Leia MaisAcolhida, fé e memória sustentam o Arsenal da EsperançaPassamos pela capela. Pequena, ventilada, e com bancos simples. Nela, um sacrário único, feito a partir de um forno de armas trazido do Arsenal da Paz, de Turim, na Itália.
Acima do sacrário, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida “observa”, como se estivesse zelando quem por ali passa e recorre. “Me sinto muito bem aqui. Fico tranquilo, me dá muita paz”, disse um jovem que rezava, enquanto outros tomavam sol, conversam entre si, liam ou mexiam no celular.
A presença do celular é tão vívida que levou à coordenação do Arsenal a instalar Wi-Fi pelo espaço e placas com carregadores pelos seis dormitórios.
E seguindo na jornada, passamos pelo salão Vida Fraterna, centro médico, quadra poliesportiva — naquele momento vazia — e por diversas salas para cursos e atividades coletivas, até chegarmos à biblioteca, com um acervo com mais de 5.000 títulos. E foi ali, entre livros, que conversei com um “morador” do Arsenal: Leonardo Oliveira Santos, 39 anos, natural da Mooca, ali mesmo. É o que lhe disseram.
Leonardo se comunica com energia. Conta sua história sem desviar o olhar. “Eu já nasci com a pá virada. Quando meu pai e minha mãe morreram, começaram vários conflitos, então dei tchau para todo mundo e fui para a rua, porque tive muitas decepções na vida. Tem coisas que só Deus para perdoar, eu não”, desabafou, fazendo longos silêncios e secando o rosto, disfarçando o choro.
Na primeira noite que passou no centro de São Paulo, dormiu no Pátio do Colégio. “Eu fiz uma cabana, e só ouvi as pessoas falando e parece que me atacando, é um 'bagulho' meio espiritual, sabe? Só senti a rua me abraçando. A partir daí, roubei marmita, conheci a droga e comecei a traficar”.
Ele traz o nome da filha Jéssica tatuado no braço, mas há mais de 15 anos não fala com ela, tampouco sabe onde ela vive. O que sabe mesmo é de saudade. Sente e sofre a saudade dos pais e de amigos que fez pela rua. “Eu tomava corote, aquilo é água benta para quem está na rua, mata a saudade na hora”.
Leia MaisArsenal da Esperança: uma cidadela do bemRelatório publicado pela Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad) revelou que 63,7% dos frequentadores da Cracolândia em São Paulo consomem álcool, contra 78,9% que fazem o uso de crack. As duas substâncias costumam inclusive serem usadas juntas, de acordo com o observado pelos pesquisadores do departamento, que pertence à Universidade Federal de São Paulo (…)
Ainda segundo o relatório, em relação a outras drogas, o álcool tem a “vantagem” atrativa do preço. Enquanto uma pedra de crack custa cerca de R$ 20, uma garrafinha de 500ml de corote sai a R$ 3.
No Arsenal, Leonardo dorme no prédio 17. Acorda por volta das 5h30, na primeira chamada, lava o rosto e vai tomar o café da manhã. Sai para “fazer um trampo”, volta por volta das 16h, janta e dorme.
“O que me ajuda aqui no Arsenal é poder dormir em paz e ler. Aqui na biblioteca eu fico quietinho. O último livro que li foi o Cartas da Humanidade [editora Geração]. É muito da hora ler e fazer teatro. A sensação do teatro é melhor que a da droga, é um barato assim que nem sei explicar”, disse animado, segurando orgulhoso o livro.
:: Esta é a última parte da reportagem especial sobre o Arsenal da Esperança.
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