Por Santuário Nacional Em Notícias Atualizada em 04 DEZ 2018 - 09H14

Reflexão do mês de dezembro: A Igreja, lugar de diálogo


Vivemos num mundo onde a intolerância está cada vez mais presente entre as pessoas, grupos, países, etc. Portanto, construir a paz, em meio aos turbilhões de conflitos, é a missão dos cristãos. Desvestir a roupagem da discriminação do diferente é a tarefa que o mundo pede neste momento de nossa história, para que possamos continuar existindo como seres humanos e, mais, como filhos e filhas de Deus. Restaurar a nossa identidade de ser imagem e semelhança do Criador, para que possamos crescer e multiplicar. Embora não seja tarefa fácil, é possível desarmar os espíritos exaltados.

A exemplo de nossos primeiros pais (Adão e Eva), também fomos seduzidos pela serpente. Eles queriam ser deuses, nós nos consideramos deuses. As conquistas científicas levaram a humanidade a um tamanho grau de segurança no seu saber, que muitos acham não precisar do saber alheio; o desenvolvimento tecnológico nos proporcionou tanto bem-estar material, a ponto de esquecermos que não somos apenas corpo. Hoje, em qualquer lugar do mundo, se pode falar com alguém que está a milhares de quilômetros, vendo a pessoa com quem se fala. Mas, infelizmente os avanços científicos e tecnológicos nos distanciaram de quem está próximo e fecharam nossos olhos para as realidades que nos cercam. Vemos e falamos com quem está longe, mas estamos cegos e mudos para os que nos rodeiam. Como povo de Deus, escolhido e enviado para ser continuador da missão de Jesus no meio do mundo, precisamos reverter este processo. É urgente redescobrir a arte de ouvir e falar.

O diálogo é a arma de combate contra a intolerância e a indiferença. Precisamos seguir os exemplos do Mestre, que acolheu aquela mulher pega em adultério, pecadora pública que a lei mandava apedrejar e disse aos seus acusadores que atirasse a primeira pedra quem não tivesse pecado; que mandou Zaqueu descer da árvore e anunciou que, naquele dia, a salvação entrou na casa do publicano convertido; que, movido pela compaixão, indicou o caminho da vida eterna ao jovem rico; que por 3 vezes perguntou a Pedro se ele o amava e lhe deu a responsabilidade de cuidar do seu rebanho, etc. Aceitar as diferenças e anunciar a universalidade do Reino de Deus são princípios fundamentais para se fazer parte da Igreja cristã.

No último dia 14 de outubro, o Papa Francisco canonizou no Vaticano o Papa Paulo VI e o Arcebispo de El Salvador, Dom Oscar Romero. Duas figuras muito importantes para a Igreja Católica na segunda metade do século 20. O primeiro, por ter sido o condutor do Concílio Vaticano II, que foi um grande momento do catolicismo, porque abriu as portas e janelas para o diálogo com cristãos de outras denominações e com outras religiões. O segundo, por ter lutado até a morte na defesa dos mais pobres e excluídos, que estavam sendo massacrados no seu país. Muitos outros exemplos poderiam aqui ser citados: Madre Tereza de Calcutá, Doutora Zilda Arns, Irmã Doroty Stang, etc. Todos estes foram cristãos católicos que não excluíam as pessoas porque eram de outra igreja, religião ou cultura. Pelo contrário, aproximavam, acolhiam, dialogavam.

O Santuário Nacional recebe milhões de pessoas a cada ano. Certamente, milhares destes congregam em outras igrejas, professam outras doutrinas, acreditam em outros deuses ou são ateus. Frequentam a casa da Padroeira do Brasil porque se sentem acolhidos e renovados em sua maneira de viver a fé. Com certa frequência, essas pessoas chegam ao confessionário e se aproximam da mesa da comunhão. Por não exigir identificação dos que frequentam a sua casa, Nossa Senhora Aparecida se tornou símbolo do congraçamento de todos os brasileiros que cultivam alguma espiritualidade. A Casa da Mãe do povo brasileiro se tornou um lugar onde os filhos chegam, falam, ouvem e voltam para suas comunidades renovados pela fé.

Encerrando este ano de 2018, queremos renovar o nosso compromisso com todos os devotos e o nosso desejo de que o Santuário de Aparecida continue sendo um lugar do diálogo para todos. FELIZ 2019!

Pe. João Batista de Almeida
Reitor do Santuário Nacional

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