A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou ontem (24) uma nota sobre o cancelamento da viagem do cacique Babau Tupinambá ao Vaticano. Rosivaldo Ferreira dos Santos foi convidado pela CNBB para participar da missa de ação de graças pela canonização do padre José de Anchieta, que esteve presente entre o povo Tupinambá, mas seu passaporte foi suspenso pela Polícia Federal devido a quatro mandados de prisão expedidos contra ele. Em um dos mandados, é acusado de estar envolvido na morte de um pequeno agricultor, em fevereiro passado.
O texto, assinado pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, explica que o cacique viajaria ao Vaticano junto com o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis, para participar da missa presidida nesta quinta-feira (24) pelo Papa Francisco. O bispo lamentou o ocorrido: "A representação do povo Tupinambá teria um significado especial na celebração em Roma".
Nesta quinta-feira, o cacique Babau Tupinambá se entregou à Polícia Federal durante audiência unificada das comissões de Direitos Humanos da Câmara e do Senado, no Congresso Nacional, em Brasília (DF). A prisão temporária da liderança foi decretada pela Vara Criminal da Justiça Estadual de Una (BA). A Justiça Estadual de Una acusa o cacique de participação no assassinato de um pequeno agricultor Juracy José dos Santos Santana, em 10 de fevereiro deste ano.
“Tiraram nós do nosso território e agora continuamos no mesmo impasse. Estão querendo nos matar. Querendo, não, estão nos matando. Quero que este parlamento ou nos mate de uma vez ou faça alguma coisa. Daqui eu vou sair pra prisão, daqui a pouco”, disse o cacique ao chegar à Câmara Federal.
Foto de: Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados.
Na última quarta-feira, cacique Babaú tentou viajar para o Vaticano, mas o seu passaporte
foi suspenso pela Polícia Federal por quatro mandados de prisão
Leia, na íntegra, a nota da CNBB:
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB lamenta a impossibilidade da viagem ao Vaticano do índio Rosivaldo Ferreira da Silva, conhecido como cacique Babau Tupinambá.
Babau foi convidado pela CNBB para participar da missa de ação de graças pela canonização do Padre José de Anchieta, celebrada hoje, 24 de abril, na Igreja de Santo Inácio de Loyola, em Roma. A missa foi presidida pelo Papa Francisco.
O índio viajaria à Itália junto com o arcebispo de Aparecida (SP) e presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, no último dia 23. São José de Anchieta esteve entre o povo Tupinambá. O cacique Babau pretendia apresentar ao Santo Padre documentos sobre as violações dos direitos indígenas no Brasil, sobretudo com relação ao povo Tupinambá.
Com o passaporte suspenso, Babau foi impedido de viajar devido a um mandado de prisão temporária, expedido, no dia 20 de fevereiro, pelo juiz substituto da Vara Criminal de Una, na Bahia. O mandado não foi executado, tendo o cacique Babau moradia fixa.
Hoje, 24, cacique Babau participou da audiência unificada das comissões de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em Brasília, e, em seguida, apresentou-se à Polícia Federal, em Brasília.
Esperamos que as acusações sejam investigadas de modo justo, sem mais prejuízos ao povo Tupinambá, que sofre com a questão da regularização das terras no sul do Bahia.
A representação do povo Tupinambá teria um significado especial na celebração em Roma.
Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
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