Por Redação A12 Em Espiritualidade

Conversão: Responder ao amor misericordioso de Deus

Jesus “fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza” (cf. 2Cor  8,9).

mudança oração

Estamos em plena Quaresma, tempo favorável para a conversão e mudança de vida: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (2Cor 6,2b).

O Papa Francisco, na sua Mensagem para a Quaresma deste ano, oferece-nos preciosas pistas para o caminho pessoal, comunitário e social de conversão. Como motivo inspirador de sua Mensagem, o Papa escolheu a seguinte frase da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios: Jesus “fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza” (2Cor 8,9).

Pelo Mistério da Encarnação, Jesus Cristo, “o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximando-se de cada um de nós; despojou-se, ‘esvaziou-se’, para Se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fl 2,7; Hb 4,15)”. Numa frase contundente, São Paulo assim expressa este amor infinito de Deus em seu Filho pela humanidade: “Aquele que não cometeu pecado, Deus o fez pecado por nós” (2Cor 5,21), para que nele tenhamos o perdão e a reconciliação.

 

"Este é o grande apelo da Quaresma: acabar com a nossa miséria material, moral e espiritual, a fim de experimentarmos a alegria de sermos perdoados pelo amor de Deus".  

O Papa Francisco pergunta: “Em que consiste então esta pobreza com a qual Jesus nos liberta e torna ricos? É precisamente o seu modo de nos amar, o seu aproximar-Se de nós como fez o Bom Samaritano com o homem abandonado meio morto na beira da estrada (cf. Lc 10,25-37). Aquilo que nos dá verdadeira liberdade, verdadeira salvação e verdadeira felicidade é o seu amor de compaixão, de ternura e de partilha. A pobreza de Cristo, que nos enriquece, é Ele fazer-Se carne, tomar sobre Si as nossas fraquezas, os nossos pecados, comunicando-nos a misericórdia infinita de Deus. A pobreza de Cristo é a maior riqueza”.

Queridos irmãos e irmãs: este é o grande apelo da Quaresma: acabar com a nossa miséria material, moral e espiritual, a fim de experimentarmos a alegria de sermos perdoados pelo amor de Deus. Se nós somos criaturas saídas das mãos amorosas do Pai, porém, devemos confessar, humilde e sinceramente, que todos nós erramos e pecamos. Como diz o apóstolo João: “Se dissermos que não temos pecado, estamos enganando a nós mesmos, e a verdade não está em nós” (1Jo 1,8).

Dentro da temática da Campanha da Fraternidade deste ano (Tema: “Fraternidade e Tráfico Humano”), devemos pedir perdão a Deus pela chaga social do tráfico das pessoas humanas, por todas as vezes que somos omissos e indiferentes diante deste mal que aflige a nossa sociedade. Quantos se deixam subjugar pelo álcool, pela droga, pelo jogo, pela pornografia! Se, pois, examinamos a vida das nossas famílias, quantas vezes aí reinam a discórdia, a infidelidade, a prepotência, a falta de diálogo! Quantas crianças e adolescentes sem voz! Quantos idosos sem lugar! Quantos ataques aos valores fundamentais do tecido familiar e da própria convivência social! Também no que diz respeito à nossa fé vivida em comunidade: são tantas as vezes que não contribuímos para tornar nossa Igreja uma verdadeira família de discípulos missionários do Senhor Jesus!

Sim, meus irmãos e irmãs: precisamos de um profundo exame de consciência e, batendo no peito, dizer, de coração aberto: “Ó Deus, tem piedade de nós, conforme a tua misericórdia; no teu grande amor cancela o nosso pecado. Lava-nos de toda a nossa culpa, e purifica-nos de nosso pecado” (cf. Sl 51[50],1-2). Se muitas vezes naufragamos por causa do pecado, perdendo o verdadeiro sentido da vida, que a misericórdia de Deus venha em nosso socorro para que, em Cristo crucificado e ressuscitado, reencontremos o porto da vida e da paz (cf. Lc 15).

 

"A experiência da misericórdia de Deus é vivida particularmente no Sacramento da Confissão ou da Reconciliação".

A experiência da misericórdia de Deus é vivida particularmente no Sacramento da Confissão ou da Reconciliação. Este Sacramento nos convida à conversão, nos renova na santidade e nos reconcilia com Deus e com nossos irmãos e irmãs, pois, “não devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como consequências, por assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo, no íntimo mais profundo de seu ser, recuperando a própria verdade interior; reconcilia-se com os irmãos que, de alguma maneira, ofendeu e feriu; reconcilia-se com a Igreja; e reconcilia-se com toda a criação” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1469b).

Durante este tempo de Quaresma, muitas das nossas comunidades organizam celebrações penitenciais em preparação ao Mistério da Páscoa que se aproxima, quando vários sacerdotes se dispõem para atender a confissão dos penitentes. Quando participamos do Sacramento da Confissão, como é salutar e enriquecedor ouvir a voz do Pai que nos diz: “Este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado!” (Lc 15,24).

Peçamos que a graça do Espírito Santo fortaleça nossos propósitos para mudar de vida e deixar que a graça de Deus que é derramada em nós no Sacramento da Confissão não seja recebida em vão (cf. 2Cor6,1). Que Deus nos torne misericordiosos e agentes de misericórdia.

Queridos irmãos e irmãs: suplico ao Bom Deus que cada um e cada uma de nós percorra frutuosamente o itinerário quaresmal, libertando-nos do pecado e vivendo plenamente “a liberdade para qual Cristo nos libertou” (cf. Gl 5,1). 

 

Dom Vicente Costa

Dom Vicente Costa 

Diocese de Jundiaí (SP)

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