicidade total. Esta bênção da paz, Jesus a conquistou com sua vitória sobre a morte e o pecado, pois Deus recompensou sua fidelidade extrema tornando o corpo de Jesus de Nazaré glorioso com a ressurreição. Ele foi o ‘Servo sofredor’ Mas, vencendo o pecado e a morte pode nos comunicar a força do seu Espírito e continuar na Igreja a paz pascal no perdão aos pecadores. Esta sua vitória sustenta e leva avante a vida da Igreja animando as comunidades cristãs em suas tarefas e lutas por uma sociedade ajustada ao Projeto divino do Pai.

A ressurreição de Jesus iniciou a nova criação que prossegue na História até o fim dos tempos. No corpo glorioso de Jesus Cristo foi-nos dada uma nova condição humana, um novo e misterioso modo de viver. Sendo discípulos Dele, somos herdeiros e promotores da nova criação, do novo tempo que surgiu do túmulo fecundo de Jesus.

A Eucaristia revive e atualiza a Páscoa libertadora do Senhor. Foi aí que nasceu o domingo lá no passado: quando nossos irmãos e irmãs se reuniam para celebrar Jesus ressuscitado e presente com eles. O domingo ficou sendo o 1º dia de uma nova criação. Desde então, o “sopro vital” do ressuscitado, dom da sua Páscoa, vem dinamizando as comunidades cristãs em todos os séculos, desde os apóstolos aos quais Ele se mostrou o vivente glorioso. O significado de suas aparições está no texto joanino. Leia aqui: João 20, 19-31.

Eis a catequese original fundante da Igreja. Não é uma simples narrativa ou relato histórico. São João está afirmando que ser cristão é acreditar e viver para a ressurreição de Jesus, praticando a fé compromissada. Tal condição e experiência só é possível através da comunhão vital com e no Espírito Dele. É seu Espírito quem santifica os fiéis, reunindo-os em comunidade de fé e caridade e confirmando-os nas dificuldades. A força misteriosa do Espírito é o “motor” da missão da Igreja. Ela está sendo continuamente mobilizada e impelida por ele...

Apreciemos alguns detalhes desta catequese primitiva do cristianismo. O texto informa: “ao anoitecer do 1º dia da semana Jesus se fez presente no lugar onde os discípulos estavam e disse a eles: a paz esteja convosco” (v.19). Aqui, o 1º dia indica o domingo. o dia que é do Senhor que ressuscitou. A Páscoa é o 1º dia, é o início de uma situação nova. Por isso, os cristãos substituíram o sábado judaico, o 7 º dia bíblico da Criação, pelo domingo, o 1º dia da nova criação em Jesus. Paz, alegria, perdão: estes são os sinais da nova criação, do novo tempo inaugurado pelo ressuscitado.

As paredes não são barreira para a sua humanidade gloriosa. Jesus “mostra aos seus as mãos chagadas e o lado” (v.20). Prova que é o crucificado! As chagas nas mãos e pés, a ferida no peito aberta com a lança do soldado não deixam m dúvidas. Ele é o cordeiro imolado da nova páscoa que nos dá a alegria da libertação “os discípulos até ali tristes se alegraram ao verem o Senhor!” (v.20).

O ‘soprar de Jesus’ simboliza o poder divino perdoar os pecados e atesta a situação vitoriosa de Cristo. O alento vital divino que está nele é repassado: “Recebam o Espírito Santo. A quem vocês perdoarem os pecados eles serão perdoados, a quem vocês não perdoarem, eles ficarão retidos” (vv.22s).

A narrativa menciona a ausência e descrença de Tomé. Quando lhe contaram a aparição do mestre glorioso, Tomé não quis acreditar. Acreditaria se visse! Ele teve de fato esta chance oito dias depois, quando novamente Jesus apareceu e reprovou a descrença de Tomé e este reparou o pecado produzindo o belíssimo ato de fé que a Igreja conserva até hoje: “Meu Senhor e meu Deus”!

Por último o texto liga a fé na ressurreição ao testemunho da comunidade. É a fé transmitida na Igreja “pós-pascal”. A nossa Igreja não nasceu de um fato histórico e nem só das lembranças do grupo de apóstolos que conviveram com Jesus. Hoje também, nós somos felizes na vivência da fé nele. Não precisamos de seguranças e certezas humanas para amá-lo. Mas precisamos nos integrar na comunidade dos que creem. 

 

Maria viveu profundamente, dia por dia, a experiência de Deus na fé e no amor. Desde que concebeu Jesus em seu seio ela entrou no processo de sua ressurreição. Mas, ela foi passando pelas dúvidas e interrogações; pelos desafios e esperanças na peregrinação da fé. Enfrentou muitos sofrimentos ao lado do Filho, até a hora da cruz. Não lhe foi fácil suportar a deserção dos apóstolos. Com certeza seu coração de mãe foi o primeiro a ser confortado com a alegria pascal. Sabemos sim que ela é nomeada em pessoa integrando a primeiríssima comunidade cristã que professou a fé no Senhor Jesus ressuscitado. Que a santa mãe do Cristo vivente ligue nossa vida ao mistério pascal todos os dias. Pela fé saibamos dar testemunho da força vitoriosa de Jesus sobre o pecado e os males que dele provem: doenças, egoísmo, males e morte. Aleluia!

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