A tendência de cada um é buscar vantagem para si nos próprios empreendimentos. A sociedade de consumo e de mentalidade monetarista estimula o ganho a qualquer custo, sem o cumprimento fundamental da verdade, que mostra o resultado positivo de ações da pessoa para si mesma quando faz o bem ao outro. O próprio Jesus apresenta, em sua vida conosco, o ganho de quem sabe dar de si pelo bem do outros. Ao contrário, buscar benefício para si sem a hipoteca social resulta no egocentrismo, que promove a injustiça, a exclusão e a falta de paz. As conseqüências disso são danosas, mesmo para quem acumula benefícios de toda a ordem para si mesmo. Os muros e as proteções das propriedades são cada vez maiores. A solidariedade se arrefece. A segurança se torna menor. O conflito social se faz rotina. As preocupações da convivência social se avolumam. Não se dorme em paz.
Foto de: reprodução.
"O Divino Mestre ensina que, a pessoa que quer ganhar,
tem que saber dar de si pelo bem do semelhante".
No tecido social precisamos potencializar a vida digna para todos. Enquanto alguns se avantajam e tiram a possibilidade para os outros, não temos paz social. A insaciável fome pelo domínio sobre os outros leva minorias, como certas lideranças, a abocanharem o que seria de benefício para todos, devido à insaciável fome de prestígio, ganância para ser considerado o maior em dinheiro, propriedades particulares e instituições de serviço público e outros, usando o roubo, o método de levar vantagem com o “passar a perna” nos outros, a “lei do levar vantagem”, com o “fim que justifica os meios”. A ética e a moral não fazem parte de sua consciência formada pelo mau caráter. Dessa forma temos métodos de passar por cima de valores humanos e cidadãos. A sede de dominação e de fazer o próprio império é insaciável. As pessoas que fazem isso não se importam se estão destruindo a vida dos outros. Os roubos do “colarinho branco” são enormes, de modo especial em relação a alguns políticos. Com o dinheiro roubado teríamos melhor assistência à saúde, à educação, à segurança e outros benefícios sociais, com a inclusão dos deixados de lado na sociedade.
O apóstolo Paulo afirma com todas as letras: “Fazei como eu, que procuro agradar a todos em tudo, não buscando o que é vantajoso para mim mesmo, mas o que é vantajoso para todos, a fim de que sejam salvos” (1 Coríntios 10, 33). O altruismo não é próprio só de quem é cristão. Aliás, pode até uma pessoa realizar atividades religiosas, numa atitude de querer tampar o sol com a peneira, mostrando sua aparente vida de fé. Mas, se ela só o faz nessa perspectiva, não é religiosa de fato. Sua aparência religiosa é só para enganar os outros. Um pagão ou ateu pode vivenciar exemplarmente uma atitude eminentemente humana e cidadã. É claro que uma pessoa religiosa tem meios próprios para potencializar ainda mais sua postura cidadã.
"Quem é grande não é a pessoa que acumula bens, instituições, diplomas, cultura, cargos que levam à fama social e sim quem realmente colabora com a promoção do bem das pessoas e da sociedade".
O Divino Mestre ensina que, a pessoa que quer ganhar, tem que saber dar de si pelo bem do semelhante. Então, só ganha quem “perde”, ou seja, quem não olha só pelos próprios interesses. Procura sempre servir e contribuir para o bem do semelhante. Ajuda a trabalhar para causas, na comunidade, que promovam o bem de todos, mesmo com o sacrifício ou renúncia da busca de vantagens imediatas para si. Quem é grande não é a pessoa que acumula bens, instituições, diplomas, cultura, cargos que levam à fama social e sim quem realmente colabora com a promoção do bem das pessoas e da sociedade. Usa de sua grandeza de caráter e moral para dignificar sua missão de servir.
Quem marca a história é a pessoa altruísta, que faz tudo para usar seus dons e possibilidades para tornar a convivência com a sociedade mais digna, justa, solidária e fraterna. Só buscar para si mostra a fraqueza de alma da pessoa egocentrista.
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
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