O Arcebispo de Turim, Dom Roberto Repole, afirmou que a lição de Paulo VI, com a Ecclesiam suam “pode ser reatualizada no mundo de hoje”. Ele fez essa declaração em uma entrevista à mídia vaticana, durante a comemoração dos 60 anos da encíclica Ecclesiam suam, a primeira do pontificado de Paulo VI.
Ele conta que a encíclica foi escrita enquanto o Concílio Vaticano II estava ocorrendo em Roma, e que de acordo com o teólogo Karl Rahner, foi o primeiro Concílio da Igreja “sobre a Igreja”. Leia MaisOs 60 anos da Encíclica 'Pacem in Terris'
“Parece-me que o principal mérito do documento de Paulo VI foi enfocar a autoconsciência da Igreja sobre si mesma, ou seja, o fato de que ela é, antes de tudo, um mistério, que pertence ao plano salvífico de Deus para a humanidade. Ao mesmo tempo, o documento teve o mérito de destacar a missão estrutural da Igreja no mundo e o desejo de dialogar com o mundo contemporâneo, marcado por uma modernidade com relação à qual a Igreja teve algumas dificuldades no passado. Esses dois aspectos já antecipavam alguns dos principais temas de duas grandes Constituições do Vaticano II, como a Lumen gentium e a Gaudium et spes”.
Dom Roberto falou ainda sobre como o texto ajuda na experiência do Sínodo de hoje, nos auxiliando a entender a Igreja.
“Parece-me que a experiência do atual Sínodo pode proporcionar uma maior consciência do que é a Igreja, quando não se segue a fácil retórica do momento. Como eu disse, Paulo VI, na Ecclesiam suam, colocava em evidência que a consciência que a Igreja tem de si mesma é a de ser um mistério, de ter a ver com Cristo que envia seu Espírito. Em algumas passagens, o documento sublinha como há um vínculo íntimo entre Cristo e sua Igreja, sem o qual não se pode entender o que é a Igreja. Parece-me que hoje se trata de redescobrir tudo isso e que esse vínculo também sustenta os vínculos entre os vários sujeitos eclesiais, vínculos não tanto de simpatia, de forças opostas umas às outras, de visões diferentes das coisas, mas vínculos de fraternidade em Cristo, em todos os níveis. Se não fosse assim, acho que, sob o chapéu da “sinodalidade”, poderíamos colocar muitas coisas que não têm nada a ver com a natureza da Igreja”.
Quando foi questionado pela mídia vaticana a respeito de sua fala sobre a “fácil retórica do momento”, ele explica:
“Estou pensando justamente no fato de que hoje todos falam de “sinodalidade”, mas às vezes, por trás da sinodalidade, são projetadas realidades que realmente não têm nada a ver com a sinodalidade da Igreja. Em um contexto como o atual da civilização ocidental, no qual todos somos fascinados pelos direitos individuais, muito menos pelos direitos sociais, pode haver o perigo, por exemplo, de que uma mentalidade que não tem nada a ver com a sinodalidade da Igreja seja passada como sinodalidade”.
Paulo VI destaca na encíclica que a Igreja deve encontrar um equilíbrio entre se adaptar ao mundo e se isolar sem diálogo. Ele chama isso de um “compromisso muito laborioso”, e Dom Roberto explica um pouco do que a carta quis dizer.
“Parece-me que isso significa não se adaptar a uma certa mentalidade contemporânea, segundo a qual as identidades são necessariamente opostas umas às outras. Certamente é verdade que sublinhar as identidades pode levar a situações de conflito e à alienação de uma em relação à outra, mas quando isso acontece, devemos nos perguntar se o tema das identidades foi bem elaborado e se não estamos diante de uma paródia das verdadeiras identidades. A verdadeira identidade é dialógica por sua própria natureza. Ao mesmo tempo, para que haja um diálogo, deve haver uma identidade. Parece-me que na Igreja devemos recuperar essa consciência: temos uma identidade que não deriva de nós mesmos, mas do Evangelho de Cristo que somos chamados a testemunhar no mundo. Isso não nos opõe ao mundo, pelo contrário, faz com que nos sintamos a serviço da humanidade e estruturalmente em relação com todas as mulheres e homens com quem vivemos”.
Fonte: Vatican News
Por que católico não faz devocional?
O cristão católico pode fazer Devocional desde que seja seguindo a Lectio Divina, um modelo de estudo que a Igreja indica para o estudo e a reflexão.
Conheça o Santuário espanhol de Covadonga
História do templo se confunde com a origem de Portugal
Encontro Continental de Obras e Serviços Sociais Salesianos da América
O Encontro Continental Salesiano em Aparecida celebra 25 anos da RASS, discutindo projetos sociais para jovens vulneráveis. Saiba mais.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.