No Brasil, em praticamente todos os finais de semana, a Igreja Católica realiza algumas dezenas de eventos de massa ou que possuem algum significado religioso ou cultural relevante para o nosso povo.
Muitos deles, por sua importância regional ou nacional, acabam se tornando notícia nos veículos de comunicação. Porém, há eventos que ficam de fora da pauta das redações.
Vivemos no país do futebol, e também no país da fé. O Brasil é o maior país católico do mundo e uma das culturas mais religiosas do planeta. No entanto, o mesmo jornalismo que oferece grande espaço para o esporte, política e economia, por exemplo, cada vez mais deixa de investir e apostar na cobertura especializada no campo religioso.
É perceptível que as redações pouco se preparam para a cobertura da fé. São contadas nos dedos as redações que possuem jornalistas dedicados exclusivamente à cobertura religiosa. Sem contar as redações dos veículos católicos ou evangélicos, são raras as iniciativas neste campo.
Os motivos sugestivos que poderiam explicar essa lacuna midiática estão aí, para os pesquisadores das universidades se debruçarem.
Sem pretensão acadêmica, algumas chaves de leitura nos são permitidas. Seria a falta de retorno econômico que faz com que as redações não se interessem por essa temática?
Seria um tipo de “ateísmo” intelectual capaz de fazer com que alguns jornalistas coloquem de lado as pautas religiosas? Ou a falta de conhecimento das experiências de fé seria este fator contributivo para a pouca cobertura especializada?
Para fazer cobertura religiosa, o jornalista não precisa, necessariamente, ser religioso; mas é fundamental que ele tenha mínima formação sobre cultura religiosa e compreensão do sentimento que o povo possui pelas questões espirituais.
O caminho para este encontro entre um público que consome informação religiosa e as redações que pouco oferecem conteúdo nesse campo seria o da formação para uma comunicação religiosa, que deve ser pautada não no proselitismo, mas sim na informação respeitosa e profunda.
Como em todos os segmentos, o consumidor de informação religiosa não aceita mais receber conteúdo superficial, parcial e preconceituoso.
Por fim, um elemento necessário para quem quer trabalhar ou já trabalha com cobertura religiosa é a compreensão da urgente sociologia do ecumenismo e do diálogo inter-religioso. Isso para que, acima de qualquer notícia, haja o respeito pelos que olham a fé com lentes diferentes.
Everton Barbosa é jornalista especialista em teologia bíblica pela PUC-PR.
facebook.com/EvertonBastaziniBarbosa
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