Três meses depois da tragédia que ocorreu em Bento Rodrigues, distrito de Mariana (MG) um grupo de pessoas ligadas ao projeto "Um minuto de Sirene" lançou o jornal "A Sirene" que é feito pelos atingidos e voltado para eles. A distribuição da edição número zero do jornal "A Sirene" foi realizada no dia 05 deste mês, exatamente três meses da tragédia, durante a terceira edição do ato “Um Minuto de Sirene”.
O grupo “Um Minuto de Sirene” realiza todo dia 05 de cada mês, um ato na Praça da Sé para reviver a tragédia. O jornal foi idealizado para reforçar esse trabalho de aproximação entre as famílias atingidas e a luta pelos seus direitos destaca a integrante do grupo, Ana Cristina Maia. "A gente conseguiu se aproximar da comunidade do Bento. E a saída do jornal é muito significativa, pois ele foi todo pautado pelos atingidos. Eles fizeram e foram o objeto do jornal. Tudo o que tem no jornal foi escolha deles", ressaltou em nota no site da Arquidiocese de Mariana.
O jornal traz depoimentos dos moradores de Bento Rodrigues e de outros bairros atingidos pela barragem de rejeitos da empresa Samarco. Entre eles, o de dona Marinalva, que falou sobre o preconceito enfrentado pelas famílias atingidas. "Muitas vezes eu penso que essas pessoas queriam estar no nosso lugar agora que estamos lutando por nossos direitos e sim, vamos conquistá-los. Mas essas mesmas pessoas não conseguem se colocar no nosso lugar enquanto pessoas que perderam tudo e sofreram tudo que sofremos", disse na seçao do jornal intitulada "E se fosse com você".
Outra seção do jornal destaca a história de Ana Clara, 7 anos, que quando veio a lama, teve apenas cinco minutos para salvar algo de sua vida e escolheu salvar um livro. A edição traz ainda uma linha do tempo desde o dia 05 de novembro até o dia 05 de fevereiro, onde os moradores descrevem em palavras e depoimentos os acontecimentos que se desenrolaram depois da tragédia. O jornal conta também a pressão que os moradores sofreram com os veículos de comunicação na seção "Ser celebridade da desgraça".
A iniciativa que nasceu do grupo "Um Minuto de Sirene", conta com o apoio da Arquidiocese de Mariana, da NITRO, de alunos e professores do curso de jornalismo do ICSA/UFOP e participação do MAB. Ao todo foram distribuídos 2.000 exemplares.
Foto de: reprodução.
Capa da edição número zero.
Um minuto de Sirene
O objetivo do projeto é deixar as pessoas e as famílias atingidas juntas e alertas, fazendo assim circular informação, preservar a memória, pensar o futuro e deixar que os atingidos possam falar por si, fortalecendo a luta pelos direitos.
Padre Wander Torres da Arquidiocese de Mariana que participou dessa edição, analisa essa atividade com um ato de grande valor para a comunidade. "Eu vejo que essa atividade do 'Minuto de Sirene' ela tem um objetivo muito importante que é de recordar mensalmente a questão da barragem e dos atingidos. E ao mesmo tempo ir pensando no depois que as coisas vão acontecendo quais caminhos nós podemos construir e sobretudo pensar um novo Bento para Mariana. Uma grande questão é exatamente essa, o depois da tragédia, o que nós vamos fazer? Então a iniciativa do 'Minuto de Sirene' nos ajuda a lembrar. É um minuto, é simbólico, mas é também concreto e provocativo, para que a gente não se esqueça do que faltou no dia, que foi a comunicação pela sirene. A Arquidiocese de Mariana apoia esse trabalho em prol dos atingidos", afirmou.
Confira a íntegra do jornal:
Boleto
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