O Papa Francisco, no discurso de encerramento do sínodo da família, no 2º semestre do ano passado, relatou que um dos aspectos que o sínodo teve de significativo foi refletir francamente sobre a família.
Não só no Sínodo, mas a Igreja vem, em todos os meses, alimentando um contínuo aprofundamento sobre este tema.
A família, como estrutura, vem sendo questionada e novos pontos de vista começam a fazer parte deste conceito que é muito amplo, é uma ideia que hoje não conseguimos abordar em sua complexidade e extensão.
A juventude, que está na fase etária de constituir novas famílias (segundo critérios estabelecidos por nossa sociedade atual e localizada), é acusada de ser incapaz de assumir responsavelmente a formação de novas famílias, bem como se afirma que há manifestações de imaturidade afetiva e humana.
Esta ideia se apoia no crescente número de solteiros que vivem com seus pais, até os trinta e quarenta anos, com argumentos notoriamente individualistas, hedonistas e consumistas.
Será que estas críticas feitas aos jovens são adequadas? Quais propostas são feitas visando a minimizar estes efeitos?
O desejo de ser amado, de ser feliz, de ter pessoas por perto que os apoiem nas lutas diárias são desejos que todos os jovens, em todas as situações de vida, mantêm no coração. Mas o que acontece então?
Muitas respostas podem ser dadas a esta questão, mas restrinjo-me a pensar somente em um aspecto, pelas possibilidades que temos agora.
A juventude vem de uma família e constituir nova família é uma tarefa que se inspira na realidade em que se vive. Daí, cabe a pergunta:
Por que as atuais famílias não estão inspirando os jovens a constituírem novas famílias?
Será que uma resposta propositiva poderia orientar os atuais pais de jovens?
O espaço familiar deve assumir a missão de uma verdadeira educação para o amor, a afetividade e a sexualidade. Educar para o amor inclui desenvolver a capacidade de doação de seu tempo, de suas energias, de suas comodidades para que o outro seja feliz.
Esta ideia pode ser compreendida na contramão do que prega a sociedade: cada um deve lutar para ser feliz, cada um merece ser feliz. Esquece-se de dizer que a felicidade tão almejada deve ser conquistada, e muitas vezes, para alcançá-la, são necessários períodos de esforço e de sacrifícios, que em nada se parecem com a “felicidade”, como anuncia a propaganda.
Quanto estimulamos os jovens a se doarem por amor? Quanto reclamamos de qualquer coisa que fazemos em casa a favor dos outros? Quanto nos pesa abrirmos mão de nossos sonhos para ajudar outro membro da família? Quantas vezes deixamos alegremente de fazer o que desejamos para fazer o que o outro membro da família deseja?
A construção de novas famílias, a manutenção e consolidação das atuais passam por mudanças típicas da sociedade de cada época, e as reflexões que podemos fazer sobre isso é que ajudam neste processo de educação do amor.
O amor também é objeto de educação? A família também tem de ser construída? Pode parecer um paradoxo, mas somos irremediavelmente egoístas, e tais valores exigem desprendimento de nós mesmos, razões que nos sensibilizem para a importância do outro, capacidade de resistir ao embalo de nossas perspectivas humanas de felicidade. Existir só para si mesmo pode parecer garantia de ser feliz, mas todo egoísta acaba sozinho. Pode o mundo rolar, entretanto nada substitui o calor de um abraço. A família será uma caricatura, se nela os laços afetivos não forem construídos, no dia a dia, com os tijolos das dificuldades e dos contratempos.
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