O Sínodo dos Bispos para a Amazônia dedicou um amplo espaço às mulheres. Entre os padres sinodais, elas eram 35 entre religiosas, leigas, indígenas que dividiam papéis de peritas e auditoras.
A antropóloga, Moema Miranda, uma das auditoras no Sínodo reitera aquilo que o texto do Documento Final já havia apontado: o empenho da Igreja em defesa dos seus direitos, de modo especial em relação às mulheres.
“Nós mulheres estamos no caminho, seguindo, servindo, anunciando, cuidando. Tem muito tempo que a gente caminha. E é muito importante que a Igreja possa reconhecer. Nesse momento em que também a terra que se apresenta com sua face feminina, como matriz da vida, está dizendo a sua palavra que precisa mudar. É preciso reconhecer que nós mulheres estamos nas principais lutas na Amazônia pelo cuidado da Casa Comum. São as mulheres que estão defendendo os rios, as florestas, nas lutas de organização por uma economia integrada com a vida. O que a gente pede é o reconhecimento”.
Para Moema, o caminho sinodal é esse caminho de reaproximação. Para ela, o Papa Francisco escutou, acompanhou, ouviu a voz, permitiu que 35 mulheres estivessem presentes trazendo suas vozes. “Isso é uma abertura de coração e de espírito”.
A antropóloga acredita que o Sínodo foi um passo na direção do diálogo e que é importante a compreensão de que a diversidade e pluralidade somam e enriquecem.
“Na Igreja em todo o mundo, esse esforço de ser católico, ser universal tem que ser um esforço por preservar a diferenças. A Igreja acolhe na luz de Jesus, na proposta do Reino, que é um Reino inclusivo, amoroso, um Reino para que todos tenham vida e em abundância. Ele acolhe as diferenças”.
Moema completou, ainda, que a diversidade é a fonte produtora de vida e o nosso Deus é trino. “Ele já é, em Si mesmo, pluralidade; em si mesmo um Deus que se comunica. Imagine se Ele não iria querer que essa pluralidade estivesse expressa em uma Igreja Católica?”.
O desejo dos participantes do Sínodo foi de compartilhar experiências e reflexões emergidas na realidade amazônica. Moema acredita que essa troca de vivências e tanta pluralidade contribui com novos caminhos de evangelização, não somente na região Amazônia, mas em toda a Igreja.
“Uma Igreja Católica, uma Igreja de universalidade tem que ser uma Igreja em que caibam muitos mundos, um mundo em que caiba muitos mundos, e não um mundo que é uma pretensa cópia de alguma coisa que nós nunca vamos ser. A Igreja do Brasil tem um aporte a dar para a Igreja de universalidade, seja a Igreja na índia, a Igreja no Quênia, cada uma dessas Igrejas faz com que o universal da nossa Igreja seja maior, mais amplo, mais católico e que a gente possa, de fato, seguir o caminho Daquele que nos chama a todos e a todas”, completou.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.