Na tarde de ontem (07), Papa Francisco se encontrou com professores, estudantes e pessoas relacionadas ao mundo da educação na Pontifícia Universidade Católica do Equador, em Quito. No início de sua fala, o Santo Padre retomou dois verbos citados em Gênesis e na Parábola do Semeador: “cultivar” e “cuidar”. Também utilizou diversas citações de sua recente Encíclica Laudato Si.
Para ele, as duas palavras andam de mãos dadas. “Não cultiva quem não cuida, não cuida quem não cultiva. Somos convidados não somente a participar na obra criadora cultivando-a, fazendo-a crescer, desenvolvendo-a, mas também a cuidá-la, protegê-la e guardá-la”.
A relação entre a nossa vida e a da nossa mãe terra - alertou o Papa – é uma relação que encerra uma possibilidade tanto de abertura, transformação e vida, como de destruição e morte:
“Uma coisa é clara! Não podemos continuar a desinteressar-nos da nossa realidade, dos nossos irmãos, da nossa mãe terra. Não nos é lícito ignorar o que está a acontecer ao nosso redor, como se determinadas situações não existissem ou não tivessem nada a ver com a nossa realidade. Não cessa de ecoar, com força, esta pergunta de Deus a Caim: «Onde está o teu irmão?» Eu me interrogo se a nossa resposta continuará a ser: «Sou, porventura, guarda de meu irmão?» (Gn 4, 9)”.
Aos educadores
O Papa observou que, neste contexto universitário, seria bom se interrogar sobre a educação a respeito desta terra que clama ao céu. Os nossos centros educativos – disse ele - são uma sementeira, uma possibilidade, terra fértil que devemos cuidar, estimular e proteger. Terra fértil, sedenta de vida. E perguntou aos educadores:
“Velais pelos vossos alunos, ajudando-os a desenvolver um espírito crítico, um espírito livre, capaz de cuidar do mundo atual? Um espírito que seja capaz de procurar novas respostas para os múltiplos desafios que a sociedade nos coloca? Sois capazes de os estimular para não se desinteressarem da realidade que os rodeia? Como entra, nos currículos universitários ou nas diferentes áreas do trabalho educativo, a vida que nos rodeia com as suas perguntas, interpelações, controvérsias? Como geramos e acompanhamos o debate construtivo que nasce do diálogo em prol de um mundo mais humano? O diálogo, esta palavra ponte, que cria pontes”.
O Papa lançou outro questionamento, para uma situação que envolve a todos, famílias, centros educativos, professores:
“Como ajudamos os nossos jovens a não olhar um grau universitário como sinônimo de maior posição, dinheiro, prestígio social? Não são sinônimos. Ajudamos a ver esta preparação como sinal de maior responsabilidade perante os problemas de hoje, perante o cuidado do mais pobre, perante o cuidado do meio ambiente?”
Aos universitários
Dirigindo-se aos jovens presentes, Francisco observou que “este tempo de estudo não é só um direito, mas um privilégio que tendes”, chamando então a atenção para o fato dos tantos “amigos, conhecidos ou desconhecidos”, que gostariam “de ter um lugar nesta casa, mas, por várias circunstâncias, não conseguiram. Em que medida o nosso estudo nos ajuda a ser solidários com eles?”, questionou.
O Santo Padre ressaltou então o papel fundamental e essencial das comunidades educativas na construção da cidadania e da cultura. “Não basta realizar análises, descrições da realidade; é necessário gerar as áreas, espaços de verdadeira pesquisa, debates que gerem alternativas para as problemáticas especialmente de hoje”, exortou.
É necessário gerar espaços de verdadeira pesquisa que gerem alternativas para as problemáticas de hoje.
Perante a globalização do paradigma tecnocrático que tende a “crer que toda a aquisição de poder seja simplesmente progresso, aumento de segurança, de utilidade, de bem-estar, de força vital, de plenitude de valores, como se a realidade, o bem e a verdade desabrochassem espontaneamente do próprio poder da tecnologia e da economia”, disse o Pontífice, citando a Laudato Si:
“Nos é pedido, com urgência, que nos animemos a pensar, a debater sobre a nossa situação atual, sobre o tipo de cultura que queremos ou pretendemos não só para nós, mas também para os nossos filhos, para os nossos netos. Esta terra, recebemo-la como herança, como um dom, como um presente. Nos fará bem interrogarmo-nos: Como queremos deixá-la? Qual é a orientação, o sentido que queremos dar à existência? Com que finalidade passamos por este mundo? Para que lutamos e trabalhamos?”
As iniciativas individuais – disse Francisco - são sempre boas e fundamentais, mas nos é pedido para dar um passo mais: animar-nos a olhar a realidade organicamente e não de forma fragmentária; a fazer perguntas que nos envolvam a todos, uma vez que «tudo está interligado».
Francisco concluiu, fazendo uma invocação ao Espírito Santo, para ser “nosso mestre e companheiro de viagem”, fazendo-se um conosco para encontrarmos caminhos de vida nova”.
Fonte: Rádio Vaticano
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