Espiritualidade

Conservemo-nos firmemente apegados à esperança que nos leva à Luz

Joana Darc Venancio (Redação A12)

Escrito por Joana Darc Venancio

22 DEZ 2020 - 08H47 (Atualizada em 22 DEZ 2020 - 11H07)

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Jesus é a Luz! O Natal é a festa da Luz, da renovação da esperança. A Esperança nos convoca à vida e quem crê nesta verdade não se acostuma com as trevas. A Esperança ilumina, conforta, acalma, anima, fortalece, encoraja. "Porque pela esperança é que fomos salvos" (Rm 8,24).

Quando nos sentimos fragilizados, sem força para caminhar, é a esperança que nos impulsiona e nos enche da certeza de que o amor de Deus é infinito e contínuo. "Conservemo-nos firmemente apegados à nossa esperança, porque é fiel aquele cuja promessa aguardamos" (Hb 10,23). A esperança nos faz caminhar em busca da Luz, assim como os três Reis Magos caminharam em busca do Menino Jesus. Ao longo do caminho tiveram que dissipar as trevas e driblar Herodes que queria matar o Menino Jesus. Os Magos não desistiram, mantiveram a esperança e foram ao encontro da Luz.

A ausência da esperança se traduz em desespero e presunção. O desespero nos envolve quando deixamos de esperar de Deus a nossa salvação e socorro. (cf. CIC 9091). Quando nos opomos à sua bondade, justiça e misericórdia somos impulsionados pela presunção, que pode ser traduzida por muitos adjetivos e todos levam à ideia da vaidade, da sensação de grandeza e do reconhecimento de nos bastar em nós mesmos. A presunção nos faz esperar a salvação sem a ajuda de Deus ou esperando obter o perdão sem conversão e a glória sem a merecer (cf. CIC 2092). Não é esse exatamente o pecado contra o Espírito Santo, do qual nos adverte o próprio Cristo!?

Leia MaisOrientações para viver bem a espiritualidade do Natal em casa Símbolos cristãos educam sobre a verdadeira essência do NatalA pedagogia do presépioE o exemplo dos três Reis Magos mais uma vez nos faz pensar, pois não se bastaram na realeza terrena e nem na vaidade de sua sabedoria, mas seguiram em frente pressurosos e cheios de júbilo ao encontro do verdadeiro Rei, a verdadeira Luz.

A esperança é uma das três virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade. Uma complementa a outra e cada uma é essencial à vida do Cristão. As virtudes são condições comportamentais que nos fazem fazer o bem e evitar o mal. Elas nos fazem permanecer na Luz. Virtudes que nos aproximam dos sentidos profundos de nossa fé e nos ajudam a praticar as demais virtudes. Ensina o Catecismo da Igreja:

A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade (cf. CIC 1818).

Desde a gestação somos esperados. Esperamos o dia do aniversário, esperamos o dia de encontrar quem amamos, esperamos a sonhada formatura, esperamos o dia do casamento, esperamos o pagamento da última prestação de um bem adquirido... São tantas esperas que não nos deixam desanimar, que alimentam nossos sonhos, que alimentam os sentidos de nossa existência, mas não podemos nos esquecer que acima de tudo, a esperança que é a expressão da fé. Bento XVI, hoje amado Papa Emérito, na Encíclica à Esperança: SPE SALVI, (É na esperança que fomos salvos), em um dos trechos ele diz:

Mais ainda: precisamos das esperanças – menores ou maiores – que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas, sem a grande esperança que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir. Precisamente o ser gratificado com um dom faz parte da esperança. Deus é o fundamento da esperança – não um deus qualquer, mas aquele Deus que possui um rosto humano e que nos amou até ao fim: cada indivíduo e a humanidade no seu conjunto. O seu reino não é um além imaginário, colocado num futuro que nunca mais chega; o seu reino está presente onde Ele é amado e onde o seu amor nos alcança. Somente o seu amor nos dá a possibilidade de perseverar com toda a sobriedade dia após dia, sem perder o ardor da esperança, num mundo que, por sua natureza, é imperfeito (31).

O Cristão, pela esperança, alimenta a certeza de que a luz dissipa as trevas. Por mais que passemos por sofrimentos, turbulências, angústias e decepções, a esperança jamais permitirá o desânimo e o desespero, pois ela é maior do que qualquer dificuldade. A esperança é a marca de nosso Batismo quando recebemos a marcados "pelo sinal da fé... à espera da visão feliz de Deus - consumação da fé - e na esperança da ressurreição” (cf. CIC 1274). Sendo marcados com o Sinal da Fé recebemos o legado da esperança que sempre nos faz caminhar ao encontro da Luz. Também devemos ser, para os que estão nos seus momentos de trevas, sinais luminosos para que também possam caminhar em busca da verdadeira e definitiva Luz. "O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; sobre aqueles que habitavam uma região tenebrosa resplandeceu uma luz" (Is 9,2).

Assim, “privada da esperança e do amor, a fé não une plenamente o fiel a Cristo, nem faz dele um membro vivo do seu corpo” (cf. CIC 1815). A esperança deve nos mover e nos fazer superar o desânimo, o desalento e o esmorecimento. “Guardemos inabalável a confissão da esperança, pois Aquele que prometeu é fiel” (Hb 10,23).


Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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