Neste domingo (22) o Papa Francisco visitou o Santuário de Nossa Senhora de Bonária em Cagliari, na ilha italiana da Sardenha, uma região eclesiástica que possui 622 paróquias. Foi a segunda viagem do Papa na Itália, após a visita à ilha de Lampedusa, em julho.
Papa Francisco já havia comunicado a intenção de visitar o Santuário de Nossa Senhora de Bonária, Nossa Senhora dos Bons Ares, em tradução livre para português, padroeira venerada pelos navegadores de Cagliari (Itália) e de Cádis (Espanha), e que está ligada à colonização da Argentina e à fundação da capital do país, Buenos Aires, terra natal do atual Papa.
Papa Francisco chegou ao aeroporto Mario Mameli pela manhã e se encontrou com os trabalhadores que o aguardavam no Largo Carlo Felice de Cagliari. Junto aos trabalhadores, o Pontífice deixou uma mensagem de esperança para aqueles que enfrentam a crise europeia e passam pela realidade do desemprego.
“É uma realidade que conheço bem pela experiência que tive na Argentina. Conheço isso muito bem! Mas devo dizer-lhes: Coragem!”.
O Santo Padre recordou que o sofrimento que encontrou na Sardenha foi o mesmo da primeira cidade que visitou na Itália, a ilha de Lampedusa.
“A falta de emprego é um sofrimento que leva – desculpem se sou um pouco forte, mas é a verdade – a sentir-se sem dignidade! Onde não há trabalho, não há dignidade! E este não é um problema só da Sardenha, só da Itália ou de alguns países da Europa, é a consequência de uma escolha mundial, de um sistema econômico que leva a esta tragédia; um sistema econômico que tem no centro um ídolo, que se chama dinheiro”, frisou.
Por fim, o papa encorajou a todos pedindo: “Não deixem roubar a esperança!”.
Em seguida, o Papa saudou autoridades, doentes e presidiu a Santa Missa diante do Santuário. Ao final da celebração, o Papa rezou o Angelus, como de costume aos domingos. À tarde, Francisco almoçou com bispos da diocese italiana e depois se encontrou com pobres e detentos na Catedral.
Na Catedral de Cagliari, junto a 120 pobres e 37 presos, o Papa Francisco notou a fadiga e a esperança em seus rostos. “Todos nós temos misérias e fragilidades. Ninguém é melhor do que outro. Todos somos iguais diante de Deus. E olhando Jesus, vemos que ele escolheu o caminho da humildade e do serviço.”
Ao final de seu discurso, advertiu dizendo que a caridade é mais do que mero assistencialismo. “A caridade não é assistencialismo, é uma escolha de vida, um modo de ser”, e criticou a arrogância que, às vezes, se usa no serviço aos pobres, para alimentar a própria vaidade. “Isso é pecado grave, seria melhor se essas pessoas ficassem em casa”.
Após esse encontro, Francisco participou de uma Aula Magna da Pontifícia Faculdade de Teologia da Sardenha. Junto aos acadêmicos, o Papa frisou a crise financeira pela qual passa toda a região, e sobre outros aspectos que contrastam a realidade da população mundial, como a deterioração do meio ambiente, a desigualdade social e a proliferação de armas, e enfatizou que a estagnação não deve prevalecer nessas questões.
“Diante da crise, pode haver a resignação. Esta concepção pessimista da liberdade humana e dos processos históricos leva uma espécie de paralisação da inteligência e da vontade. Algo como fez Pilatos, de ‘lavar-se as mãos’. Uma atitude que aparece pragmática, mas que ignora o grito de justiça, de humanidade e de responsabilidade social e leva ao individualismo, à hipocrisia, para não falar de uma espécie de cinismo”, e pediu que diante dessa realidade, a universidade possa ser sinal de discernimento, proximidade e de formação da solidariedade e lugar onde se cultiva a esperança.
A visita do Santo Padre finalizou no encontro com os jovens no Largo Carlo Felice de Cagliari. Aos jovens, o Santo Padre pediu que mantenham a esperança diante dos projetos que não deram certo. “Há a ameaça da lamentação e quando tudo parece estagnante quando os problemas pessoais nos inquietam, as dificuldades sociais não encontram as respostas devidas, não é bom desistir”.
“Eu não venho aqui para vender uma ilusão. Mas venho para dizer que existe uma pessoa que pode levá-lo avante. Confie Nele. É Jesus e Jesus não é uma ilusão”, disse aos jovens.
“Também os jovens são chamados a se tornarem ‘pescador de homens’. Tenham a coragem de ir contra a corrente, sem se deixar levar pelas correntes. Encontrar Jesus Cristo, experimentar o seu amor e a sua misericórdia é a maior aventura, e a mais bela, que pode acontecer a uma pessoa”.
Por fim, o Papa partiu de Cagliari para o Aeroporto de Roma, onde chegaria no inicio da noite.
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