Por Redação A12 Em Música

Um povo que aclama!

Na liturgia, o som, o canto e a música, assim como o silêncio e os demais gestos corporais - inclinar-se, olhar e ouvir, pedir perdão e louvar, proclamar, salmodiar e aclamar, enfim as expressões usadas para celebrar o acontecimento salvífico, são verdadeiros "sacramentos", porque revelam e expressam o mistério. Daí sua importância e sobretudo no caso da música, a necessidade de se usar em cada rito e momento celebrativo, o canto apropriado, que nos leve à participação plena e frutuosa no mistério celebrado. Nesse sentido a Constituição Sacrosanctum Concilium (SC 50) orienta que "em cada uma das partes da Missa apareça claramente sua índole própria e natureza específica", o que supõe que haja gestos sonoros e vocais diferenciados, expressivos e adequados a cada rito.

 

Entre as muitas expressões e gestos sonoros há as "Aclamações", indispensáveis na liturgia, porque são quase como um grito de alegria

É muito comum ver-se grupos de canto que na liturgia, especialmente na Celebração Eucarística, não fazem essa diferenciação na escolha apropriada dos cantos, bem como no modo de cantá-los. Canta-se qualquer canto, a qualquer tempo, de qualquer jeito... No entanto, o caráter do ato penitencial é diferente do hino de louvor; não se canta o Salmo responsorial do mesmo modo como se aclama o Evangelho; há que se diferenciar um canto de abertura de um canto de comunhão, e assim por diante.

Entre as muitas expressões e gestos sonoros há as "Aclamações", indispensáveis na liturgia, porque são quase como um grito de alegria, uma atitude de arrebatamento e júbilo, uma espécie de aplauso e "viva" que brota espontâneo e emocionado do coração, afirmando nossa fé. Embora breves e curtas, são carregadas de sentido, favorecendo a participação intensa do povo, como é o caso do Amém, do Aleluia, do Santo e de outras aclamações.

Vejamos as principais aclamações litúrgicas, para que conhecendo sua função, procuremos a forma adequada de executá-las, pois são essenciais à participação dos fiéis:

a) Grande Amém - é o assentimento, a assinatura, o sim solene e comprometido da assembleia, aclamação de todo o povo à doxologia no final da Oração Eucarística, feita pelo presidente da Celebração: "Por Cristo, com Cristo e em Cristo..." Deveria ser sempre cantado.

b) Aleluia - é uma aclamação-júbilo: "Louvai a Deus!", expressão da mais pura alegria e exultação, onde cabem poucas palavras, conforme Santo Agostinho, uma espécie de vocalise, palavra intraduzível do puro louvor. O júbilo é uma voz sem palavras diante do Inefável, do Verbo que nos fala, exprimindo o louvor divino: Aleluia! Por isso seja sempre cantado.

c) Santo! - é uma aclamação-hino, e como tal, um gesto de toda a assembléia, unindo a liturgia terrestre à celeste. Solene e vibrante, lírica e explosiva, como que ultrapassa tempo e espaço, fazendo ressoar com o nosso o canto dos anjos e santos do céu, conforme Isaías e o Apocalipse. Santo e Prefácio têm em comum o tema da ação de graças, mas se diferenciam no tom, no gênero musical, no ritmo e naqueles que cantam e aclamam o Senhor através do Sanctus.

 

"Feliz o povo que sabe te aclamar: ele caminhará, ó Senhor, à luz da tua face!" 

d) Saudações e diálogos - são aclamações-saudações-convites, desejos e exortações, como expressão viva e ativa da união entre o presidente e a assembléia, sendo intervenções de muita importância. "O Senhor esteja convosco" é a saudação litúrgica por excelência; ainda "A paz esteja sempre convosco", e outras...

e) Invocações e ladainhas - são o louvor de Deus e a petição humana, ação de graças e súplica, admiração e invocação, gestos fundamentais de quem crê. Tais como: Senhor, tende piedade de nós... Kyrie eleison; ladainha de todos os santos, com uma estrutura dialogal, mas conservando seu caráter aclamatório, lírico e solene.

f) Aclamações memoriais, após a narrativa da última ceia - em resposta ao anúncio do presidente: "Eis o mistério da fé!", o povo aclama solenemente, fazendo memória da páscoa de Jesus, agora de novo presente na celebração: Anunciamos, Senhor, a vossa morte... Todas as vezes que comemos deste pão... Salvador do mundo... Todas possuem grande força aclamativa.

As aclamações são sempre uma doxologia, proclamando o louvor, a ação de graças e a glória do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Que elas traduzam, pela melodia e a voz, pela solenidade, vibração e lirismo, nossa participação alegre e fecunda no mistério pascal do Senhor, lembrando o que nos diz o Salmo 89 (88):

"Feliz o povo que sabe te aclamar: ele caminhará, ó Senhor, à luz da tua face!" 

*Ir. Miria Kolling é Religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria, compositora da música litúrgica e religiosa, musicista, pedagoga, gravou mais de 30 trabalhos em LPs e CDs, como também livros sobre canto e liturgia.

 

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