Por Pe. Evaldo César de Souza, C.Ss.R. - Jornal Santuário Em Artigos

A Igreja não acredita também nos Evangelhos Apócrifos?

Olá, José Eduardo (Governador Valadares – MG), tudo em paz? Sua pergunta nos motiva a esclarecer essa que é uma dúvida de muitos católicos. Mas antes de responde-la, talvez seja bom explicar para algum desatento o que seja um “evangelho apócrifo”. Na Tradição da Igreja temos os chamados textos canônicos, ou seja, os textos que estão presentes na Bíblia tal como a conhecemos hoje. Esses textos, dos mais diversos estilos literários, e das mais diversas épocas, foram coletados ao longo de séculos, e chancelados, a partir de alguns pressupostos, como inspirados pelo Espírito Santo. Por estarem dentro do chamado “cânon” (lista) oficial da Igreja, são chamados de canônicos. Segundo Jonas Lopes, doutor em Ciências da Religião, assim explica o assunto: "O cânon foi estabelecido para unificar a fé cristã, delimitar o que era dito a respeito de Deus e seu Filho e para reforçar seus dogmas. Aqueles textos que, segundo a Igreja, não têm autoria de um apóstolo (caso dos Evangelhos) ou têm conteúdo divergente do texto bíblico, não podem ser considerados sagrados".

Já os escritos apócrifos, apesar de serem basicamente contemporâneos de muitos textos canônicos, e até conterem traços de seriedade sobre a vida e ação de Jesus e de seus apóstolos, são recheados de muitas situações fantasiosas e exageradas, que não condiziam muito com a possibilidade real da vida de Jesus e, por isso, foram descartados do cânon, ou seja, ainda que tenham valor literário, e até carreguem alguma informação interessante sobre o apostolado de Jesus, não são considerados escritos sagrados e inspirados como fonte da Revelação. A palavra “apócrifo” é de origem grega e seu significado original é aquilo que carrega “coisa escondida”. Mesmo que a Igreja não aceite a sacralidade desses textos, muitos especialistas estudam e discutem estes textos como verdadeiras riquezas históricas da literatura.

Os principais Evangelhos apócrifos são: Evangelho de Felipe, Evangelho de Judas, Evangelho da Infância de Jesus segundo Tiago e o Apocalipse de Pedro. Há também os apócrifos do Antigo Testamento. Geralmente os apócrifos inspiraram muitas ficções e estórias sobre a vida de Jesus. Um bom exemplo desse uso ficcional dos textos apócrifos é o famoso romance de Dan Brown, “O Código da Vinci”, em que o escritor utiliza muitas ideias retiradas do apócrifo Evangelho de Felipe. Mas é bom insistir: os textos apócrifos não são frutos da Revelação nem contêm validade para a formação da doutrina.

Padre Evaldo César de Souza é diretor de produção/operação da TV Aparecida

Escrito por
Padre Evaldo César Souza, C.Ss.R, diretoria da Fundação Nossa Senhora Aparecida (FNSA) (TV Aparecida)
Pe. Evaldo César de Souza, C.Ss.R. - Jornal Santuário

Jornalista e missionário redentorista

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