Por Roberto Girola Em Artigos

Filho prefere tia

Meu filho tem cinco anos e tem preferido ficar mais tempo com minha irmã a ficar comigo e com o meu marido. Temo que isso possa significar que ele gosta mais dela do que dos próprios país. Devo interferir e de que maneira? (Maria Elisa Nogueira Souza – Sorocaba-SP)

As crianças podem desenvolver um vínculo afetivo intenso com outras pessoas que não sejam os pais (avós, tios, babás etc.). Não há nada de errado nisso, ao contrário, pode ajudar a criança no plano afetivo a integrar experiências que os pais não conseguem proporcionar na relação com ela, por causa de suas características pessoais e, às vezes, por suas próprias falhas psíquicas.

Não há dúvidas, contudo, que nessas situações para os pais fica difícil vencer o sentimento de culpa e o ciúme, aceitando dividir o afeto da criança com outra pessoa. Inibir a relação por causa do ciúme ou da culpa não ajuda, apenas confunde a criança e a afasta ainda mais dos pais.

Embora não seja fácil aceitar esse tipo de “rejeição” da criança, cabe aos pais se manterem firmes em ocupar o seu lugar de pais. Nem sempre é fácil e agradável ocupar esse lugar, pois às vezes os filhos mostram “não gostar” dos pais, sobretudo quando eles inibem comportamentos inadequados ou limitam a satisfação de seus desejos por considerá-los inadequados ou até por falta de condições de oferecer a dedicação que eles solicitam.

Apesar de a reação não ser positiva, a criança precisa desse papel de “contenção” que os pais exercem e, inconscientemente, sente-se protegida pelos limites que os pais impõem. Obviamente, tios, avós, amigos e até babás podem não sentir a necessidade de “frustrar” a criança no tempo em que ficam com ela e podem tender mais a seduzi-la sendo condescendentes aos seus desejos, para incentivar o seu afeto.

Cabe aos pais avaliar se o vínculo do filho com outra pessoa é saudável ou não.

Embora possa existir algum tipo de “sedução” e a criança possa curtir esse mimo, cabe aos pais alertar as pessoas com quem a criança se vincula para situações que deseducam a criança ou que ferem os valores que eles cultivam.

A experiência clínica mostra a importância fundamental que os pais têm para o desenvolvimento psíquico da criança e o lugar especial que eles ocupam mesmo quando se mostraram inadequados. É importante que os pais confiem nesse “lugar” especial que lhes é reservado pela criança quer ela o demonstre ou não.

Roberto Girola é psicanalista e terapeuta familiar

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Roberto Girola
Roberto Girola

Psicanalista e terapeuta familiar

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