
“No princípio existia o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus. E o Verbo se fez carne e veio morar no meio de nós. E contemplamos sua glória, a glória que recebe do Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,1.14).
“Verbo” é palavra, mas também projeto, plano. Aqui, é o plano por excelência que o Pai sempre teve no coração, e que a certa altura “se fez carne e veio morar no meio de nós”. “O Verbo”, Seu projeto, era Seu “Filho único”.
Que maravilha! A definitiva Palavra, que continha em Si todas as demais Palavras que o Pai mais desejara nos dizer, a Palavra que continha Seus definitivos planos para nós-humanidade, Ele a diz e revela em Seu “Filho único”.
A partir desse “Filho único”, o plano por excelência do Pai para nós era nossa filiação divina: filhos e filhas d’Ele no Filho. Sempre nos quis filhos e filhas Seus! Não é o que normalmente professamos nas assembleias do Dia do Senhor?: “Creio... em Jesus Cristo, seu único Filho!”
Ainda maravilhoso e surpreendente: Seu Filho não Se faz apenas um profeta portador das Palavras-projeto do Pai. Não, Ele-Filho é essa Palavra-projeto encarnando-Se, já acontecendo em nossa humana carne. Quero conhecer o que o Pai tem de palavra, de projeto para mim? É Jesus, Seu “Verbo”, Seu Projeto feito carne!
E a tradução literal do grego é ainda mais maravilhosa: mais que “entre nós”, leia-se “veio morar em nós”: faz de nós, de nossa carne, Sua morada!
E o Pai que, com tanto carinho e por tanto tempo, preparava aquele divino-humano entreabraçar-se em Seu Filho, só ansiava por uma calorosa acolhida de nossa parte. Mas, infelizmente, “veio para junto dos seus, mas os seus não o acolheram” (Jo 1,11).
Entre esses “seus”, que “não o acolheram”, estava especialmente Seu povo Israel. De quem há tanto tempo Se declarara Deus! Que Se fizera presente já na vida de Abraão, confiando-lhe a paternidade de Seu povo! Que o libertara do Egito! Que Se fizera companheiro em sua travessia do deserto rumo à terra prometida! Que, por Josué, lhe entregara essa mesma terra! Que lhe enviara profetas preparadores daquele entreabraçar-se de Deus-Humanidade!
Mas, “não o acolheram!” No entanto, o Amor, sempre gratuito e incondicional, não desiste, é felizmente a indomável teimosia! Assim, “a todos, porém, que o acolheram, ele deu o poder de se tornarem filhos de Deus, isto é, àqueles que creem no seu nome” (v.12).
Os que acolhem Jesus-Verbo, Jesus-Filho, tornam-se os novos “Seus” de Deus: Seus filhos e filhas. São Seu novo povo, mas de entre a inteira humanidade, que abraça a divina proposta da filiação a partir do Verbo-Filho único. Eis “a Palavra”, desde o princípio guardada pelo Pai, e finalmente a nós revelada.
O “poder” que nos capacita a nos fazermos Seus filhos e filhas, e que Ele igualmente nos doa, é o Espírito Santo. E Este nos dá crer no Filho único, assimilar, fazer nosso o coração, pensamentos, atitudes d’Ele. Sim, “ninguém pode dizer: ‘Jesus é Senhor!’ a não ser movido pelo Espírito Santo” (1Cor 12,3b). Sem o Espírito, somos incapazes de qualquer bem, quanto mais de crer no Filho, de fazer-nos n’Ele filhos e filhas do Pai!
O novo e definitivo povo de Deus não mais se restringirá a uma determinada nação. Será constituído a partir da fé-adesão ao Filho-Verbo encarnado, seja de que nação for (cf. At 10,34s.).
O Filho-Verbo, ungido “com o Espírito Santo e com poder”, “passou fazendo o bem e curando a todos os que tinham caído sob o poder do diabo, porque Deus estava com ele” (v.38). Assim, a mesma prática do bem, na força do mesmo Espírito, será o distintivo dos que creem n’Ele, compondo o definitivo povo de Deus.
- Tenho Jesus e Sua prática como a definitiva Palavra de Deus para nós humanos?
- O esforço de passar a vida fazendo o bem é minha definitiva identidade cristã?
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Na radicalidade de Jesus, construímos o Reino (Lc 14,25-30.33)
Ele-Filho, pelo que é e faz, é o que devemos aprender. Ele fez-Se Filho “obediente até a morte e morte de cruz” (Fl 2,8). Colocou o Pai e Seu projeto de humanidade divinizada já aqui na terra, acima de Seu pai, Sua mãe, Seus irmãos e até da própria vida (cf. Lc 2,49; 22,42).

Reino de Deus: a vida é sagrada e inviolável (Lc 6,6-11)
Ao nos criar à Sua imagem e conforme Sua semelhança (Gn 1,26s.), Deus nos queria aqui na terra, o mais próximos d’Ele, já como filhos e filhas, uma só família com Ele. Dividia conosco Sua própria divina dignidade.

No Espírito, a sociedade paradisíaca (Lc 4,14-21)
De Seu Filho, “nascido de uma mulher”, o Pai esperava, com Ele e a partir d’Ele, inaugurar a humanidade, vivendo já na terra Sua própria vida trinitária
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