O carvalho convertido

No alto de um morro vivia um belo carvalho. Era esplendoroso. De tanto se autocontemplar, ele tornou-se orgulhoso. Por isso, surgiu dentro do seu tronco um nó que impedia a seiva de passar. Assim, o carvalho foi ficando cada vez mais fraco.

Veio uma tempestade, com ventos fortes, e ele caiu. Mas o seu orgulho não desapareceu. Considerava-se o mais belo carvalho caído da região.

Alguns pastores o encontraram, levaram-no para casa e o transformaram em carvão, a fim de se aquecerem. E aquele carvalho, agora feito carvão, continuava orgulhoso.

Um dia, veio um senhor e pediu aos pastores um pouco de carvão para aquecer a esposa e o filhinho recém-nascido. No caminho, o carvalho, agora carvão, pensou: Enfim reconheceram a minha importância. Vou aquecer o rei.

Mas, ao chegar, percebeu que estava em um estábulo. Viu um boi, um burrinho, uma ovelha e uma mulher pobre acariciando uma criança deitada em um coxo de animais. Ficou decepcionado, desanimado, e se apagou, deixando de ser brasa e voltando a ser carvão.

O carvão foi jogado no chão e desprezado. Vieram os pastores visitar o menino e não ligaram para o carvão. Vieram os reis magos e também o desprezaram. Por fim, veio a chuva. O carvão foi levado na enxurrada, misturou-se com o barro e foi soterrado.

Só então aquele carvão percebeu sua infidelidade. Lá no fundo da terra, ele se arrependeu. Sentia saudade do tempo em que era carvalho. Fui um tolo, pensou. Agora está tudo perdido.

Passaram-se os anos, os séculos... Certo dia, um senhor, que trabalhava nas minas, o encontrou. Achou-o diferente. Levou-o para a sua casa e o lapidou. E a maravilha: Dentro dele havia algo que brilhava.

Quando chegou o tempo do Natal, aquele senhor fazia parte da equipe que devia montar o presépio. E colocou a pedra no meio da faixa que o anjo segurava, onde estava escrito: “Gloria in excelsis Deo”. Era uma linda pérola, servindo ao rei dos reis.

“Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes” (1Pd 5,5). O Senhor “derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes” (Lc 1,52).