Neste mês da Copa do Mundo, quando o verde e o amarelo invadem tudo, até nosso pensamento, pus-me a imaginar: será que o futebol pode também evangelizar?
Na Sala das Promessas duas vitrinas chamam a atenção dos visitantes, sobretudo dos mais jovens. Uma delas mostra a promessa e os agradecimentos a Nossa Senhora Aparecida, chamada por ele de "Madrinha". O "Fenômeno" do futebol, Ronaldo, quando viu sua carreira ameaçada pela séria contusão no joelho, precisando ser operado, preferiu fazê-lo aqui, no Brasil. Não sem antes passar pelo Santuário e confiar a operação à sua "Madrinha", Nossa Senhora Aparecida. Mas ele não ficou só nos pedidos. Após o sucesso da operação, voltou ao Santuário para agradecer e trazer seus ex-votos: a camiseta da Seleção, com sua assinatura, seu joelho em miniatura, de cera, e a vela de sua altura, que foi colocada na Capela das Velas. Outros gestos de agradecimentos de outros jogadores, através de camisetas dos clubes brasileiros, também estão ali.
Dentre os muitos devotos, diante desta vitrina, no "Dia do Trabalho", Eduardo Peters, 23 anos, de Jaraguá do Sul, SC, disse achar que Nossa Senhora Aparecida é uma referência no esporte e na música. Que o jogador, ao trazer objetos ligados à sua atividade esportista, está trazendo sua história de vida para Nossa Senhora. Sentiu-se muito emocionado com tudo o que viu em Aparecida, nessa sua primeira visita. Sentiu como o povo precisa de religião, em todos os momentos de sua vida. Até no futebol.
Wesley, 16 anos, de Poços de Caldas, MG, acha que o jogador que reza no campo, que traz sua foto para Nossa Senhora, está passando para a torcida uma mensagem de paz, de não-violência no futebol e na vida. Isto é uma forma de evangelizar.
O jogador, ao trazer objetos ligados à sua atividade esportista, está trazendo sua história de vida para Nossa Senhora
Já Marfison, 39 anos, de São João del Rei, MG, acha errado rezar para o time ganhar. Para ele há coisas mais importantes a pedir a Nossa Senhora Aparecida. Mas seu pai, que vive no Acre, 62 anos, acha válido, sim, rezar pela Seleção, pois ela está levando para o mundo o futebol-arte do Brasil. E trazendo mais um título para nós.
A outra vitrina é a dos troféus. Faixas de Campeão e taças ostentam formas de agradecimentos de times inteiros e de jogadores em particular, como o Grafite que, há pouco tempo, após um gol memorável em favor de seu time, exibiu para a torcida uma camiseta com a estampa de Nossa Senhora Aparecida. Diante dessa vitrina, encontrei Érick da Silva Barbosa, de 22 anos, São Paulo. Érick acha que não devemos rezar para Nossa Senhora Aparecida só nas horas de aflição, mas também nas horas de alegria, e de vitórias. Acha muito bonito os jogadores oferecerem suas faixas, seus troféus para Nossa Senhora. Já seu irmão, Emerson da Silva Barbosa, com apenas 15 anos, foi além. Disse o garoto que se ele ganhasse um troféu de campeão, o guardaria para mostrar para os amigos, para os filhos. Acha que o gesto dos jogadores de entregar seus troféus para Nossa Senhora Aparecida está demonstrando um grande desprendimento, um grande amor a ela.
Everton Carlos Escobar Silva afirmou rezar quando seu time está jogando. Chega até a acender vela porque, se não ajuda, também não atrapalha.
Rezar ajuda, sim. Já vi uma bicheira inteira se desprender da pata de um animal, pela reza de um só, imagine mais de cem milhões pedindo pelo nosso time. Pensamento positivo nosso e garra dos jogadores é o que precisa, diz seu Ricardo Tadeu, de Guarulhos, SP.
Os jogadores evangélicos estão sempre louvando ao Senhor por seus gols. Isto é uma forma de testemunharem sua fé. Mas os nossos, os jogadores católicos, à sua maneira, se benzem ao entrar no campo, ao fazer um belo gol. Há um goleiro que fazia o Sinal da Cruz várias vezes, embaixo da trave. É uma maneira de dizer à torcida: "Olha, também tenho uma religião. Sou católico, viu?"
Há gestos que "pregam" por si. Como o de Émerson quando, ao receber a taça de campeão do mundo, em 2002, entre luzes, testemunhou seu amor pela esposa e pela favela onde nasceu, dedicando a ambas a sua vitória. Sem nos esquecer daqueles jogadores que aplicam parte da fortuna que recebem na educação de menores carentes.
Demonstrar gratidão é também uma forma de evangelizar.
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