A Rádio Aparecida promoveu, na noite desta segunda-feira (08), o Seminário de Educação Política com a presença do professor de Ética e Filosofia Política da Unicamp Roberto Romano.
Foto de: Michell Lima
Seminário de Educação Política reuniu 500 pessoas na UNISAL.
O evento, em parceria com o Centro Universitário Salesiano (UNISAL) em Lorena (SP), fez parte das comemorações de aniversário da Rede Aparecida de Comunicação.
De acordo com o diretor da Rádio Aparecida, padre Willian Betônio, a emissora tem tradição em promover debates e reflexões de interesse público e quer despertar o senso de cidadania, de questões contemporâneas contribuindo com a sociedade. “A Rádio Aparecida completou 63 anos de história, de formação e informação. Na sua história sempre esteve presente essa característica crítica de levar a todos os seus ouvintes um ponto de vista diferente, fazendo com que cada pessoa possa refletir a partir de grandes temas”, afirmou o diretor da Rádio Aparecida.
Roberto Romano é graduado em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Doutor em filosofia na França. É professor titular da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com experiência na área de filosofia ética e política, além de história da filosofia. É autor de vários livros, entre eles, ‘O desafio do Islã’ e ‘Moral e Ciência - a Monstruosidade no Século XVIII’.
Destacando a temática da ‘Ética e democracia’, Roberto Romano começou sua reflexão questionando aos presentes no Auditório da UNISAL sobre a origem do termo política. “Como todos sabem está ligado a ‘polis’, a cidade e foi inventado na Grécia como uma atividade para administrar a cidade”.
Professor Roberto citou textos de Platão, filósofo e matemático do período clássico da Grécia antiga, fazendo referência a um Estado que só será forte se as dores e alegrias dos indivíduos forem as dores e alegrias do coletivo. “Não adianta os indivíduos serem felizes se o coletivo não é feliz. Não existe fortaleza na cidade. É necessária essa harmonia, esse vínculo entre a experiência individual e a experiência coletiva”.
Para Romano, a isto está ligado ao fato de que todos somos seres mistos, nem totalmente bons. “Administrar o ódio, a inveja, a antipatia, o autoritarismo, arrogância é um trabalho extremamente difícil. Isso se chama política. Você não pode entrar na vida politica ignorando o que essas forças estarão impulsionando o tempo todo”.
[Ouça também a entrevista que a Rádio Aparecida gravou com o especialista]
Quanto à questão da ética, Roberto Romano destacou que esta é uma descrição e uma tentativa de compreensão de todos os comportamento humanos relativos a valores. “Você pode ter uma ética péssima que é reiterada coletivamente, sem que as pessoas se deem conta. A ética é justamente aquele conjunto de atitudes corporais e mentais que você aprendeu em determinado momento e faz repetidamente”, afirmou.
Para o professor de filosofia, um ponto fundamental é que as pessoas aprendem e reproduzem os comportamentos automaticamente. “A invenção da palavra ética está ligada a um termo grego chamado ‘hexis’. “Toda essa formação política tem que ser realista e também tem que ter apelo aos valores. Tem que ser realista, pois temos que identificar os costumes e a ética de uma sociedade para saber como ela funciona. Em uma sociedade onde impera o favor, onde impera o preconceito, onde existem minorias perseguidas, uma sociedade assim não pode ter uma ética notável”, completou.
Segundo o professor, todos carregaram a possibilidade de produzir vínculos, produzir amizade, de produzir amor, mas todos podem ser extremamente violentos ou impulsivos. “A política é justamente a arte de administrar essa docilidade e essa vontade. Nós precisamos antes de tudo chegar a esse equilíbrio”, encerrou.
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