Por João Antônio Johas Leão Em Espiritualidade

A Hierarquia como serviço

Depois de sua profissão de fé, São Pedro escuta de Jesus aquelas famosas palavras nas quais se evidencia o seu primado no colégio apostólico, ou seja, o seu posto de serviço como o Vigário de Cristo, o nosso Papa. Essas são as palavras de Jesus: “Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus: o que ligares sobre a terra, será ligado nos céus; e o que desligares sobre a terra, será desligado nos céus” (Mt 19,16).

sao_pedro_roma

Mas falar de Hierarquia hoje pode ser um pouco difícil, porque acreditar na autoridade hierárquica como um lugar de serviço pode ser complicado por conta das experiências que temos de falta de testemunho dos poderes seculares e também da má utilização desse posto de serviço por alguns membros da Igreja.

No entanto, o panorama de fundo é bem claro para nós. Jesus, “depois da ressurreição entregou a Igreja a Pedro para que a apascentasse (Jo. 21,17), confiando também a ele e aos demais Apóstolos a sua difusão e governo (cfr. Mt. 28,18 ss.), e erigindo-a para sempre em 'coluna e fundamento da verdade' (I Tim. 3,5)” (Lumen Gentium 8). Ou seja, embora todos sejamos o Povo de Deus, alguns membros desse povo são escolhidos para guiar-nos pelos caminhos de Deus.

 

No dia 22 de fevereiro a Igreja celebra a Cátedra de Pedro."Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja".

O Catecismo da Igreja nos apresenta de modo muito interessante como devemos entender tudo isso. Ele diz: “Entre todos os fiéis de Cristo, por sua regeneração em Cristo, vigora, no que se refere à dignidade e à atividade, uma verdadeira igualdade, pela qual todos, segundo a condição e os múnus próprios de cada um, cooperam na construção do Corpo de Cristo”. Em outras palavras, todos somos importantes, cada um respondendo a sua vocação, na realização da missão de Jesus. Se existem diferenças, elas estão para servir à unidade e à missão da Igreja.

E essas diferenças são evidentes. Os sacerdotes (Bispos, presbíteros e diáconos), que são o que chamamos de hierarquia da Igreja, precisam trabalhar em conjunto com os religiosos, consagrados, casais e leigos para a construção do reino de Deus. Isso sempre esteve presente na Igreja, mas depois do Concílio Vaticano II a importância dessa cooperação se está fazendo cada vez mais explícita.

Se olhamos para o Papa Francisco podemos ver como ele se esforça por mostrar que o seu posto é um lugar de serviço aos demais. Aos sacerdotes de Roma ele disse: “Somos servidores, não príncipes”. O que, por um lado, mostra que pode haver essa confusão, mas que, por outro, ele está insistindo na necessidade do serviço da hierarquia. Sobre o ser Papa, ele disse que não é ser uma estrela, mas o “servo dos servos de Deus”.

Entendida dessa maneira, longe de ser vista como uma imposição ou uma injustiça, a hierarquia se torna a maneira como Cristo continua guiando seu povo em direção à Pátria Celeste, ao encontro definitivo com Deus, sempre contando com a cooperação de todo o povo de Deus. E se experimentamos que alguma vez se utilizou mal desse posto de serviço, cabe a nós não generalizar e não perder de vista a bondade daquilo que é parte do Plano de Deus e rezar para que a Igreja seja cada vez mais parecida com a que Jesus espera.

João colunista assinatura

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por João Antônio Johas Leão, em Espiritualidade

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...