A Amazônia pela Rede “Um Grito pela Vida” durante mais de dez anos assume o compromisso da prevenção ao abuso, exploração sexual e tráfico de pessoas. A Igreja de Roraima evangeliza a região desde 1725, e em 1907 foi configurada como prelazia. Desde o início, é uma Igreja que fez opção pelos povos indígenas, com alto custo, pois sempre encontrou a oposição dos fazendeiros e da sociedade local.
Esta é uma longa luta em favor dos povos indígenas que tem preparado a Igreja de Roraima para a atual luta em favor dos migrantes, que, podemos dizer, também encontram forte rejeição em boa parte da sociedade roraimense.
A missão da Comissão tem sido uma oportunidade para renovar a esperança e o compromisso com a causa do enfrentamento ao tráfico de pessoas, para uma maior incidência dentro da Igreja e na sociedade.
Para isso, se faz necessário ter dados objetivos, alargar a escuta, dar a oportunidade ao povo, aos migrantes que confiam na Igreja católica, pensar no acolhimento. Uma missão que ajudará a elaborar informes para auxiliar no trabalho pastoral da Igreja e na incidência política numa sociedade que nem sempre tem o olhar que deveria para com as vítimas do tráfico de pessoas.
“Nós viemos aqui como Igreja do Brasil, e nós vimos a necessidade de tornar a pauta do tráfico humano mais conhecida dentro da própria Igreja”, afirma o bispo de Tubarão (SC) e presidente da comissão, dom Adilson Pedro Busin.
Ele ainda lançou um desafio à presidência da CNBB e do CELAM a assumir que o tráfico de pessoas “é um problema global que tem que ser tratado de maneira global”, e ainda pediu que “o CELAM, junto com as conferências episcopais de cada país, trate o tema do tráfico humano de uma forma mais incisiva e mais envolvente, inclusive com os bispos”.
Não podemos fechar os olhos para esse problema que todos sabemos que existe. É um problema que ultrapassa fronteiras e que está cada vez mais preocupante.
“É uma questão presente dentro de cada país: a exploração sexual, a exploração de mulheres e crianças, o trabalho análogo à escravidão… Isso está em nossos países”.
O bispo ressaltou que “essa temática tem que ser tratada com mais amplitude”. E explicou que, como comissão, “fica o desafio de irmos a outra realidade, a outro estado do Brasil, mover, cutucar e provocar à imprensa local, às autoridades locais acerca desse tema”.
Para a diocese de Roraima, “ficam desafios maiores, porque nós estamos mais conscientes de toda a realidade de tráfico de pessoas e da exploração sexual, o que está interligado a muitos outros tráficos, de armas, de mercúrio para o garimpo ilegal”, afirma o bispo local, dom Evaristo Spengler.
E completou: “[é necessária] uma consciência maior, e isso leva a uma organização maior enquanto Igreja e enquanto sociedade, para um trabalho em rede”.
Fonte: Vatican News
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