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Santuários: espaços oportunos de missão permanente

Informativo CERESP é Notícia 

Santuários: Espaços Oportunos de Missão Permanente

Seria da nossa parte um ato de pura imprudência negar, ou subestimar, as vertiginosas mudanças que a modernidade fluida tem provocado no mundo onde vivemos. Os mais variados aspectos da nossa vida encontram- se afetados pela transição. Isso exige de cada um de nós, um autêntico despertar da consciência para melhor saber lidar com a expansão e autonomia individuais. O mundo está mudando. É preciso entender melhor sua lógica funcional, para que possamos nele agir, levando sempre em consideração a emancipação, a individualidade, o tempo e o espaço.

A “modernidade líquida”, como afirma Zygmunt Bauman, coloca a identidade em um processo de transformação que provoca fenômenos como a crise do multiculturalismo, o “fundamentalismo islâmico ou as comunidades virtuais da Internet”. Nela proliferam os fenômenos e as crises de identidade, que precisam ser contemplados com uma “reflexão mais adaptada à dinâmica do transitório que se impõe sobre o perene”. Nesse território flutuante onde habitamos, merecem ser destacados o papel e a importância do santuário, seja ele pequeno, médio ou grande, na formação da consciência religiosa do indivíduo pós-moderno. 

O Documento de Aparecida, ao tratar a respeito do papel do santuário na sociedade fluida, reconhece-o como um espaço fecundo e saudável para o “desenvolvimento da piedade popular e um lugar de encontro com Jesus Cristo”. Conhecemos a gênesis e a importante missão dos santuários existentes no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo. Nesse tempo leve, líquido e solto, muitos são os que simplesmente afirmam que os santuários são, sobretudo, no mundo urbano, os novos e modernos espaços paroquiais. Há controvérsias. Essa mentalidade reduz e desqualifica o modus operandi dos santuários, impedindo, assim, que eles sejam vistos e compreendidos como um espaço saudável para a missão permanente.

Enquanto espaço privilegiado para a vivência da piedade popular, os santuários, como verdadeiras incubadoras, devem corroborar com o aquecimento e a dinamicidade da fé, para que ela se desenvolva de forma saudável em todos os setores da sociedade. A missão no interior dos santuários não pode ser como outrora: obtusa e à base de ferro e fogo. Ao contrário, a missão deve ir sempre ao encontro do outro diferente. Ela deve sempre respeitar os princípios e os trâmites da inculturação.

 

"Os santuários são lugares de peregrinações. Neles os pobres sentem-se mais acolhidos e respeitados". 

Os santuários são lugares de peregrinações. Neles os pobres sentem-se mais acolhidos e respeitados. Com seus cânticos religiosos, orações e promessas, eles renovam a Aliança com o Deus da vida. Mergulham na transcendência de Deus e tomam importantes decisões em suas vidas. Embora os santuários sejam vistos como espaços para as multidões, a espiritualidade vivenciada e partilhada em seus mais diversos espaços, não é uma “espiritualidade de massas”. Os santuários devem estar sempre atentos para auxiliar e evangelizar aqueles e aquelas que os procuram. Como fontes de água viva, devem colaborar com o crescimento, não somente da fé teológica, mas também da fé antropológica dos peregrinos, que, na maioria das vezes, são semelhantes às ovelhas desgarradas. Os santuários, de forma lúcida, dinâmica e criativa, devem educar os peregrinos para que eles aprendam a gostar da Bíblia e a tenham como Palavra de Deus em todos os momentos de suas vidas. Além do mais, os peregrinos nos santuários devem aprender a gostar e participar dos sacramentos, principalmente no interior de suas comunidades paroquiais. A celebração dominical da Eucaristia, por exemplo, fará com que os peregrinos vivam melhor o “serviço do amor solidário”.

Na sociedade da modernidade líquida as identidades individuais e sociais encontram-se à deriva. As identidades culturais, religiosas e sexuais sofrem um acelerado processo de transformação contínua. Não raramente salta-se, impulsivamente, do perene para o transitório. Nesse contexto, os santuários passam a ser um conceito-chave para o entendimento da natureza em transformação da vida social na era da “modernidade líquida”. Os santuários, entendidos como espaços oportunos para a missão permanente, devem romper com o “meramente funcional ou burocrático”. Ao contrário, devem trazer para si a responsabilidade de formar a consciência dos peregrinos, para que eles assumam no cotidiano sua vocação como “discípulos-missionários” de Jesus Redentor.

Pe. Vinícius Ponciano
Diretor do CERESP

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