Por Alexandre Santos Em Notícias

Salário não é fator mais importante para jovens, diz pesquisa

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O que mais satisfaz os jovens no mercado de trabalho? Um bom salário, alcançar cargos de liderança, aprender com um chefe competente ou manter um bom relacionamento com a equipe?

Para Fernanda Eggers, de 27 anos, fotógrafa de João Pessoa (PB), o mais importante é ter novos desafios. “O que me deixa mais feliz é a possibilidade de trabalhar com projetos novos, numa área na qual também me divirto e conheço pessoas novas, com diferentes desejos e pontos de vista”, afirma.

Já para o legendista e tradutor Luiz Fernando Alves, de 28 anos, é fundamental gostar do que faz. “Fazer algo de que gosta é a maior realização profissional. Aí salário, chefe, ambiente de trabalho, perspectivas de carreira, passam a ser secundários”, argumenta.

Uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) perguntou a 7.791 pessoas, com idade entre 15 e 26 anos: Para você, o que significa ser feliz no trabalho?

A resposta de mais de 53% dos jovens foi: Ter satisfação pessoal com o próprio desempenho. O estudo foi realizado entre 16 de dezembro de 2013 e 3 de janeiro deste ano.

Em segundo lugar, ficou a opção Conseguir conciliar vida pessoal e profissional, com quase 28% dos votos. Ter um relacionamento saudável com os colegas ficou em terceiro, com 9,87%, e Alcançar altos cargos e ter status ficou em quarto lugar, com 6,83% da preferência.

Arquivo Pessoal

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Marcelo Cunha: “A estabilidade, o maior
referencial da geração X, não é uma
característica repassada às novas
gerações”

Para a surpresa dos pesquisadores, Ganhar muito dinheiro ficou em último lugar, com apenas 2,35%. O analista de treinamento e desenvolvimento Marcelo Cunha justifica: “Atualmente, a recompensa financeira é vista exatamente como consequência natural da performance profissional”.

Segundo ele, uma enquete realizada em dezembro de 2012, perguntou o que as pessoas consideravam mais importante na carreira. Na época, 38,55% dos entrevistados responderam que o mais importante era ter sucesso e reconhecimento. “Esse dado reforça que a tese sobre a estabilidade, o maior referencial da geração X, não é uma característica repassada às novas gerações”, afirma.

Choque de gerações

Para o analista, o resultado da pesquisa deixa claras as diferenças entre o modo de pensar da Geração X, nascida entre 1960 e 1982, e a Geração Y, nascidos a partir da década de 1980 até final dos anos 1990. Segundo ele, a principal diferença é que a maneira de pensar da Geração X é governada pela razão e os processos não são apressados, por isso, geram maior segurança; absorvem o conhecimento com maior calma e paciência.

Segundo o especialista, a geração Y se desenvolveu junto com avanços tecnológicos significativos, como o acesso a informações e o advento das redes sociais. “São pessoas com interesses múltiplos, curiosas, sedentas por desafios que as façam superar os próprios limites e carentes de reconhecimento. Identificar essas diferenças e orientá-las para o enriquecimento do Know-how da empresa é um dos caminhos para garantir o sucesso da companhia”, indica.

Na opinião de Cunha, essa mudança de mentalidade tem como principal motivo o fato de que a Geração Y conta, desde o início da formação profissional, com orientações sobre a carreira e sobre autorrealização no trabalho. “Eles podem arriscar mais na busca por oportunidades que lhes agradem, pois a estabilidade financeira já foi conquistada pelos pais, membros da geração X”, argumenta. 

Lidar com as diferenças: um desafio

O especialista explica que, para lidar com os jovens profissionais, o setor de Recursos Humanos (RH) das empresas deve buscar entender as necessidades dos diferentes perfis. “Além disso, deve ajudar os gestores a reconhecerem essas diferenças entre gerações e auxiliá-los na forma correta de gerir de forma padronizada, sem desconsiderar as particularidades de cada um. Uma geração muito tem a aprender com a outra e o gestor capaz de perceber isso consegue desenvolver uma equipe de alta performance”, afirma.

Cunha explica que jovens e adultos têm times diferentes no mercado de trabalho. “A juventude busca enfrentar desafios a cada dia, a cada tarefa; gosta de ter liberdade para executar, saber que pode contar com auxílio e obter o reconhecimento por seus resultados. Em resumo, a geração Y tem pressa e gosta de inovação e desafios constantes. Não respeita hierarquia e é ambiciosa. Muito diferente da geração X, focada em cumprir regras e normas, em busca de estabilidade, que respeita a hierarquia e prefere a rotina”, descreve.

Contudo, o analista acredita que a percepção dos adultos sobre o mercado de trabalho também vem mudando. “Muitos remanescentes da geração X vêm se arriscando mais, mudando de profissão, muitas vezes em áreas totalmente diferentes do início da carreira. Tudo em busca de qualidade de vida, autorrealização, novos desafios e reconhecimento”, aponta. 

Falta de qualificação: um problema

Enquanto pesquisas mostram uma nova visão em relação ao mercado de trabalho, constata-se problemas como a falta de mão de obra qualificada. Uma pesquisa de 2012 realizada pelo Inep/MEC mostra que dos mais de 16 milhões de estudantes dos ensinos médio, técnico e superior, apenas 1 milhão são estagiários.

Na avaliação de Marcelo Cunha, é necessário dar mais oportunidades de qualificaçãoO estágio é a melhor maneira de praticar o aprendizado acadêmico. Sem exercício, o conteúdo fica inconsistente, o aluno não ganha confiança e a empregabilidade fica comprometida”, defende.

Segundo ele, os jovens também devem pesquisar, visitar sites de empresas e conhecer os valores de cada organização. “Converse com profissionais, leia jornais, revistas, descubra qual ramo pode oferecer atividades ou condições mais prazerosas ou favoráveis para o seu desempenho”, aconselha.

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