Certa vez, uma menina estava andando numa floresta e ouviu um cuco. Olhou para cima e viu o pássaro voando de galho em galho, cantando alegremente. Ela disse:
- Cuco, onde é a sua casa?
- Minha casa é toda a floresta, disse ele.
- Meu avô tem um relógio de parede e dentro mora um cuco, disse a menina. Ele nunca sai de casa, apenas de hora em hora aparece na janelinha e canta.
- Pode ser verdade o que você está falando, mas aquele cuco não é real.
- O que você quer dizer com real? Perguntou a garota.
Pacientemente, o cuco explicou.
- Ele não pode voar como eu. Ele não tem amigos. Não põe ovos. Não pode amar nem sofrer. Sua canção é monótona, sem sentimento.
A menina estava confusa e disse:
- Mas não é gostoso ter uma casinha aconchegante, cantar a cada hora e merecer o cuidado e apreço das pessoas?
O cuco respondeu:
- De jeito nenhum. É melhor ser livre e cantar na hora que quiser, não só na hora certa. É melhor cuidar dos outros, em vez de ser cuidado, amado e apreciado.
Emocionada, a garotinha disse:
- Gosto de você, cuco. Por favor, venha à minha casa cantar para mim. Arrumarei uma casa bonita para você. Vou ser sua amiga e você meu amigo.
O cuco disse:
- Se você é realmente minha amiga, e se me ama, não tire minha liberdade. Deixe-me ser eu mesmo. Eu vou ao seu jardim cantar para você. Virei vê-la e dizer que a amo. Minhas visitas podem não ser regulares, mas serão mais agradáveis do que o canto do cuco do seu avô. A minha visita lhe proporcionará mais alegria do que a presença morta do cuco dentro do relógio. A nossa amizade será doce, calorosa e cheia de amor.
- Você quer dizer real? Perguntou a menina.
- Exatamente. A nossa amizade será real, livre e espontâneo.
Quando educamos uma criança, nós a ajudamos a ser livre, natural e espontânea, não a ser robô. Estes são os cidadãos que a nossa sociedade necessita no futuro. Todos precisamos de liberdade para nos tornarmos pessoas livres e reais.
Uma vida protegida contra a dor, a tristeza e o risco, é também privada de liberdade e de alegria. O verdadeiro amor permite espontaneidade e liberdade na maneira como é dado e como é recebido.
(Fonte: Peter Ribes, sj)
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