Todos os anos, o tempo da Quaresma – 40 dias que antecedem a Semana Santa, na qual se faz memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus – é ressaltado pela Igreja como um período de maior introspecção pessoal, revisão de vida, vivência comunitária e conversão dos pecados. Esse tempo que estamos vivendo tem sua pedagogia própria para orientar os católicos sobre os ensinamentos de Jesus e sua entrega na cruz, símbolo da salvação.

Para a Irmã Custódia Maria Cardoso, da congregação Irmãzinhas da Imaculada Conceição, e com vasta experiência na pastoral litúrgica na Igreja do Brasil, “a Quaresma foi feita para uma parada e ver aonde vamos. E uma parada também para o conhecimento da pessoa de Jesus. (...). Porque na Quaresma o importante é a conversão interior (...), é uma parada que você faz para pensar que você é gente, que as pessoas também são gente, que todas as pessoas têm dignidade, que nós precisamos abrir o nosso coração...”.

E ela completa: “Até tem um Salmo da Quaresma que fala assim: ‘O vosso coração de pedra se converterá em novo coração’. Depois fala: ‘Tirarei do vosso peito vosso coração de pedra, no lugar colocarei outro coração de carne’. São cantos que, inclusive, foram criados na Quaresma. Então, a Quaresma tem esse sentido”.

Lucas de Bem

Irmã Custódia apresenta o "Celebrar Bem", aos sábados, na TV Aparecida

A religiosa, que apresenta o “Celebrar Bem” e o quadro “Salmo, a emoção Orante” no “Jornada Bíblica”, ambos programas da TV Aparecida, comenta sobre as três práticas essenciais da Quaresma que podem estar inseridas concretamente na vida das pessoas:

“O Papa criou no século IV esse tempo quaresmal e com ele três atitudes: a ‘esmola’ como solidariedade, fraternidade, que é olhar para o irmão (...). Ele coloca a oração, que é o contato com Deus, você se dirigir à divindade, começar a pensar que você tem um espírito, uma alma humana, um sopro de Deus, que é a ânima, alma. E depois ele coloca o jejum. Por que o jejum? Por causa do abuso das pessoas que se aproveitam da comida não para se alimentar, para viver, mas, às vezes, para acumular, e o outro está ali sem comer e ele comendo demais”.

Como professora de música e liturgia, Irmã Custódia dá uma aula sobre Jesus Cristo, o personagem central de toda a história religiosa desse período vivido pelos católicos. Ela explica que o entendimento sobre o sacrifício de Jesus na cruz está profundamente relacionado ao seu amor pela humanidade.

“Quando falamos ‘A Paixão de Cristo’ – dizia para os meus alunos de música – é um amor exagerado que Jesus teve para com a humanidade. (...). Então, a Quaresma é esse tempo para a gente conhecer a vida de Cristo, o que Ele fez para nos remir. E outro ponto que precisamos abrir os olhos na Quaresma e que muita gente fala: ‘Que Deus sacrificou o seu Filho’ e morreu na cruz. Então, parece que Deus é cruel e matou o filho. Deus não matou ninguém, nem o filho dele. Jesus morre porque ele assumiu diante da inteligência dele, humana também, que devia fazer o mundo mais humano, mais fraterno e daí, então, Jesus poderia ter dito ‘não’. (...). Mas ele falou: ‘Eu cumpri a missão do Pai’, depois ele se entrega, é condenado, morto como um assassino por causa daquilo que ele pregou, por causa da bondade que ele fez”.

Com mais de 50 anos de vida religiosa, Irmã Custódia apresenta há quase dois anos na TV Aparecida o “Celebrar Bem” trazendo reflexões sobre a liturgia da missa e orientações na escolha de símbolos e cânticos. Agora, a religiosa está conversando com os telespectadores a respeito de todos os domingos da Quaresma, abordando sobre os cânticos e fazendo as reflexões da liturgia do período, além de falar sobre a Campanha da Fraternidade 2022. “Celebrar Bem” é exibido todos os sábados, às 7h45.