Certa vez, numa tarde, uma jovem senhora, recém-casada, estava fritando bolinhos de chuva para o marido que ia chegar.
Olhando pela janela, viu que a vizinha estava vindo à sua casa. Mais que depressa, despejou os bolinhos num prato, cobriu com outro prato e pôs na prateleira de cima. Depois guardou a panela no forno do fogão e foi receber a amiga.
As duas foram para a cozinha e a vizinha sentou-se de frente à prateleira onde estavam os bolinhos. A dona da casa sentou-se do outro lado da mesa, de costas para a prateleira.
O assunto entrou nos falecidos da família. Uma descrevia, com saudades, um ente querido que morreu, e a outra fazia o mesmo.
A vizinha logo viu, pela fresta dos dois pratos, os bolinhos. Aconteceu que, sem a dona da casa ver, o gato subiu na prateleira, enfiava a patinha entre os pratos, pegava um bolinho e comia.
Então a vizinha comentou: “Pois é, comadre, a vida é assim: De um em um, vão indo todos”. O gato pegava mais um bolinho e a vizinha repetia a frase. A dona da casa, sem saber que se tratava dos bolinhos, confirmava e contava mais uma história de falecido.
Nós não podemos ser mesquinhos, especialmente com os vizinhos, pois de vez em quando um precisa do outro. E mais: De um em um, todos vamos morrer, e o que fica é o testemunho que demos e o amor que tivemos uns pelos outros.
Só o amor que praticamos uns pelos outros, passa para a outra vida. O resto, de um em um vão indo todos, e vão apagando na memória, até dos parentes.
Maria Santíssima amou tão bem a Deus e ao próximo que, mesmo depois que foi para o Céu, a sua memória perdura de geração em geração e todos a chamamos de bem-aventurada. Que ela nos ajude a nunca escondermos dos nossos vizinhos os bolinhos de chuva.
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