Cardeal Bertone: ‘O seu Magistério foi uma janela aberta sobre a Igreja e sobre o mundo’

 O Secretário de Estado, Cardeal Tarcisio Bertone dirigiu ontem (13) na Missa da quarta-feira de Cinzas na Basílica de São Pedro uma homenagem ao Santo Padre.

Para o cardeal Bertone, o mais próximo colaborador do papa, a tristeza pela renúncia se une a um profundo respeito pela decisão do Pontífice.

“Com sentimentos de grande comoção e de profundo respeito não somente a Igreja, mas todo o mundo, soube da notícia de Sua decisão de renunciar ao ministério de Bispo de Roma, sucessor do Apóstolo Pedro”.

O Cardeal destacou que o pontificado de Bento XVI trouxe uma luz ao caminho da Igreja Católica.

“Não seríamos sinceros, Santidade, se não lhe disséssemos que nesta tarde há um véu de tristeza sobre nosso coração. Nestes anos, o seu Magistério foi uma janela aberta sobre a Igreja e sobre o mundo, que fez penetrar os raios da verdade e do amor de Deus, para dar luz e calor ao nosso caminho, também e, sobretudo, nos momentos em que as nuvens ficaram densas no céu”.

Uma nota da CNBB definiu o papa Bento XVI como o ‘Papa do Amor’ e o ‘Papa do Deus Pequeno’, e nas palavras do Cardeal Bertone, ficará marcado na história o amor que Bento XVI manifestou ao longo de seu pontificado e, agora nesse momento, ao renunciar ao cargo de sucessor de Pedro.

“Todos nós compreendemos que é exatamente o amor profundo que Vossa Santidade tem por Deus e pela Igreja lhe impulsionou a esse ato, revelando aquela pureza de ânimo, aquela fé robusta e exigente, aquela força da humildade e da mansidão, junto à uma grande coragem, que caracterizaram cada passo de Sua vida e de Seu ministério, e que podem vir somente do estar com Deus, do estar à luz da Palavra de Deus, do subir continuamente a montanha do encontro com Ele e depois descer a Cidade dos homens”.

Diante de um ato que comoveu o mundo e toda a Igreja Católica, a decisão de Bento XVI reafirma que a Igreja renasce sempre e de que o seu futuro pertence a Deus, disse Cardeal Bertone.

“Santo Padre, poucos dias atrás, com os seminaristas da sua diocese de Roma, o senhor nos deu uma lição especial, disse que sendo cristãos sabemos que o futuro é nosso, o futuro é de Deus, e que a árvore da Igreja cresce sempre de novo. A Igreja se renova sempre, renasce sempre. Servir a Igreja na firme consciência que não é nossa, mas de Deus, que não somos nós quem a construímos, mas é Ele; poder dizer-nos com verdade a palavra evangélica: ‘Somos servos inúteis. Fizemos o que deveríamos fazer’ (Lc 17, 10), confiando totalmente no Senhor, é um grande ensinamento que o senhor, mesmo com esta sofrida decisão, dá não somente a nós, Pastores da Igreja, mas a todo o povo de Deus”.

Cardeal Bertone, finalizou sua homenagem agradecendo o “luminoso” exemplo de Bento XVI.

“Obrigado por ter-nos dado o luminoso exemplo de simples e humilde servo da vinha do Senhor, um trabalhador que soube realizar em cada momento aquilo que é mais importante: levar Deus aos homens e levar os homens a Deus”.