Vigora no seio da nossa cultura cosmopolita mundial que se conhece com o nome de globalização, a tendência de desconhecer e até contestar o direito da Igreja em tratar a questão social. O velho laicismo liberal queria excluí-la do espaço público e o novo laicismo de corte ateu e materialista a condenar a irrelevância e a insignificância. No entanto a Igreja é portadora de uma Boa Nova para a sociedade. O Reino de Jesus não está só dentro de nós mas no meio de nós, gera a esperança de fazer acontecer cada momento de muitas relações mais plenamente humanas.
"A vida cristã é fermento transformador, catalisador de mudanças na linha da plenitude e da libertação da pessoa humana, senão seria um embuste e uma piedosa alienação".
A Igreja mestra em humanidade e peregrina sabe que o homem e o caminho é a meta da salvação anunciada por Cristo. Salvação integral que envolve toda a pessoa e todas as pessoas. Por isso, a evangelização está intrinsecamente ligada a justiça, a promoção da dignidade da pessoa humana e a defesa de seus direitos fundamentais.
A fé em ação se chama caridade e a caridade em ação se chama serviço, sempre afirmava a Bem Aventurada Teresa de Calcutá. Uma fé sem obras, sem compromisso, sem superação das injustiças é uma fé morta. A vida cristã é fermento transformador, catalisador de mudanças na linha da plenitude e da libertação da pessoa humana, senão seria um embuste e uma piedosa alienação.
Com isto não esquecemos a perspectiva escatológica, a abertura para a consumação da história na parusia; mas deve ficar claro que a vida eterna, plena e abundante já começou e tem que se verificar em sinais visíveis e transparentes da ressurreição, da fraternidade e amor reconciliado na justiça e no perdão.
"Neste momento crucial da história humana não há mais possibilidade para uma nova arca de Noé".
Por isso, os cristãos vão ao encontro dos pobres para com eles e como eles, construir uma humanidade nova, sem excluídos, para celebrar integralmente com todos(as) o banquete do Reino. A questão social hoje, interliga três agendas: a agenda azul da paz e do diálogo, a agenda marrom da pobreza e da miséria e a agenda verde da preservação do planeta. Somos desafiados a uma justiça maior que a espécie humana, uma justiça ambiental e climática, que garanta a todos os seres vivos a conviviabilidade harmônica na casa comum da Mãe Terra.
Caberá aos cristãos e em especial, a Igreja Católica, serva e mestra da humanidade, anunciar uma globalização alternativa: a globalização da esperança e da solidariedade. Neste momento crucial da história humana não há mais possibilidade para uma nova arca de Noé, ou somos capazes de derrotar a barbárie e a violência com a civilização do amor, da simplicidade e da partilha ou sucumbiremos todos. Somos convidados a converter-nos a uma vida mais simples e equitativa que espelhe as bem aventuranças, que nos ajude a instaurar na terra a cultura do bem viver e do bem conviver, onde caibam todos os povos e nações, e toda a vida seja sagrada e respeitada. Deus seja louvado!
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
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