Por Pe. Antônio Queiroz, C.Ss.R (in memoriam) Em Histórias de Vida

O cuco e a menina

Certa vez, uma menina estava andando numa floresta e ouviu um cuco. Olhou para cima e viu o pássaro voando de galho em galho, cantando alegremente. Ela disse:

- Cuco, onde é a sua casa?

- Minha casa é toda a floresta, disse ele.

- Meu avô tem um relógio de parede e dentro mora um cuco, disse a menina. Ele nunca sai de casa, apenas de hora em hora aparece na janelinha e canta.

- Pode ser verdade o que você está falando, mas aquele cuco não é real.

- O que você quer dizer com real? Perguntou a garota.

Pacientemente, o cuco explicou.

- Ele não pode voar como eu. Ele não tem amigos. Não põe ovos. Não pode amar nem sofrer. Sua canção é monótona, sem sentimento.

A menina estava confusa e disse:

- Mas não é gostoso ter uma casinha aconchegante, cantar a cada hora e merecer o cuidado e apreço das pessoas?

O cuco respondeu:

- De jeito nenhum. É melhor ser livre e cantar na hora que quiser, não só na hora certa. É melhor cuidar dos outros, em vez de ser cuidado, amado e apreciado.

Emocionada, a garotinha disse:

- Gosto de você, cuco. Por favor, venha à minha casa cantar para mim. Arrumarei uma casa bonita para você. Vou ser sua amiga e você meu amigo.

O cuco disse:

- Se você é realmente minha amiga, e se me ama, não tire minha liberdade. Deixe-me ser eu mesmo. Eu vou ao seu jardim cantar para você. Virei vê-la e dizer que a amo. Minhas visitas podem não ser regulares, mas serão mais agradáveis do que o canto do cuco do seu avô. A minha visita lhe proporcionará mais alegria do que a presença morta do cuco dentro do relógio. A nossa amizade será doce, calorosa e cheia de amor.

- Você quer dizer real? Perguntou a menina.

- Exatamente. A nossa amizade será real, livre e espontâneo.

Quando educamos uma criança, nós a ajudamos a ser livre, natural e espontânea, não a ser robô. Estes são os cidadãos que a nossa sociedade necessita no futuro. Todos precisamos de liberdade para nos tornarmos pessoas livres e reais. 

Uma vida protegida contra a dor, a tristeza e o risco, é também privada de liberdade e de alegria. O verdadeiro amor permite espontaneidade e liberdade na maneira como é dado e como é recebido.

(Fonte: Peter Ribes, sj)

Escrito por:
Padre Antônio Queiróz dos Santos (Pe. Antônio Queiroz, C.Ss.R)
Pe. Antônio Queiroz, C.Ss.R (in memoriam)

Missionário redentorista, recolheu ao longo de seu ministério centenas de histórias que falam de forma simples e popular da fé e das realidades do povo de Deus.

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